O sonho destapado
De entre o cardume de barões que, na comunicação social dominante, aplaude a guerra, clama por sangue e dá vivas à morte, destaca-se o aguerrido e belicoso Luís Delgado. Não porque Delgado seja mais reaccionário do que a maioria dos seus pares que no DN, no Público, no Expresso, ou em qualquer dos outros órgãos ditos de informação colocados ao serviço da guerra, repetem, cada um à sua maneira, os argumentos elaborados pelos peritos do Pentágono, da Casa Branca, da CIA. Não: Delgado traduz e repete tão extasiado como qualquer dos seus colegas os mentecaptos pensamentos do presidente dos EUA; aplaude com igual entusiasmo a monumental estupidez, a inenarrável imbecilidade e a inimaginável incultura de Bush; grita pelas bombas e incita ao assassinato e ao genocídio com o arreganho e a fúria dos seus gémeos. Só que Delgado dá aos seus cantos e danças guerreiras um jeito e um tom muito especiais; é mais afirmativo no dislate, mais arrogante na divulgação e defesa da razão do Império. Certo e seguro de que a nova ordem imperialista totalitária e fascizante é o futuro do mundo, Delgado marca lugar. Mais bushista que Bush, ele garante a vitória já. E quando os chefes militares do Império vêm confessar que se enganaram, que a coisa é mais difícil do que parecia e que a guerra irá durar muito mais tempo do que haviam previsto, o impetuoso Delgado desmente-os e, em bicos de pés, em gesticulante e ridícula prosa, garante que «esta é a semana final do regime genocida de Saddam». (Passou-se isto há cerca de quinze dias...)
O discurso de Delgado – escrito ou falado – traz-nos à memória recordações e imagens do passado. E leva-nos a pensar que, há quarenta anos, o Delgado de hoje poderia ter sido ou propagandista a tempo inteiro do SNI, ou manda chuva no jornal da União Nacional ou até - porque não? - director da defunta ANI. As tonalidades fascizantes da prosa escrita, recitada ou traduzida de Delgado levam-nos a pensar que, há quarenta anos, o Delgado de hoje, poderia ter sido, quiçá, um agente do regime disponível para todo o serviço.
A escrita e a fala de Delgado trazem-nos à memória escritas e falas de outros tempos - tempos sombrios, opressivos, repressivos mas, porque houve quem contra eles lutasse, felizmente passados - e destapam o seu presumível sonho de vir a ser gauleiter de um desejado IV Reich.
O discurso de Delgado – escrito ou falado – traz-nos à memória recordações e imagens do passado. E leva-nos a pensar que, há quarenta anos, o Delgado de hoje poderia ter sido ou propagandista a tempo inteiro do SNI, ou manda chuva no jornal da União Nacional ou até - porque não? - director da defunta ANI. As tonalidades fascizantes da prosa escrita, recitada ou traduzida de Delgado levam-nos a pensar que, há quarenta anos, o Delgado de hoje, poderia ter sido, quiçá, um agente do regime disponível para todo o serviço.
A escrita e a fala de Delgado trazem-nos à memória escritas e falas de outros tempos - tempos sombrios, opressivos, repressivos mas, porque houve quem contra eles lutasse, felizmente passados - e destapam o seu presumível sonho de vir a ser gauleiter de um desejado IV Reich.