Estudantes unidos pela Educação pública
Os estudantes chilenos e colombianos convocaram para a próxima quinta-feira, 24, um protesto simultâneo contra as medidas governamentais para o sector e em defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade.
Alunos chilenos e colombianos coordenam protesto de massas
A jornada binacional surge no seguimento de greves e acções de massas realizadas pelos movimentos estudantis nos dois países, as quais, pela persistência, justiça e capacidade de convencimento, têm garantido a adesão de outros agentes do sector – professores, funcionários e pais –, e de amplas camadas e sectores populares.
No Chile, as estruturas representativas dos alunos denunciam as propostas do governo, apresentadas como soluções para a uma crise que se arrasta há seis meses, e convocaram jornadas regionais para 15, 17 e 18 de Novembro, mantendo intensa a mobilização.
Da parte do executivo chileno, propõe-se o aumento em 7,2 por cento dos fundos para a Educação no Orçamento do Estado do próximo ano, e a criação de uma entidade reguladora que supervisione as instituições do Ensino Superior Público sancionando as que obtenham lucro.
Para os estudantes, quer uma quer outra proposta revelam a intransigência do executivo liderado por Sebastián Piñera em alterar o modelo instituído favorável à exploração privada.
Já na Colômbia, os estudantes reafirmam o seu compromisso em suspender a greve nacional em curso nos estabelecimentos públicos se o governo de Juan Manuel Santos retirar oficialmente do parlamento o projecto de reforma do Ensino Superior. Exigem, igualmente, que o governo se comprometa a instalar um amplo diálogo com alunos, professores, funcionários e pais destinado a redigir uma reforma que sirva os interesses destes, retire as forças policiais e militares de todos os campus universitários ocupados e liberte os jovens detidos na sequência das manifestações do último mês.
Até ao momento, o executivo colombiano apenas deu sinal positivo quanto à primeira proposta, por isso os alunos apelaram publicamente à participação de todos os colombianos na jornada do próximo dia 24, à qual já aderiram a Central Unitária dos Trabalhadores, a Confederação Geral do Trabalho, a Associação de Educadores e a Federação Colombiana de Educadores.
Alargar a luta
Tal como os camaradas chilenos, os colombianos também mantêm as iniciativas reivindicativas de massas, e ainda na passada quinta-feira pelo menos 150 mil pessoas participaram num protesto na capital, Bogotá, e centenas de milhares estiveram nas ruas de outras cidades do país, garantem os promotores, em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.
A proposta de reforma educativa na Colômbia, acusam os alunos do Superior, empurra os jovens para o crédito bancário como mecanismo de financiamento da sua formação, o que, dizem, só vai aprofundar ainda mais a desigualdade no acesso e frequência.
Acresce que é a própria ministra da Educação, Maria Fernanda Campo, quem admite que entre as novas vagas a criar com a reforma apenas 15 por cento serão em instituições públicas, enquanto que as restantes serão em instituições privadas ou mistas.
Também na quinta-feira, dia 10, mas em Valparaíso, no Chile, os estudantes do Secundário e do Superior realizaram uma marcha pacífica. A acção foi novamente reprimida pela polícia militarizada antes mesmo de chegar junto do parlamento, onde os deputados discutiam o Orçamento do Estado para 2012.
Os carabineiros recorreram a gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, confirmando, uma vez mais, as conclusões de um relatório recente de uma associação de defesa dos direitos humanos do país, que demonstra que as autoridades reprimem os protestos repetida e indiscriminadamente.