Imperialismo cria condições para nova intervenção

Sírios defendem unidade e soberania

Milhares de pessoas de todos os credos e idades manifestaram-se, domingo, na capital da Síria, em defesa da unidade nacional e contra a ingerência externa nos assuntos do país e o terrorismo.

A Síria acusa a Liga Árabe de cumprir a agenda imperialista

Image 9084

A ameaça de expulsão da Síria do grupo de nações árabes foi repudiada pela multidão concentrada no centro de Damasco, estimada em pelo menos um milhão e meio de pessoas. Protestos massivos foram realizados no mesmo dia em cidades como Aleppo, Hasakeh e al-Raqqa (Norte), Latakia e Tartous (Oeste), Sueida, Deraá e Quneitra (Sul), Homs (Centro), Deir Ezzour e Idleb (Noreste) e Hama (Centro-Oeste), reportou a Telesur.

Na noite anterior, muitos milhares de sírios já se haviam concentrado frente às embaixadas do Qatar e da Arábia Saudita no território, acusando os governos daqueles países de serem peões do imperialismo norte-americano e europeu.

No sábado, a Liga Árabe adoptou uma resolução que dá quatro dias ao governo Sírio para acatar o cumprimento do acordo celebrado a 2 de Novembro. O texto promovido pelo Qatar, país que assume a presidência da Liga, omite, no entanto, que o referido acordo vem sendo cumprido pelo executivo liderado por Bashar Al-Assad, assim como vêm sendo implementadas reformas políticas, económicas e sociais substantivas.

Entre as exigências e sanções da organização pan-árabe estão igualmente a cooperação do regime com as ONG e com a ONU, e a imposição de restrições económicas e políticas nas relações bilaterais.

Tomando partido pela chamada «oposição síria», alguns estados árabes decidiram ainda retirar os respectivos representantes diplomáticos do território e receber a cúpula de contestatários sírios agrupados no Conselho Nacional Sírio (CNS).

Para ontem estava agendada uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe em Rabat, capital da «democrática» monarquia marroquina, com o objectivo de avaliar o cumprimento das coacções por parte da Síria. Não obstante, o governo de Damasco já considerou nulo o rol de medidas adoptadas, já que não foi aprovado unanimemente por todos os estados-membro, como determinam os estatutos da organização.

O governo sírio acusou ainda alguns membros da Liga Árabe de estarem a cumprir um guião ordenado pelos imperialistas norte-americanos e europeus, e lembrou que o cumprimento dos acordos de 2 de Novembro não dependem apenas da sua acção. Pacificar o país depende, sobretudo, da vontade dos bandos armados suportados e dirigidos a partir do exterior, defendem.

 

Guião repetido

 

A repetição, no fundamental, da tragédia líbia é uma hipótese plausível. O CNS, cópia síria do CNT líbio, também exige que a Liga Árabe peça ao Conselho de Segurança da ONU a imposição de uma zona de exclusão aérea.

Tal como no processo que conduziu à destruição do território norte-africano, também a televisão síria já se encontra proibida nas grandes potências, abrindo caminho à repetição, sem direito ao contraditório, do alegado saldo de 3500 vítimas civis desde o início dos protestos no país.

Outros canais televisivos, como a Telesur ou a PressTV, vão, no entanto, informando com repórteres no terreno, os quais têm apurado os factos junto das populações e das autoridades, fazendo sobressair as acções de milícias que operam a partir da Turquia cometendo actos considerados terroristas em qualquer parte do mundo, como ataques a esquadras e instalações do exército, alvejamento de multidões populares, sequestros e emboscada de militares, operações de minagem de regiões inteiras (incluindo zonas urbanas) e colocação de bombas.

Em paralelo com a Líbia, ainda as sanções económicas e financeiras levadas a cabo pelos EUA e a UE, que mensalmente geram danos na ordem dos 450 milhões de dólares.

Os governos da Rússia, China, Venezuela, Cuba, Nicarágua, Irão, entre outros, têm-se oposto firmemente a uma intervenção militar da chamada «comunidade internacional», mas a Alta Comissária da ONU para os Direitos humanos, Navi Pillay, já foi avisando que «onde quer que os direitos humanos sejam espezinhados e as reivindicações pacíficas sejam respondidas com repressão brutal, existe o direito à rebelião contra a tirania. Ocorreu na Líbia e poderá ocorrer na Síria».



Mais artigos de: Internacional

Estudantes unidos pela Educação pública

Os estudantes chilenos e colombianos convocaram para a próxima quinta-feira, 24, um protesto simultâneo contra as medidas governamentais para o sector e em defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade.

Irão rejeita acusações

O governo iraniano qualificou as acusações da Agência Internacional de Energia Atómica como «desequilibradas, amadoras e preparadas com motivações políticas e sobre pressão dos EUA». A propósito das informações que o director geral da...

Mau perder

O Partido Liberal (PL) fabricou centenas de actas eleitorais e falsificou boletins de voto para criar a confusão e tentar amenizar a derrota estrondosa que sofreu nas presidenciais e legislativas parciais do passado dia 4 de Novembro, confirmou o Supremo Conselho Eleitoral da Nicarágua. Para além...

Norte-americanos tentam ganhar vantagem

Os EUA defendem que a Convenção sobre Armas Convencionais (CMC) permita a produção, armazenamento e uso de bombas de fragmentação até 2018. A maioria dos países do mundo e várias organizações humanitárias estão reunidos em Genebra...

Polícia desaloja «indignados»

Pelo menos 63 pessoas foram presas durante as operações policiais em várias cidades dos EUA destinadas a desalojar os mais significativos acampamentos dos chamados «indignados». A repressão foi extremamente violenta em Portland, Salt Lake City, Chapel Hill (onde intervieram...

Unesco cancela

Todos os projectos da Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura foram interrompidos até ao final de 2011 depois dos EUA terem anunciado a interrupção das suas contribuições. A decisão de Washington foi uma...