Caso David Kelly

Blair admite responsabilidade

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, assumiu «a responsabilidade última» pelo facto do nome de David Kelly ter sido tornado público como fonte da reportagem da BBC que acusava o Governo britânico de deliberadamente ter empolado o relatório oficial sobre as armas iraquianas, publicado em Setembro de 2002.
As declarações foram feitas na sexta-feira, 29, na Comissão de Inquérito Judicial encarregada de esclarecer a morte do perito em armamento, a 17 de Julho. Nessa data, a BBC admitiu que Kelly tinha sido a principal fonte da reportagem, onde afirmava que um excerto do dossier sobre a capacidade de Bagdad para usar armas químicas e biológicas num prazo de 45 minutos fora acrescentado no último minuto «a pedido do governo» e contra a opinião dos serviços secretos.
Perante a comissão, Blair afirmou que Kelly teria «merecido a demissão», caso o referido relatório tivesse sido alterado por pressão política. Na véspera, o ministro da Defesa, Geoff Moon, reconheceu que a decisão de divulgar o nome de Kelly como fonte da BBC fora tomada com a aprovação do primeiro-ministro: «Em última instância, era uma decisão dele. Eu não tento de forma alguma eludir isto.»
Tony Blair foi vaiado pelas dezenas de pessoas que se concentraram à frente do Tribunal de Justiça de Londres, onde prestou declarações. Alguns manifestantes disfarçaram-se com a máscara da cara do governante com um nariz comprido, dando a entender que o consideram mentiroso.
Esta é a segunda vez que um primeiro-ministro britânico comparece perante uma investigação judicial. Há nove anos, John Major, eleito pelo Partido Conservador, testemunhou numa comissão de inquérito sobre uma suposta venda ilegal de armas ao Iraque.
Apenas 27 por cento dos eleitores britânicos têm confiança em Tony Blair, segundo uma sondagem publicada na sexta-feira, um dia depois da sua comparência em tribunal.
A sondagem, divulgada pelo diário «The Daily Telegraph», revela que só 22 por cento dos inquiridos considera o seu governo «honrado e digno de confiança». Se se realizassem eleições agora, o Partido Conservador venceria com 37 por cento dos votos e os Partido Trabalhista ficaria com 35 por cento.


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