Errar em Alfama… e na Ajuda
Nas últimas semanas alguns jornais referiram dois casos na Cidade ligados por um traço comum: a insensibilidade da CML para com os problemas reais das pessoas reais. Um na Ajuda, afectando a segurança dos moradores do Beco do Viçoso. Outro em Alfama, lesando crianças e pais de uma escola básica que ali tem funcionado e agora foi extinta de supetão.
Numa das situações, no bairro de Alfama (o mesmo bairro que os placards espalhados dizem que «é fácil amar»), o problema foi levantado pela junta de freguesia de Santo Estêvão. Trata-se de uma escola que acaba de ser encerrada por razões que podiam/deviam ter sido ultrapassadas, assim a CML tivesse interesse. Não se sabe o que leva a câmara a prejudicar desta forma as crianças e os encarregados de educação. Mas a CML prossegue assim objectivamente a política do governo que quer encerrar o mais rápido possível o máximo de escolas.
O outro caso, na Ajuda, é levantado pela comissão de freguesia do PCP e traduz a total irresponsabilidade da CML face à ameaça de ruína de um prédio de gaveto que ardeu, podendo a qualquer hora desabar para cima das casas de quem reside no Beco do Viçoso - quase só idosos e alguns até acamados. A CML preferiu manter ali um serviço de polícia dias seguidos para impedir o trânsito do que resolver o problema de segurança e estabilidade… O PCP defende pura e simplesmente a demolição imediata do edifício que ardeu.
Prejudicar Alfama
A junta de freguesia de Santo Estêvão e os encarregados de educação foram surpreendidos na semana passada com o encerramento da escola local. É um caso exemplar de como a câmara de Lisboa faz a vontade ao governo, na ânsia que este manifesta de encerrar escolas para poupar nos vencimentos dos professores. Os alunos de Alfama, 16 crianças com idades compreendidas entre os seis e os dez anos, vão agora ter de se dispersar por escolas das redondezas. Os pais têm de se sacrificar mais um pouco para levarem e irem buscar os filhos à escola. Os tempos livres, teatro e dança, que a junta de freguesia oferece às crianças vão ter de se manter para compensar a instabilidade causada pela CML, que foi a responsável por esta situação. Mas que não respondeu às exposições dos pais nem ao abaixo-assinado de 500 moradores.
Os pais estiveram na incerteza até à véspera da abertura das aulas. Há documentação que prova que estava nomeado para a escola de Santo Estêvão um professor contratado. As inscrições dos alunos foram aceites como se nada se passasse.
Contra os interesses da população
A Câmara e o Ministério encerraram uma Escola sem razões e contra os interesses da população. Precisava de obras e não foram feitas. Como aconteceu no anterior mandato. Mas agora há cada vez mais escolas sem condições, em situação cada vez mais precária, por absoluta ausência e inércia da autarquia. Por este ritmo, as escolas cada vez se degradarão mais e cada vez mais escolas serão fechadas com o mesmo argumento. Mas então por que não preservar os edifícios, investir, manter, recuperar? Fechar não é solução. As famílias cada vez terão menos certezas, menos estabilidade.
Os técnicos da CML já em anos anteriores quiseram encerrar esta mesma escola. Mas não foi encerrada porque a vereação anterior dialogava com a Junta e com a população e ouvia os seus argumentos. Mas desta vez, nenhum eleito da CML deu a cara.
A escola de Alfama não tem menos condições do que outras. Há outras escolas que também precisam de obras e que se vão manter abertas (e ainda bem para essas populações, mas ainda mal para Alfama, que assim não é tratada de igual). Há escolas que têm muito menos alunos do que a de Alfama e que se mantêm abertas (e nada há contra, mas a de Alfama também devia estar aberta, com os 16 alunos inscritos que agora têm de ir para outras escolas, mais afastadas e algumas delas com menos condições do que a sua).
Segurança das pessoas em risco
Na Ajuda, os moradores do Beco do Viçoso viram-se impotentes perante o abandono da CML. Um incêndio pôs em risco de ruína um edifício de três andares existente no gaveto de entrada do beco. Mas a câmara, em vez de tratar da sua demolição segura, deixou ali o esqueleto. Várias pessoas tiveram de ser evacuadas. No beco residem idosos incapazes de grandes mobilidades, encontrando-se inclusivamente alguns acamados. Mas a CML não se inteirou de nada. Mandou para lá a Polícia tomar conta do trânsito – porque se pensa na Praça do Município que se houvesse ali um carro abalroado por um edifício em queda seria um escândalo na comunicação social – e isso, sim, há que evitar… Quanto às pessoas reais, essas não fazem parte da contabilidade-visibilidade de Santana Lopes.
Situações paradigmáticas
Os dois casos referidos, relacionados com dois pequenos grupos de cidadãos, teriam solução simples se a CML fosse sensível. Mas não é. Por isso, estas situações são paradigmáticas, são sintoma de uma doença: a visão altaneira da CML em relação aos munícipes que se debatem com problemas. A CML, simplesmente, não se aproxima das populações necessitadas. Seja por alheamento, seja por insensibilidade, seja por andar a reboque dos interesses do governo. Não dialoga com os seus munícipes.
A tudo isto, Santana Lopes não diz nada. Lava as mãos. Não é nada com ele. As vidas das pessoas reais são entediantes. E são apenas 16 alunos: não têm peso eleitoral que justifique um passo…
Por todas estas razões, tanto a junta de freguesia de Santo Estêvão como a comissão de freguesia da Ajuda do PCP deixam bem clara a sua posição que nesta matéria coincide: «Pelo nosso lado, vamos manter-nos sempre em defesa dos interesses das nossas populações». A CML, ao invés, coloca-se na posição de exercer de forma errada o poder local.
Numa das situações, no bairro de Alfama (o mesmo bairro que os placards espalhados dizem que «é fácil amar»), o problema foi levantado pela junta de freguesia de Santo Estêvão. Trata-se de uma escola que acaba de ser encerrada por razões que podiam/deviam ter sido ultrapassadas, assim a CML tivesse interesse. Não se sabe o que leva a câmara a prejudicar desta forma as crianças e os encarregados de educação. Mas a CML prossegue assim objectivamente a política do governo que quer encerrar o mais rápido possível o máximo de escolas.
O outro caso, na Ajuda, é levantado pela comissão de freguesia do PCP e traduz a total irresponsabilidade da CML face à ameaça de ruína de um prédio de gaveto que ardeu, podendo a qualquer hora desabar para cima das casas de quem reside no Beco do Viçoso - quase só idosos e alguns até acamados. A CML preferiu manter ali um serviço de polícia dias seguidos para impedir o trânsito do que resolver o problema de segurança e estabilidade… O PCP defende pura e simplesmente a demolição imediata do edifício que ardeu.
Prejudicar Alfama
A junta de freguesia de Santo Estêvão e os encarregados de educação foram surpreendidos na semana passada com o encerramento da escola local. É um caso exemplar de como a câmara de Lisboa faz a vontade ao governo, na ânsia que este manifesta de encerrar escolas para poupar nos vencimentos dos professores. Os alunos de Alfama, 16 crianças com idades compreendidas entre os seis e os dez anos, vão agora ter de se dispersar por escolas das redondezas. Os pais têm de se sacrificar mais um pouco para levarem e irem buscar os filhos à escola. Os tempos livres, teatro e dança, que a junta de freguesia oferece às crianças vão ter de se manter para compensar a instabilidade causada pela CML, que foi a responsável por esta situação. Mas que não respondeu às exposições dos pais nem ao abaixo-assinado de 500 moradores.
Os pais estiveram na incerteza até à véspera da abertura das aulas. Há documentação que prova que estava nomeado para a escola de Santo Estêvão um professor contratado. As inscrições dos alunos foram aceites como se nada se passasse.
Contra os interesses da população
A Câmara e o Ministério encerraram uma Escola sem razões e contra os interesses da população. Precisava de obras e não foram feitas. Como aconteceu no anterior mandato. Mas agora há cada vez mais escolas sem condições, em situação cada vez mais precária, por absoluta ausência e inércia da autarquia. Por este ritmo, as escolas cada vez se degradarão mais e cada vez mais escolas serão fechadas com o mesmo argumento. Mas então por que não preservar os edifícios, investir, manter, recuperar? Fechar não é solução. As famílias cada vez terão menos certezas, menos estabilidade.
Os técnicos da CML já em anos anteriores quiseram encerrar esta mesma escola. Mas não foi encerrada porque a vereação anterior dialogava com a Junta e com a população e ouvia os seus argumentos. Mas desta vez, nenhum eleito da CML deu a cara.
A escola de Alfama não tem menos condições do que outras. Há outras escolas que também precisam de obras e que se vão manter abertas (e ainda bem para essas populações, mas ainda mal para Alfama, que assim não é tratada de igual). Há escolas que têm muito menos alunos do que a de Alfama e que se mantêm abertas (e nada há contra, mas a de Alfama também devia estar aberta, com os 16 alunos inscritos que agora têm de ir para outras escolas, mais afastadas e algumas delas com menos condições do que a sua).
Segurança das pessoas em risco
Na Ajuda, os moradores do Beco do Viçoso viram-se impotentes perante o abandono da CML. Um incêndio pôs em risco de ruína um edifício de três andares existente no gaveto de entrada do beco. Mas a câmara, em vez de tratar da sua demolição segura, deixou ali o esqueleto. Várias pessoas tiveram de ser evacuadas. No beco residem idosos incapazes de grandes mobilidades, encontrando-se inclusivamente alguns acamados. Mas a CML não se inteirou de nada. Mandou para lá a Polícia tomar conta do trânsito – porque se pensa na Praça do Município que se houvesse ali um carro abalroado por um edifício em queda seria um escândalo na comunicação social – e isso, sim, há que evitar… Quanto às pessoas reais, essas não fazem parte da contabilidade-visibilidade de Santana Lopes.
Situações paradigmáticas
Os dois casos referidos, relacionados com dois pequenos grupos de cidadãos, teriam solução simples se a CML fosse sensível. Mas não é. Por isso, estas situações são paradigmáticas, são sintoma de uma doença: a visão altaneira da CML em relação aos munícipes que se debatem com problemas. A CML, simplesmente, não se aproxima das populações necessitadas. Seja por alheamento, seja por insensibilidade, seja por andar a reboque dos interesses do governo. Não dialoga com os seus munícipes.
A tudo isto, Santana Lopes não diz nada. Lava as mãos. Não é nada com ele. As vidas das pessoas reais são entediantes. E são apenas 16 alunos: não têm peso eleitoral que justifique um passo…
Por todas estas razões, tanto a junta de freguesia de Santo Estêvão como a comissão de freguesia da Ajuda do PCP deixam bem clara a sua posição que nesta matéria coincide: «Pelo nosso lado, vamos manter-nos sempre em defesa dos interesses das nossas populações». A CML, ao invés, coloca-se na posição de exercer de forma errada o poder local.