Lisboa

Entradas pagas, não!

O PCP vai lançar na Cidade de Lisboa um abaixo-assinado contra qualquer decisão autárquica que vá no sentido de haver entradas pagas no Castelo de São Jorge.

A preocupação advém do facto de que recentemente o actual Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes, aventou a hipótese de estabelecer para o Castelo de São Jorge o regime de entradas pagas. Não que tenha levado à Câmara tal intenção, não que tenha auscultado a Assembleia Municipal para este feito, não que tenha ouvido com sucesso as Juntas de Freguesia. Não. Como vem sendo habitual, antes de mais, lança a ideia na comunicação social, para ver o que dá… Desta vez deu uma ideia totalmente descabida: fazer-nos pagar entradas num símbolo maior da nossa História. ‘Determino e mando publicar’ – este é o seu lema!

Mas o PCP defende que devia ter havido um debate. O Castelo de São Jorge é um dos mais visitados monumentos da Cidade e da nossa História. O valor cultural, histórico e emocional deste local não pode ser reduzido a um ‘deve e haver’ da crueza e da frieza da contabilidade autárquica.


Todos contra


As Juntas de Freguesia da área do Castelo manifestaram-se contra este modo de actuar, e com razão. As organizações do PCP também emitiram a este propósito a sua posição. Entendem que «o Castelo é de todos e que não devem ser pagas entradas. Nem pelos lisboetas nem pelos portugueses, nem pelos turistas. Ninguém». E acrescentam que «as visitas ao Castelo fazem parte de um roteiro de escolas, grupos informais de turismo, famílias». Ora, considerando que «a vida está cada vez mais difícil, quanto mais encargos na vida diária das pessoas, mais se limitam os recursos». Portanto, a previsão é que «com entradas pagas, o Castelo vai ficar às moscas… E isso é um desperdício escusado. Até porque não é com entradas pagas que se resolve a questão da conservação do Castelo nem sequer da sua gestão».


Antes fizesse obra!


As organizações do PCP da área do Castelo acusam o presidente da CML de não fazer obra mas passar os dias a inventar polémica atrás de polémica: «De facto, como já não consegue esconder que não tem obra para mostrar e que não cumpre o seu próprio programa eleitoral, Santana Lopes passa o tempo a correr atrás de sucessivas novas metas. Não fecha nenhum ‘dossier’ e abre em cada semana novas frentes de polémica – esta é a sua maneira de tentar fazer esquecer os insucessos». Neste quadro, «a questão das entradas pagas para o Castelo de São Jorge é só mais uma dessas polémicas com a qual quer esconder a sua inépcia e inacção».

Sistematicamente Santana Lopes acusa ora a oposição ora a comunicação social, se lhe corre mal alguma coisa… «Está aliás a criar o mito de que a oposição e a Assembleia Municipal não o deixam gerir a Cidade… mas a verdade é bem outra: propostas rejeitadas, há apenas três ou quatro em todo o mandato … Só não funciona porque não quer ou não sabe. Os supostos entraves mais não são do que uma ‘desculpa esfarrapada’, uma desculpa de mau pagador».

Na análise do PCP, a verdade é que Santana Lopes pura e simplesmente não cumpre o que vai prometendo e meteu completamente na gaveta o seu programa eleitoral.

Mas ao mesmo tempo, não deixa de estar sempre a levantar problemas de ‘lana caprina’. O caso das entradas pagas no Castelo de São Jorge é apenas mais uma dessas peneiras com que quer tapar o sol da sua incapacidade de fazer obra.

O PCP conclui que, em vez de triplicar os subsídios para eventos como a Moda Lisboa, substituindo-se ao governo, como o próprio reconheceu, uma decisão anunciada na mesma semana das entradas pagas, Santana Lopes fazia melhor em fazer obra no Castelo e na Cidade, designadamente, por exemplo, no que se refere «a obras como as de reabilitação urbana na Freguesia do Castelo, interrompidas por esta Câmara por falta de pagamento».


A feira do Relógio


A junta de freguesia de Marvila está admirada com a inoperância e a «falta de jeito» da vereação do PSD-PP na CML. Colocada em cima da mesa há quatro meses a questão da mudança de local da Feira do Relógio, a proposta foi retirada nessa altura por intervenção do PCP, para que se ouvisse a junta de freguesia e a população. E assim aconteceu. Houve um encontro com os órgãos autárquicos, junta e assembleia de freguesia, as estruturas populares e moradores. E foram feitas sugestões quanto às novas hipóteses de localização, as quais deverão ser estudadas pela CML. O próprio vereador de Santana Lopes que esteve no encontro disse que não concordava com a proposta localização, no aglomerado urbano, o que viria agravar os impactos negativos do equipamento, como a Junta de Freguesia sempre tem avisado. Mas disse na altura que não conhecia alternativas e que por isso se propunha a mudança para a Avenida do Santo Condestável. A junta ‘ofereceu’ nessa altura duas ou três alternativas para a mudança para um local melhor. Essas alternativas têm de ser estudadas mas uma condição essencial é que não tenha impactos negativos junto da população. Mas afinal de nada serviu avançar com essas alternativas: a proposta de concurso público que está agendada para a próxima reunião da CML repõe a tão contestada localização. A reacção das populações não pode deixar de ser negativa, para mais resultante de tanta inépcia. «Se era para isto, mais valia não terem cá vindo simular que dialogavam connosco», lamenta o presidente da junta de Marvila. É que tirar a Feira do local actual e ‘levá-la’ para a Avenida do Santo Condestável não resolve nada, antes agrava a situação.



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