Recordar Allende, prosseguir a luta
A marca da CIA e o envolvimento de Kissinger e Nixon são irrefutáveis
Transcorridos 30 anos do golpe fascista de Pinochet no Chile, sopram hoje ventos de esperança e mudança na América Latina, e perfilam-se novos desafios.
A 11 de Setembro de 1973, a reacção interna chilena e os seus algozes, apoiados e inspirados por o imperialismo norte-americano, lograram pôr termo, brutalmente, ao governo da Unidade Popular de Salvador Allende, mergulhando o país nas trevas da ditadura sangrenta que perdurou 17 anos. A marca da CIA e o envolvimento de Kissinger e Nixon são irrefutáveis. Os EUA têm um longo historial, secular, de intervencionismo no subcontinente, tratado como o «quintal das traseiras». A utilização do terrorismo e as violações dos Direitos Humanos foram sempre uma constante: Washington invadiu países soberanos, promoveu golpes de estado afectos às oligarquias locais, instalou no poder ditaduras ferozes e regimes títeres. Mas não almejou esgotar a resistência e luta dos povos, mesmo nos tempos mais agrestes. Em diferentes períodos e conjunturas históricas, a luta popular e de emancipação, conduzida por partidos revolucionários e movimentos libertadores, conseguiu impor sérias derrotas ao imperialismo e às forças reaccionárias. O caso mais eloquente é o da vitoriosa revolução cubana que resiste há décadas, não abdicando da sua opção socialista.
Hoje, a experiência dos mil dias do governo progressista de Allende, é motivo de renovado interesse e reavaliação entre as forças de esquerda latino americanas (e não só), à luz do fracasso das políticas neoliberais do Consenso de Washington e do ascenso da mobilização popular, que com maior ou menor intensidade e em diferentes condições, perpassa a América Latina. Um brevíssimo olhar, por alguns dos países da região, torna-o mais perceptível.
No Brasil de Lula, cujo governo resulta de uma ampla e complexa coligação de forças heterogéneas, que inclui os comunistas brasileiros, na Argentina, devassada por o receituário do FMI e a corrupção do sistema, ou no Paraguai, onde o novo presidente do «tradicional» partido do poder, foi eleito sob o signo da crítica ao neoliberalismo, os povos anseiam, dos seus novos governos, por uma política de desenvolvimento e justiça nacionais. Na Venezuela de Chavéz, a «revolução bolivariana», nascida no seio do modelo institucional burguês, aponta para uma democracia participativa, suportando-se na forte mobilização popular e na acção das forças armadas, maioritariamente comprometidas com a constituição bolivariana, elementos fundamentais para se compreender porque tem resistido, num cenário de aguda luta de classes, à poderosa oligarquia interna, com os seus vínculos ao imperialismo internacional, e, inclusive, consolidar-se em diversas frentes. A Bolívia fervilha: intensificam-se a luta contra a política de privatizações e alienação das riquezas nacionais, em proveito das transnacionais, que une a esquerda, sindicatos, camponeses, e também a resposta repressiva do governo. E no Equador, o presidente Gutiérrez, defraudando a maré popular que o elegeu, subscreveu a Carta de Intenções com o FMI e aplica uma política de privatizações, flexibilização laboral e endividamento do país.
Às aspirações de justiça e dignidade do povos, os EUA respondem com a ALCA, projecto de recolonização global da América Latina, e a militarização desenfreada, centrada no Plano Colômbia, que visa esmagar a guerrilha e resistência populares e transformar a Colômbia do regime pró-fascista de Uribe, numa placa giratória do intervencionismo e agressão imperiais. Seria um erro crasso menosprezar os perigos da «resposta» dos EUA, que se debatem com uma ameaçadora crise estrutural. Mas, ampliando a luta e mobilização populares e reforçando a cooperação e solidariedade entre as forças verdadeiramente progressistas e revolucionárias, é possível resistir e até reverter a correlação de forças.
A 11 de Setembro de 1973, a reacção interna chilena e os seus algozes, apoiados e inspirados por o imperialismo norte-americano, lograram pôr termo, brutalmente, ao governo da Unidade Popular de Salvador Allende, mergulhando o país nas trevas da ditadura sangrenta que perdurou 17 anos. A marca da CIA e o envolvimento de Kissinger e Nixon são irrefutáveis. Os EUA têm um longo historial, secular, de intervencionismo no subcontinente, tratado como o «quintal das traseiras». A utilização do terrorismo e as violações dos Direitos Humanos foram sempre uma constante: Washington invadiu países soberanos, promoveu golpes de estado afectos às oligarquias locais, instalou no poder ditaduras ferozes e regimes títeres. Mas não almejou esgotar a resistência e luta dos povos, mesmo nos tempos mais agrestes. Em diferentes períodos e conjunturas históricas, a luta popular e de emancipação, conduzida por partidos revolucionários e movimentos libertadores, conseguiu impor sérias derrotas ao imperialismo e às forças reaccionárias. O caso mais eloquente é o da vitoriosa revolução cubana que resiste há décadas, não abdicando da sua opção socialista.
Hoje, a experiência dos mil dias do governo progressista de Allende, é motivo de renovado interesse e reavaliação entre as forças de esquerda latino americanas (e não só), à luz do fracasso das políticas neoliberais do Consenso de Washington e do ascenso da mobilização popular, que com maior ou menor intensidade e em diferentes condições, perpassa a América Latina. Um brevíssimo olhar, por alguns dos países da região, torna-o mais perceptível.
No Brasil de Lula, cujo governo resulta de uma ampla e complexa coligação de forças heterogéneas, que inclui os comunistas brasileiros, na Argentina, devassada por o receituário do FMI e a corrupção do sistema, ou no Paraguai, onde o novo presidente do «tradicional» partido do poder, foi eleito sob o signo da crítica ao neoliberalismo, os povos anseiam, dos seus novos governos, por uma política de desenvolvimento e justiça nacionais. Na Venezuela de Chavéz, a «revolução bolivariana», nascida no seio do modelo institucional burguês, aponta para uma democracia participativa, suportando-se na forte mobilização popular e na acção das forças armadas, maioritariamente comprometidas com a constituição bolivariana, elementos fundamentais para se compreender porque tem resistido, num cenário de aguda luta de classes, à poderosa oligarquia interna, com os seus vínculos ao imperialismo internacional, e, inclusive, consolidar-se em diversas frentes. A Bolívia fervilha: intensificam-se a luta contra a política de privatizações e alienação das riquezas nacionais, em proveito das transnacionais, que une a esquerda, sindicatos, camponeses, e também a resposta repressiva do governo. E no Equador, o presidente Gutiérrez, defraudando a maré popular que o elegeu, subscreveu a Carta de Intenções com o FMI e aplica uma política de privatizações, flexibilização laboral e endividamento do país.
Às aspirações de justiça e dignidade do povos, os EUA respondem com a ALCA, projecto de recolonização global da América Latina, e a militarização desenfreada, centrada no Plano Colômbia, que visa esmagar a guerrilha e resistência populares e transformar a Colômbia do regime pró-fascista de Uribe, numa placa giratória do intervencionismo e agressão imperiais. Seria um erro crasso menosprezar os perigos da «resposta» dos EUA, que se debatem com uma ameaçadora crise estrutural. Mas, ampliando a luta e mobilização populares e reforçando a cooperação e solidariedade entre as forças verdadeiramente progressistas e revolucionárias, é possível resistir e até reverter a correlação de forças.