Não percebemos
Apenas para dar um sinal de resistência, queremos dizer que não percebemos porque é que tantos comentadores e até responsáveis políticos desataram, na passada sexta-feira, a dizer que o «caso Lynce-Martins da Cruz» contribuía para a degradação da «vida política» e o descrédito dos «políticos».
De facto, não percebemos que raio de reflexo condicionado é este que leva tantos a acharem que as atitudes pouco recomendáveis de dois ministros lançam o descrédito sobre «os políticos», quando os próprios acontecimentos do dia colocaram diante dos olhos de milhões de portugueses uma quantidade apreciável e pluralista de «políticos» que condenaram aquelas atitudes e foram porta-vozes de elementares padrões éticos no exercício de funções públicas. Sem que ninguém entretanto se tivesse lembrado de vir dizer que aí estava uma boa contribuição para o prestígio dos «políticos» e da «vida política».
De igual modo, também não percebemos como é que uma respeitada personalidade como o Prof. Daniel Sampaio, a cuja acção e reflexão tantos adolescentes em risco e seus angustiados pais muito devem, tenha vindo, em crónica na última revista «Xis» do «Público», juntar o seu nome à extensa galeria dos praticantes de deseducativas generalizações sobre «os dirigentes partidários» e «os deputados».
Com efeito, depois de considerar que seria «pura hipocrisia» se «muitos dirigentes partidários» tivessem marcado presença na «marcha branca», o Prof. Daniel Sampaio afirmava perguntando: «Não são eles os responsáveis pela quase ausência de uma política integrada de apoio à criança e à família, esperança nascida com a revolução de Abril e sucessivamente adiada? Não são os deputados quem poderão, se disso fizerem prioridade, legislar no sentido de proteger a maternidade, aumentar a qualidade e disponibilidade do pré-escolar, conciliar os horários da vida profissional e da vida familiar, (...)?».
E o que registamos com tristeza e inquietação é a facilidade com que assim, para além de tudo o mais que este tipo de discurso não cuida de apurar, são metidos no mesmo saco das responsabilidades ou insensibilidades os dirigentes e os deputados de partidos que há 27 anos se alternam no governo do país e nas maiorias parlamentares e os de partidos que há 27 anos não exercem responsabilidades governativas e não integram maiorias parlamentares.
Repetimos: no PCP, não nos julgamos nem santos, nem perfeitos, nem omniscientes, nem omnipotentes. Apenas preferíamos ser avaliados e julgados no concreto e não por via dos cacharoletes de generalizações que, parecendo radicais e frontais, são hoje uma das mais perversas contribuições para o conformismo e para que nada mude.
De facto, não percebemos que raio de reflexo condicionado é este que leva tantos a acharem que as atitudes pouco recomendáveis de dois ministros lançam o descrédito sobre «os políticos», quando os próprios acontecimentos do dia colocaram diante dos olhos de milhões de portugueses uma quantidade apreciável e pluralista de «políticos» que condenaram aquelas atitudes e foram porta-vozes de elementares padrões éticos no exercício de funções públicas. Sem que ninguém entretanto se tivesse lembrado de vir dizer que aí estava uma boa contribuição para o prestígio dos «políticos» e da «vida política».
De igual modo, também não percebemos como é que uma respeitada personalidade como o Prof. Daniel Sampaio, a cuja acção e reflexão tantos adolescentes em risco e seus angustiados pais muito devem, tenha vindo, em crónica na última revista «Xis» do «Público», juntar o seu nome à extensa galeria dos praticantes de deseducativas generalizações sobre «os dirigentes partidários» e «os deputados».
Com efeito, depois de considerar que seria «pura hipocrisia» se «muitos dirigentes partidários» tivessem marcado presença na «marcha branca», o Prof. Daniel Sampaio afirmava perguntando: «Não são eles os responsáveis pela quase ausência de uma política integrada de apoio à criança e à família, esperança nascida com a revolução de Abril e sucessivamente adiada? Não são os deputados quem poderão, se disso fizerem prioridade, legislar no sentido de proteger a maternidade, aumentar a qualidade e disponibilidade do pré-escolar, conciliar os horários da vida profissional e da vida familiar, (...)?».
E o que registamos com tristeza e inquietação é a facilidade com que assim, para além de tudo o mais que este tipo de discurso não cuida de apurar, são metidos no mesmo saco das responsabilidades ou insensibilidades os dirigentes e os deputados de partidos que há 27 anos se alternam no governo do país e nas maiorias parlamentares e os de partidos que há 27 anos não exercem responsabilidades governativas e não integram maiorias parlamentares.
Repetimos: no PCP, não nos julgamos nem santos, nem perfeitos, nem omniscientes, nem omnipotentes. Apenas preferíamos ser avaliados e julgados no concreto e não por via dos cacharoletes de generalizações que, parecendo radicais e frontais, são hoje uma das mais perversas contribuições para o conformismo e para que nada mude.