JCP exige um estudo que determine as reais causas do insucesso escolar e recusa que as responsabilidades

Associações de estudantes contra aumento de propinas no superior

Os estudantes do ensino superior estão contra qualquer eventual aumento das propinas diferente do que está previsto na actual lei. É a reacção ao livro «Ensino Superior: uma visão para a próxima década».

Esta matéria foi referendada numa consulta a cem associações de estudantes, no último dia do Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA), que reuniu na Faculdade de Engenharia do Porto, no domingo. Cerca de 80 por cento manifestou-se contra e a maioria das restantes votou em branco.

Este ideia foi retirada do livro «Ensino Superior: uma visão para a próxima década», publicado na semana passada, em que é proposto aumentos das propinas superiores para os alunos repetentes. A lei em vigor define que as propinas anuais são iguais ao salário mínimo nacional.

Durante o encontro foi aprovada uma moção que exige que os professores do ensino superior frequentem cursos de formação pedagógica, que sejam avaliados e que o resultado dessa avaliação tenha repercussões na progressão na carreira.

Os dirigentes associativos alertaram ainda para o Código do Trabalho e as alterações no estatuto do trabalhador-estudante. Outro aspecto referido é a acreditação de cursos pelas ordens e associações profissionais.

JCP contesta livro

As propostas do livro «Ensino Superior: uma visão para a próxima década» não resolvem os problemas do sector, considera a Organização Regional de Portalegre da JCP.

Este estudo «assenta como uma luva nas intenções do Governo. Não admira que este lhe dê tanto destaque, merecendo a presença do próprio primeiro-ministro na sua apresentação», referem os jovens comunistas. «O livro poderia intitular-se “Privatização e elitização do ensino superior” ou “Como regressar ao passado no ensino superior” e não tenhamos dúvidas nem ilusões: quem escreve este obra sabe como o fazer como ninguém.» O estudo foi elaborado por José Veiga Simão, António de Almeida Costa e Sérgio Machado dos Santos, tendo sido encomendado pelo Governo do PS.

A JCP reclama a execução de um estudo sério e rigoroso que determine as reais causas dos altos níveis de insucesso escolar e recusa que as responsabilidades deste fenómeno sejam atribuídas exclusivamente aos estudantes. Da mesma forma, contesta a ideia central que determina que a resolução do problema passa pela penalização dos alunos e das suas famílias, nomeadamente com o aumento das propinas.

Os jovens comunistas salientam que as razões do insucesso escolar estão intimamente relacionadas com as insuficiências da educação, um sistema que se baseia «no sub-financiamento das instituições e onde a acção social é incapaz de democratizar a frequência do ensino». Mas há outros problemas, entre eles a ausência de formação e avaliação do desempenho do corpo docente e o incumprimento generalizado do estatuto do trabalhador-estudante.

«A educação tem de ser encarada como um direito e não como uma regalia ao alcance de alguns», sustentam os jovens comunistas.



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