Viva a morte

José Casanova

Em todo o lado onde estão ou é suposto estarem em causa os interesses do imperialismo norte-americano, ele lá está, firme no seu posto de intrépido soldado do Império, peito aberto às eventuais armas do longínquo inimigo, costas guardadas pelo concreto arsenal bélico do Império, só coragem, valente, heróico, ele, José Manuel Fernandes, um entre mil panegiristas do Império e dos seus Chefes, ele, JMF, mais bushista do que Bush e mais blairista do que Blair como mandam as regras da Casa, atento e venerador defensor dos imperiais interesses, situem-se eles onde se situarem, seja no imenso Brasil onde um tal Lula da Silva, por sinal eleito sem fraudes e com muitíssimos mais votos do que o foi o Fuhrer, isto é, o Bush de JMF, fala em «acabar com a fome» e «defender a paz», tonteria, tonteria, tonteria, grita JMF, seja na Venezuela, onde um tal Hugo Chavez, também ele eleito sem fraudes e com muitíssimo maior percentagem de votos do que o Bush de JMF, isto é, o Fuhrer, fala em conceder iguais direitos a todos os seres humanos, ditador, ditador, ditador, grita JMF, e explica que tal concessão de direitos não passa de uma autêntica violação dos direitos do Império e que, por isso mesmo, é inadmissível, nem que o grande patronato tenha que continuar a acender greves por todo o país e se isso não chegar faça-se uso do que JMF inventou e tornou público há dias, a saber, que o Chavez deu um milhão de dólares à Alqaeda, ora perante tal acto terrorista não há que hesitar, os marines ou outros por eles dão lá uma saltada, matam Chavez e mais uns milhares de venezuelanos, prendem e torturam mais uns milhares e viva a liberdade e a democracia e os direitos humanos e o Bush e o Blair e, já agora, viva também o JMF que bem o merece, porque está sempre, sempre onde estão os interesses do Império, seja no Brasil seja na Venezuela, como já se disse, seja no Iraque como de seguida se dirá, a coisa é isto: clama JMF, agastado e irritado, que «o tempo esgota-se», e exige bombas, já! e enaltece a «paciência e o esforço» de que «americanos e britânicos» têm vindo a dar abundantes provas... e a propósito de provas, confirmou-se o que já se sabia, o Iraque está cheio de antraz e de motores propulsores de mísseis (e, isto digo eu, de milhões de barris de petróleo), deitem lá as bombas, grita JMF, espalhem a destruição e o horror, para que JMF possa aplaudir e gritar viva a morte.



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