Quem vem lá?
Esta pergunta de antes de abrir a porta pode também significar, nos nossos dias, um alerta quanto a um assalto de quem se quer instalar em uma casa, sem ser convidado. Mas pode também ser um amigo, convidado e desejado.
Dois escritores ingleses de meados do século passado marcaram gerações com uma espécie de antecipação que poderíamos talvez chamar de «sociologica-científica» - com a descrição de um mundo que hoje nos bate à porta.
O primeiro, Aldous Huxley, publicou em 1932 «O admirável mundo novo» - de gente programada em «alfa», «beta» ou «gama», consoante as qualidades intelectuais introduzidas na proveta de onde nasceriam. Estava tudo a correr como nas melhores famílias quando surgiram dois chatos: um jovem «alfa», vindo do próprio sistema, que questionava aquela maneira de viver: do prazer pelo prazer, do consumismo pelo consumo, do sorriso à conta do comprimido de alento..., o segundo era um jovem «selvagem», nascido numa reserva da barriga de sua mãe - uma vergonha na sociedade ultra-programada e ultra-obediente em que cada classe social desempenhava cegamente o seu papel, pre-determinado pelo poder absoluto personalizado num tal Sr. Ford.
Outro escritor, Eric Blair, mais conhecido pelo pseudónimo - George Orwell - escrevia em 1949 o seu «1984», descrevendo uma sociedade onde cada cidadão é permanentemente espiado por câmaras que até conseguem controlar-lhe os pensamentos.
Estamos hoje num mundo adverso (às vezes sornamente) à liberdade, ao progresso, ao bem estar da humanidade, onde a esperança de um bom futuro anda minada pelas ameaças super-potentes de uma «globalização» condicionadora, totalitária. Os seus agentes, postos no comando, não só o bush-filho com arrogâncias de super-potência, mas também os diligentes e imperativos agentinhos de segunda linha, os barrosos e associados, instalados pelo mundo, muitas vezes forçando as nossas portas - são mais prepotentes do que o «Ford» do «admirável mundo novo».
As alegorias destes dois escritores, com o seu social-cepticismo, criaram angustiadoras antecipações de um mundo que adivinhavam evoluir tragicamente. Mas erraram numa coisa. Na época atribulada em que viveram, não contaram com um facto histórico: a enorme resistência que, ao longo dos tempos, levanta a humanidade contra quem lhe queira comandar regressos.
Dizia Marx que não basta interpretar o mundo: é preciso transformá-lo.
As alegorias podem ser úteis para ajudar a conhecer o mundo. Mas o mais importante é a vontade humana de o transformar. Para melhor.
Há sem dúvida perigos, ameaças, transgressões da História. Mas no nosso tempo «quem vem lá» - somos nós.
Dois escritores ingleses de meados do século passado marcaram gerações com uma espécie de antecipação que poderíamos talvez chamar de «sociologica-científica» - com a descrição de um mundo que hoje nos bate à porta.
O primeiro, Aldous Huxley, publicou em 1932 «O admirável mundo novo» - de gente programada em «alfa», «beta» ou «gama», consoante as qualidades intelectuais introduzidas na proveta de onde nasceriam. Estava tudo a correr como nas melhores famílias quando surgiram dois chatos: um jovem «alfa», vindo do próprio sistema, que questionava aquela maneira de viver: do prazer pelo prazer, do consumismo pelo consumo, do sorriso à conta do comprimido de alento..., o segundo era um jovem «selvagem», nascido numa reserva da barriga de sua mãe - uma vergonha na sociedade ultra-programada e ultra-obediente em que cada classe social desempenhava cegamente o seu papel, pre-determinado pelo poder absoluto personalizado num tal Sr. Ford.
Outro escritor, Eric Blair, mais conhecido pelo pseudónimo - George Orwell - escrevia em 1949 o seu «1984», descrevendo uma sociedade onde cada cidadão é permanentemente espiado por câmaras que até conseguem controlar-lhe os pensamentos.
Estamos hoje num mundo adverso (às vezes sornamente) à liberdade, ao progresso, ao bem estar da humanidade, onde a esperança de um bom futuro anda minada pelas ameaças super-potentes de uma «globalização» condicionadora, totalitária. Os seus agentes, postos no comando, não só o bush-filho com arrogâncias de super-potência, mas também os diligentes e imperativos agentinhos de segunda linha, os barrosos e associados, instalados pelo mundo, muitas vezes forçando as nossas portas - são mais prepotentes do que o «Ford» do «admirável mundo novo».
As alegorias destes dois escritores, com o seu social-cepticismo, criaram angustiadoras antecipações de um mundo que adivinhavam evoluir tragicamente. Mas erraram numa coisa. Na época atribulada em que viveram, não contaram com um facto histórico: a enorme resistência que, ao longo dos tempos, levanta a humanidade contra quem lhe queira comandar regressos.
Dizia Marx que não basta interpretar o mundo: é preciso transformá-lo.
As alegorias podem ser úteis para ajudar a conhecer o mundo. Mas o mais importante é a vontade humana de o transformar. Para melhor.
Há sem dúvida perigos, ameaças, transgressões da História. Mas no nosso tempo «quem vem lá» - somos nós.