Agressão imperialista à Líbia

NATO arrasa infra-estruturas civis

Uma escola, um hospital e quatro armazéns de alimentos foram bombardeados pela NATO em Zliten, alvo de intensos bombardeamentos da Aliança Atlântica durante toda a semana.

«Dezenas de milhares de líbios têm-se manifestado contra os bombardeamentos»

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A cidade situada a cerca de 160 quilómetros da capital, Tripoli, esteve, segunda-feira, na mira dos imperialistas. Pelo menos seis pessoas (dois médicos, três enfermeiras e um paciente) morreram durante o ataque à unidade de saúde, onde ficava também localizado um laboratório, agora desfeito em escombros.

De acordo com o repórter da Telesur, foram ainda atingidos uma escola e quatro armazéns de víveres, infra-estruturas onde, atestam os relatos recolhidos por Roland Segura, «não havia nenhum equipamento militar, apenas as reservas de alimentos da cidade».

«Atacam-nos, matam-nos, arrasam as nossas infra-estruturas, e é assim que dizem que nos protegem», afirmou, por seu lado, Ali Nugrat, residente em Zliten citado pelo enviado da cadeia sul-americana.

O recrudescimento dos ataques da Aliança Atlântica contra alvos civis em Zliten coincidem com a libertação da cidade, cercada pelas forças afectas ao chamado Concelho Nacional de Transição (CNT). O desfecho motivou manifestações de regozijo popular e terá provocado as referidas acções de retaliação por parte da NATO.

A vingança imperialista fez-se igualmente sentir em Brega depois das forças regulares líbias terem rechaçado uma ofensiva dos amotinados de Bengazi, que chegaram a anunciar a conquista daquela cidade, na qual se situa um importante complexo de refinação de petróleo.

Sexta-feira, dia 22, a fábrica de condutas do projecto de irrigação do território, intitulado Great Man-Made River, localizada a 30 quilómetros de Brega, foi bombardeada sem qualquer justificação militar.

 

Líbios pela unidade e a soberania

 

Em resposta à agressão imperialista e às criminosas consequências dos quase seis mil bombardeamentos realizados pela NATO desde Março, dezenas de milhares de líbios têm-se manifestado contra os ataques, pela unidade e soberania do país. Sirte ou Tripoli foram palco de grandes concentrações populares durante a passada semana. Para anteontem estava anunciada nova acção de massas na capital líbia, desta feita a propósito do aniversário da revolução egípcia que, em 1952, conduziu ao poder Gamal Nasser e inspirou movimentos políticos de soberania árabe, como o liderado por Muammar Kahdafi e pelos coronéis líbios, concluído com o derrube da monarquia, em 1969.

 

Ponto morto

 

Estas iniciativas e o impasse militar no terreno demonstram o fracasso da estratégia imperialista de derrubar Kahdafi pela pressão interna do povo, votado ao desespero semeado pelos bombardeamentos e imerso numa crise humanitária.

Apesar do Chefe do Estado Maior dos EUA, Mike Mullen, ter qualificado recentemente a referida orientação como válida a longo prazo, a verdade é que a França, um dos aliados da Casa Branca na campanha, desdobra-se em iniciativas diplomáticas com o objectivo de encontrar uma saída airosa da guerra, e até já admite a permanência de Kahdafi no país, embora longe do poder.

Fontes governamentais da Líbia adiantam mesmo que até os norte-americanos encetam conversações com responsáveis líbios visando uma solução negociada para o conflito, versão que, no entanto, Washington desmente.

Sinal contrário pretende transmitir a Alemanha. Nos últimos dias anunciou o empréstimo de 100 milhões de euros ao CNT, alegando que o dinheiro será devolvido a Berlim aquando do desbloqueamento dos fundos soberanos líbios. Mas esta medida já estará mais relacionada com o roubo de milhões de dólares pertencentes ao povo líbio do que com a aposta na via armada como viável para fazer triunfar as forças que se opõem a Kahdafi.

 



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