Universitários apoiam pilotos
Duzentos catedráticos de Israel apoiam os 27 pilotos da Força Aérea israelita que recusaram continuar os assassinatos «selectivos» de palestinianos.
123 activistas morreram vítimas de assassinatos «selectivos»
Duas centenas de catedráticos de todas as universidades de Israel divulgaram a 1 de Outubro uma declaração de apoio aos pilotos que há 15 dias tiveram a coragem de condenar, em carta ao comandante da Força Aérea, Dan Halutz, as execuções de membros e chefes da resistência palestiniana efectuadas por helicópteros de combate e caças, alegando que nessas operações também morrem civis.
Segundo a imprensa israelita, os professores solidarizaram-se com os pilotos, elogiando a sua coragem de recusar ser coniventes com tais crimes.
«Louvamos e agradecemos a estes valentes pilotos e soldados que erguem a voz da sua consciência e se negam a participar na morte e na repressão de outro povo», refere o comunicado, sublinhando que os subscritores partilham «a sensação da quebra de valores causada pela prolongada ocupação dos territórios palestinianos».
A tomada de posição dos catedráticos é uma clara resposta às críticas feitas por vários comandantes do Exército, que classificaram a decisão dos pilotos de não participar nos assassinatos de «imoral» e «antipatriótica».
A reacção dos professores veio a público um dia depois de o movimento pacifista israelita «Iesh Gvul» (Há Limites), e de um grupo de escritores solicitarem ao Supremo Tribunal a abertura de uma investigação contra Dan Halutz pelo assassinato em Gaza do chefe do braço armado do Hamas, Salá Shehade.
Na operação, efectuada por um caça-bombardeiro F-16 há mais de um ano, um piloto lançou uma bomba de uma tonelada contra o edifício em que se encontrava Shehade, causando a morte de outros 15 civis, entre os quais a mulher e a filha pequena do dirigente do Hamas, para além de ferir dezenas de pessoas.
Segundo a organização israelita de direitos humanos «Betselem», 123 activistas palestinianos morreram vítimas de assassinatos «selectivos» levados a cabo por Israel, aos quais se somam outros 84 civis que perderam a vida por estar nas proximidades dos alvos.
Mais colonatos e mais muro
O governo israelita anunciou entretanto mais duas medidas que irão acirrar os ânimos: a construção de mais 600 casas em colonatos, e a aprovação da segunda fase do «muro do apartheid».
No primeiro caso, a iniciativa foi apresentada pelo Ministério da Habitação, cujo porta-voz a justificou como um «crescimento natural». O facto de serem condenados pela ONU e de o próprio «roteiro» para a paz contemplar expressamente «o fim da actividade de construção de colonatos», não parece ter qualquer significado para Israel.
As propostas para as 604 novas habitações, a construir na Cisjordânia, foram de imediato condenadas pelo movimento israelita Peace Now (Paz Agora). Em comunicado, a organização acusa o governo de estar ao serviço dos colonos, «enquanto a generalidade dos cidadãos israelitas terá de pagar o preço a nível económico, político e de segurança».
Para os palestinianos, segundo afirmou à Reuters o deputado Abed Rabbo, «esta é a prova de que o “roteiro” para a paz foi completamente assassinado pela política israelita de expansão dos colonatos».
A continuação do «muro do apartheid» está igualmente a provocar contestação. Particularmente polémico é o traçado em torno do colonato judeu de Ariel, um dos maiores colonatos na Cisjordânia.
Para cercar Ariel, que fica cerca de 20 km fora da área por onde passa o traçado originalmente definido, o governo decidiu construir um segundo muro, separando o colonato dos territórios ocupados. Aparentemente, o colonato ficará transformado numa espécie de cidade murada, que será depois ligada ao território israelita por uma passagem também murada.
Acto ilegal
A decisão do governo israelita em prosseguir com a construção do muro foi anunciada um dia depois da ONU ter condenado a construção das barreiras como «um acto ilegal de anexação».
«Isso provavelmente vai criar uma nova geração de refugiados ou de pessoas sem pátria», disse o comissário de direitos humanos da ONU John Dugar.
Mais de 200 mil palestinianos serão afectados pela construção, que inclui centenas de quilómetros de muros e outros obstáculos para impedir a passagem de pessoas ou veículos. Com a divisão, as habitações ficam separadas de campos de cultivo, locais de trabalho, escolas ou hospitais.
Segundo a ONG israelita B'Tselem, só o novo traçado para separar o colonato de Ariel, «entrando 22 km na Cisjordânia, um território que possui 53 km de largura, violará os direitos de 80 mil palestinos».
O muro tem já 140 km de extensão, prevendo-se que possa vir a ter 700 km.
Embora parte do traçado original do muro tenha sido feita sobre a fronteira estabelecida entre Israel e os territórios ocupados em 1967, em vários troços construídos a barreira avança sobre o que é considerado território palestiniano e chega mesmo a isolar cerca de 50 mil palestinianos do lado israelita do muro.
Israel invoca a sua segurança para a construção do muro, mas os palestinianos consideram que o que se pretende é, sobretudo, anexar novos territórios.
O primeiro troço do dito «muro de segurança» foi concluído a 31 de Julho. O preço da obra é avaliado em mil milhões de dólares.
Segundo a imprensa israelita, os professores solidarizaram-se com os pilotos, elogiando a sua coragem de recusar ser coniventes com tais crimes.
«Louvamos e agradecemos a estes valentes pilotos e soldados que erguem a voz da sua consciência e se negam a participar na morte e na repressão de outro povo», refere o comunicado, sublinhando que os subscritores partilham «a sensação da quebra de valores causada pela prolongada ocupação dos territórios palestinianos».
A tomada de posição dos catedráticos é uma clara resposta às críticas feitas por vários comandantes do Exército, que classificaram a decisão dos pilotos de não participar nos assassinatos de «imoral» e «antipatriótica».
A reacção dos professores veio a público um dia depois de o movimento pacifista israelita «Iesh Gvul» (Há Limites), e de um grupo de escritores solicitarem ao Supremo Tribunal a abertura de uma investigação contra Dan Halutz pelo assassinato em Gaza do chefe do braço armado do Hamas, Salá Shehade.
Na operação, efectuada por um caça-bombardeiro F-16 há mais de um ano, um piloto lançou uma bomba de uma tonelada contra o edifício em que se encontrava Shehade, causando a morte de outros 15 civis, entre os quais a mulher e a filha pequena do dirigente do Hamas, para além de ferir dezenas de pessoas.
Segundo a organização israelita de direitos humanos «Betselem», 123 activistas palestinianos morreram vítimas de assassinatos «selectivos» levados a cabo por Israel, aos quais se somam outros 84 civis que perderam a vida por estar nas proximidades dos alvos.
Mais colonatos e mais muro
O governo israelita anunciou entretanto mais duas medidas que irão acirrar os ânimos: a construção de mais 600 casas em colonatos, e a aprovação da segunda fase do «muro do apartheid».
No primeiro caso, a iniciativa foi apresentada pelo Ministério da Habitação, cujo porta-voz a justificou como um «crescimento natural». O facto de serem condenados pela ONU e de o próprio «roteiro» para a paz contemplar expressamente «o fim da actividade de construção de colonatos», não parece ter qualquer significado para Israel.
As propostas para as 604 novas habitações, a construir na Cisjordânia, foram de imediato condenadas pelo movimento israelita Peace Now (Paz Agora). Em comunicado, a organização acusa o governo de estar ao serviço dos colonos, «enquanto a generalidade dos cidadãos israelitas terá de pagar o preço a nível económico, político e de segurança».
Para os palestinianos, segundo afirmou à Reuters o deputado Abed Rabbo, «esta é a prova de que o “roteiro” para a paz foi completamente assassinado pela política israelita de expansão dos colonatos».
A continuação do «muro do apartheid» está igualmente a provocar contestação. Particularmente polémico é o traçado em torno do colonato judeu de Ariel, um dos maiores colonatos na Cisjordânia.
Para cercar Ariel, que fica cerca de 20 km fora da área por onde passa o traçado originalmente definido, o governo decidiu construir um segundo muro, separando o colonato dos territórios ocupados. Aparentemente, o colonato ficará transformado numa espécie de cidade murada, que será depois ligada ao território israelita por uma passagem também murada.
Acto ilegal
A decisão do governo israelita em prosseguir com a construção do muro foi anunciada um dia depois da ONU ter condenado a construção das barreiras como «um acto ilegal de anexação».
«Isso provavelmente vai criar uma nova geração de refugiados ou de pessoas sem pátria», disse o comissário de direitos humanos da ONU John Dugar.
Mais de 200 mil palestinianos serão afectados pela construção, que inclui centenas de quilómetros de muros e outros obstáculos para impedir a passagem de pessoas ou veículos. Com a divisão, as habitações ficam separadas de campos de cultivo, locais de trabalho, escolas ou hospitais.
Segundo a ONG israelita B'Tselem, só o novo traçado para separar o colonato de Ariel, «entrando 22 km na Cisjordânia, um território que possui 53 km de largura, violará os direitos de 80 mil palestinos».
O muro tem já 140 km de extensão, prevendo-se que possa vir a ter 700 km.
Embora parte do traçado original do muro tenha sido feita sobre a fronteira estabelecida entre Israel e os territórios ocupados em 1967, em vários troços construídos a barreira avança sobre o que é considerado território palestiniano e chega mesmo a isolar cerca de 50 mil palestinianos do lado israelita do muro.
Israel invoca a sua segurança para a construção do muro, mas os palestinianos consideram que o que se pretende é, sobretudo, anexar novos territórios.
O primeiro troço do dito «muro de segurança» foi concluído a 31 de Julho. O preço da obra é avaliado em mil milhões de dólares.