EUA apoiam ataque de Israel à Síria
No fecho da nossa edição, a reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU convocada pela Síria para debater o ataque de Israel, no domingo, não tinha ainda chegado a qualquer acordo.
A Síria exige uma condenação clara da agressão israelita ao seu território, mas as possibilidades de ser aprovada uma resolução nesse sentido foram goradas desde o início pela posição dos EUA.
O presidente norte-americano, Goerge W. Bush, resumiu a questão em duas frases: o governo sírio está do lado errado da «guerra contra o terrorismo» e Israel «tem o direito de se defender».
O embaixador dos EUA na ONU, John Negroponte, foi mais longe e acusou abertamente a Síria de «dar abrigo a terroristas». Presidindo à primeira parte da reunião, Negroponte colocou-se abertamente ao lado do representante israelita, Dan Gillerman, na rábula de transformar o agressor em vítima. Na óptica de Gillerman, a Síria é «cúmplice e responsável» pelo terrorismo, e a sua decisão de convocar o Conselho de Segurança «é o mesmo que os talibãs quererem discutir na ONU os ataques de 11 de Setembro».
Israel «justificou» o ataque aéreo a um campo de refugiados palestinianos na Síria como resposta ao atentado suicida de sábado, em Haifa, que matou 19 pessoas. O atentado foi reivindicado pela Jihad Islâmica, que em comunicado divulgado segunda-feira negou ter quaisquer instalações na Síria.
Para além da condenação da agressão, a Síria pretende que o Conselho de Segurança exija que Israel não leve a cabo novos ataques que podem originar uma escala de violência no Médio Oriente, de «consequências incalculáveis» e «sem precedentes» para a segurança e a estabilidade na região e no mundo.
Não é provável, no entanto, que venha a ser aprovada qualquer resolução. Para tal acontecer, o projecto teria de receber o voto favorável de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho e nenhum veto dos membros permanentes.
Condenação generalizada
Ao contrário dos EUA, e embora com diferentes gradações, a generalidade dos países europeus e asiáticos condenaram o ataque à Síria.
O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Joschka Fischer, aconselhou Israel a «conter-se» e apelou aos países da região para que não façam nada que agrave a situação.
«Enquanto o terror continuar a dominar a agenda, não haverá paz no Médio Oriente, e sim mais violência e mais mortes de pessoas inocentes», disse Fischer. No mesmo sentido se pronunciou o chanceler Schröder, em visita oficial à região.
Considerando que tanto o ataque suicida palestiniano como a retaliação de Israel contra a Síria são «acções inaceitáveis», Schröder apelou ao reinicio das negociações de paz.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Dominique de Villepin, defendeu idêntica posição, apelando ao «Quarteto» (EUA, Rússia, Nações Unidas e União Europeia) para que tentem «retomar a iniciativa».
«É preciso colocar as coisas novamente no terreno político, tentar retomar a iniciativa. Podemos fazê-lo, mas desta vez façamo-lo não de forma dispersa, separadamente, mas em grupo», disse Villepin.
O diplomata francês criticou ainda a «tentação» israelita de «responder à violência e à insegurança com as armas».
Também a Rússia manifestou o seu receio de que o conflito israelo-árabe se agrave. «O desenvolvimento da situação no Médio Oriente causa uma preocupação crescente», afirmou o porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Alexandre Iakovenko, em um comunicado. Para a Rússia, os últimos acontecimentos «obrigam a comunidade internacional a tomar medidas mais enérgicas para não permitir um agravamento ainda mais perigoso da situação».
Em Londres, um comunicado oficial fez saber que «embora Israel tenha o direito de tomar medidas para se proteger contra os atentados terroristas, estas medidas devem ser tomadas dentro do direito internacional»
Já o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, «lamentou energicamente» o ataque, dizendo-se especialmente preocupado com a possibilidade de que «esta nova escalada de uma já tensa e difícil situação tenha o potencial de ampliar a gama de conflitos actuais no Médio Oriente, ameaçando ainda mais a paz e a segurança regionais».
Os países árabes acusaram igualmente Israel de querer arrastar a região para uma «espiral de violência». Reunida no início da semana, no Cairo, a pedido de Damasco, a Liga Árabe apelou à imediata intervenção da ONU para pôr fim às «provocações israelitas» contra a Síria.
Qualificando o ataque israelita de «terrorismo de Estado», a Liga Árabe afirmou a sua «total solidariedade à Síria e apoio a todas as medidas que tomar para responder a esta agressão».
A Síria exige uma condenação clara da agressão israelita ao seu território, mas as possibilidades de ser aprovada uma resolução nesse sentido foram goradas desde o início pela posição dos EUA.
O presidente norte-americano, Goerge W. Bush, resumiu a questão em duas frases: o governo sírio está do lado errado da «guerra contra o terrorismo» e Israel «tem o direito de se defender».
O embaixador dos EUA na ONU, John Negroponte, foi mais longe e acusou abertamente a Síria de «dar abrigo a terroristas». Presidindo à primeira parte da reunião, Negroponte colocou-se abertamente ao lado do representante israelita, Dan Gillerman, na rábula de transformar o agressor em vítima. Na óptica de Gillerman, a Síria é «cúmplice e responsável» pelo terrorismo, e a sua decisão de convocar o Conselho de Segurança «é o mesmo que os talibãs quererem discutir na ONU os ataques de 11 de Setembro».
Israel «justificou» o ataque aéreo a um campo de refugiados palestinianos na Síria como resposta ao atentado suicida de sábado, em Haifa, que matou 19 pessoas. O atentado foi reivindicado pela Jihad Islâmica, que em comunicado divulgado segunda-feira negou ter quaisquer instalações na Síria.
Para além da condenação da agressão, a Síria pretende que o Conselho de Segurança exija que Israel não leve a cabo novos ataques que podem originar uma escala de violência no Médio Oriente, de «consequências incalculáveis» e «sem precedentes» para a segurança e a estabilidade na região e no mundo.
Não é provável, no entanto, que venha a ser aprovada qualquer resolução. Para tal acontecer, o projecto teria de receber o voto favorável de pelo menos 9 dos 15 membros do Conselho e nenhum veto dos membros permanentes.
Condenação generalizada
Ao contrário dos EUA, e embora com diferentes gradações, a generalidade dos países europeus e asiáticos condenaram o ataque à Síria.
O ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Joschka Fischer, aconselhou Israel a «conter-se» e apelou aos países da região para que não façam nada que agrave a situação.
«Enquanto o terror continuar a dominar a agenda, não haverá paz no Médio Oriente, e sim mais violência e mais mortes de pessoas inocentes», disse Fischer. No mesmo sentido se pronunciou o chanceler Schröder, em visita oficial à região.
Considerando que tanto o ataque suicida palestiniano como a retaliação de Israel contra a Síria são «acções inaceitáveis», Schröder apelou ao reinicio das negociações de paz.
O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Dominique de Villepin, defendeu idêntica posição, apelando ao «Quarteto» (EUA, Rússia, Nações Unidas e União Europeia) para que tentem «retomar a iniciativa».
«É preciso colocar as coisas novamente no terreno político, tentar retomar a iniciativa. Podemos fazê-lo, mas desta vez façamo-lo não de forma dispersa, separadamente, mas em grupo», disse Villepin.
O diplomata francês criticou ainda a «tentação» israelita de «responder à violência e à insegurança com as armas».
Também a Rússia manifestou o seu receio de que o conflito israelo-árabe se agrave. «O desenvolvimento da situação no Médio Oriente causa uma preocupação crescente», afirmou o porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Alexandre Iakovenko, em um comunicado. Para a Rússia, os últimos acontecimentos «obrigam a comunidade internacional a tomar medidas mais enérgicas para não permitir um agravamento ainda mais perigoso da situação».
Em Londres, um comunicado oficial fez saber que «embora Israel tenha o direito de tomar medidas para se proteger contra os atentados terroristas, estas medidas devem ser tomadas dentro do direito internacional»
Já o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, «lamentou energicamente» o ataque, dizendo-se especialmente preocupado com a possibilidade de que «esta nova escalada de uma já tensa e difícil situação tenha o potencial de ampliar a gama de conflitos actuais no Médio Oriente, ameaçando ainda mais a paz e a segurança regionais».
Os países árabes acusaram igualmente Israel de querer arrastar a região para uma «espiral de violência». Reunida no início da semana, no Cairo, a pedido de Damasco, a Liga Árabe apelou à imediata intervenção da ONU para pôr fim às «provocações israelitas» contra a Síria.
Qualificando o ataque israelita de «terrorismo de Estado», a Liga Árabe afirmou a sua «total solidariedade à Síria e apoio a todas as medidas que tomar para responder a esta agressão».