Discriminações
Um curioso relatório do Banco Mundial, conhecido esta semana, produz uma afirmação taxativa: a discriminação das mulheres nos países do Médio Oriente está a travar o seu crescimento económico.
Especializado em contas e números, o relatório avança dados concretos: o crescimento do PIB «per capita» podia ser 0,7 pontos percentuais maior, um número que faria uma diferença real, já que o crescimento nestes países tem sido de menos de dois por cento por ano.
Retenhamos este primeiro raciocínio: mesmo um pequeno aumento do crescimento «per capita» seria significativo, porque se daria no quadro de economias fracas, onde o crescimento tem sido inferior a dois por cento ao ano.
Sobre o mesmo assunto, ouçamos ainda o próprio responsável do Banco Mundial para os países do Médio Oriente, senhor Christiaan Portman, que não está com tergiversações e afirma, segundo citação da BBC: «Nenhum país pode aumentar o nível de vida e o bem-estar da sua população sem a participação de metade dos seus habitantes.»
Como é sabido, as mulheres constituem sempre um pouco mais de metade da população total em qualquer país, e os países do Médio Oriente não são excepção. Logo, como cruamente expõe o senhor Portman, por lá, metade dos habitantes não participa no processo produtivo, dada a conhecida discriminação das mulheres nessas regiões.
Embora nos pareça pouco provável que a participação no processo produtivo de metade de uma população apenas gerasse um aumento de produção tão modesto como 0,7 pontos percentuais – como estima, muito por baixo, o Banco Mundial -, o que, no caso, interessa reter e assinalar é que uma instituição tão retintamente capitalista como é o Banco Mundial (onde manda e comanda quem, neste, mundo, detém o poder efectivo) diga, com liminar clareza, estar o crescimento económico directamente dependente do pleno emprego.
É verdade que o diz a propósito de um caso extremo, que são os países do Médio Oriente, onde metade da população – as mulheres – são arredadas do processo produtivo, mas não deixa de ser uma afirmação de peso. Sobretudo por ser dita por quem é.
E o senhor Portman vai mesmo mais longe e diz, preto no branco, que «nenhum país pode aumentar o nível de vida e o bem-estar da sua população» sem o pleno emprego dos seus habitantes.
Concordamos, evidentemente.
Por isso perguntamos: e o desemprego – que é exactamente o oposto à situação referida – não irá, por seu lado, diminuir o nível de vida e de bem-estar das populações por ele atingidas?
Não será um entrave directo – e concreto – ao desenvolvimento económico?
Ora o desemprego é um fenómeno que está longe de se restringir aos países do Médio Oriente.
Em rigor, o desemprego aflige toda a gente e não poupa, evidentemente, os países desenvolvidos, onde grassa em crises endémicas e atinge percentagens assustadoras.
É estranho que senhor Portman não dê por isso e apenas observe o problema na gigantesca discriminação das mulheres no Médio Oriente.
Não é que não tenha razão na análise que faz e não seja correcta e adequada a conclusão a que chega.
Mas, francamente, vê tão bem ao longe e não enxerga patavina do que o rodeia…
Mas peguemos nos raciocínios decorrentes das análises do senhor Portman e do Banco Mundial e apliquemo-los aos quase 500 mil desempregados que actualmente existem em Portugal.
Fica-nos meio milhão de desempregados, o que num país de 10 milhões de habitantes é um travão ao desenvolvimento verdadeiramente assustador.
É o Banco Mundial que o confirma – embora fale apenas do Médio Oriente…
Especializado em contas e números, o relatório avança dados concretos: o crescimento do PIB «per capita» podia ser 0,7 pontos percentuais maior, um número que faria uma diferença real, já que o crescimento nestes países tem sido de menos de dois por cento por ano.
Retenhamos este primeiro raciocínio: mesmo um pequeno aumento do crescimento «per capita» seria significativo, porque se daria no quadro de economias fracas, onde o crescimento tem sido inferior a dois por cento ao ano.
Sobre o mesmo assunto, ouçamos ainda o próprio responsável do Banco Mundial para os países do Médio Oriente, senhor Christiaan Portman, que não está com tergiversações e afirma, segundo citação da BBC: «Nenhum país pode aumentar o nível de vida e o bem-estar da sua população sem a participação de metade dos seus habitantes.»
Como é sabido, as mulheres constituem sempre um pouco mais de metade da população total em qualquer país, e os países do Médio Oriente não são excepção. Logo, como cruamente expõe o senhor Portman, por lá, metade dos habitantes não participa no processo produtivo, dada a conhecida discriminação das mulheres nessas regiões.
Embora nos pareça pouco provável que a participação no processo produtivo de metade de uma população apenas gerasse um aumento de produção tão modesto como 0,7 pontos percentuais – como estima, muito por baixo, o Banco Mundial -, o que, no caso, interessa reter e assinalar é que uma instituição tão retintamente capitalista como é o Banco Mundial (onde manda e comanda quem, neste, mundo, detém o poder efectivo) diga, com liminar clareza, estar o crescimento económico directamente dependente do pleno emprego.
É verdade que o diz a propósito de um caso extremo, que são os países do Médio Oriente, onde metade da população – as mulheres – são arredadas do processo produtivo, mas não deixa de ser uma afirmação de peso. Sobretudo por ser dita por quem é.
E o senhor Portman vai mesmo mais longe e diz, preto no branco, que «nenhum país pode aumentar o nível de vida e o bem-estar da sua população» sem o pleno emprego dos seus habitantes.
Concordamos, evidentemente.
Por isso perguntamos: e o desemprego – que é exactamente o oposto à situação referida – não irá, por seu lado, diminuir o nível de vida e de bem-estar das populações por ele atingidas?
Não será um entrave directo – e concreto – ao desenvolvimento económico?
Ora o desemprego é um fenómeno que está longe de se restringir aos países do Médio Oriente.
Em rigor, o desemprego aflige toda a gente e não poupa, evidentemente, os países desenvolvidos, onde grassa em crises endémicas e atinge percentagens assustadoras.
É estranho que senhor Portman não dê por isso e apenas observe o problema na gigantesca discriminação das mulheres no Médio Oriente.
Não é que não tenha razão na análise que faz e não seja correcta e adequada a conclusão a que chega.
Mas, francamente, vê tão bem ao longe e não enxerga patavina do que o rodeia…
Mas peguemos nos raciocínios decorrentes das análises do senhor Portman e do Banco Mundial e apliquemo-los aos quase 500 mil desempregados que actualmente existem em Portugal.
Fica-nos meio milhão de desempregados, o que num país de 10 milhões de habitantes é um travão ao desenvolvimento verdadeiramente assustador.
É o Banco Mundial que o confirma – embora fale apenas do Médio Oriente…