Professores de português contestam reforma

A Associação de Professores de Português (APP) está contra o «modelo rígido de cursos estanques» que está na base do projecto de reforma curricular para o ensino básico e secundário apresentado pelo Ministério da Educação.

Segundo o projecto, existirão cinco cursos científico-humanísticos e dez cursos tecnológicos, numa estrutura rígida «em que um aluno de Ciências Sociais e Humanas não pode ter Literatura Portuguesa ou um aluno do curso de Línguas e Literaturas não pode ter três línguas estrangeiras», como referem os professores.

Citada pela agência Lusa, a APP diz não entender a produtividade de uma disciplina de Grego Clássico apenas anual e a existência de uma disciplina de Literatura Portuguesa e outra de Literaturas de Língua Portuguesa.

A associação considera que as propostas estruturas não são «as melhores soluções» e adianta que este modelo curricular «dificilmente dará uma resposta satisfatória à crescente necessidade de diversificação de percursos profissionais e académicos».

Os professores de Português também não concordam com a criação da disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), ainda que só no 10.º ano, receando que esta medida provoque a exclusão destas tecnologias do processo de ensino das restantes disciplinas e a sua excessiva teorização. Para a APP, trata-se de «uma ferramenta necessária para desenvolver conteúdos e projectos disciplinares e interdisciplinares».

Depois de várias associações de professores se manifestarem contra a reforma curricular, o ministro da Educação afirmou publicamente que a ausência da disciplina de Filosofia no 12.º ano é um «lapso» que será colmatado.

Durante uma conferência realizada na Faculdade de Letras de Lisboa, na passada semana, David Justino foi confrontado com a importância da disciplina no ensino secundário pelo reitor da Universidade de Lisboa, José Barata Moura, e pela presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras, Fernanda Gil Costa.



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