Deputados do PCP condenam cimeira do euro

Guerra social e subordinação colonial

Os de­pu­tados do PCP no PE clas­si­ficam de «au­tên­tica de­cla­ração de guerra» aos tra­ba­lha­dores as con­clu­sões da ci­meira da Zona Euro sobre a cha­mada «Go­ver­nação Eco­nó­mica» e «Pacto para a com­pe­ti­ti­vi­dade».

Lí­deres da Zona Euro con­certam ataque so­cial e à so­be­rania

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As de­ci­sões da ci­meira da zona euro, de­cor­rida dia 11, «con­fi­guram uma au­tên­tica de­cla­ração de guerra contra os di­reitos so­ciais e la­bo­rais dos tra­ba­lha­dores e povos da Eu­ropa e uma sen­tença de de­pen­dência de tipo co­lo­nial a países como Por­tugal», afirmam em co­mu­ni­cado os de­pu­tados do PCP no PE.

Num pro­cesso pro­mo­vido pelo grande ca­pital, que pro­cura con­cen­trar o poder eco­nó­mico e po­lí­tico no di­rec­tório de po­tên­cias eu­ro­peias, no qual se des­tacam a Ale­manha e a França, o apro­fun­da­mento da «go­ver­nação eco­nó­mica» através do «Pacto para a com­pe­ti­ti­vi­dade» (agora re­bap­ti­zado de «Pacto para o Euro»), tem como ob­jec­tivo a re­dução dos di­reitos dos tra­ba­lha­dores e a des­truição do que resta do cha­mado «Es­tado So­cial».

Assim, como alertam os de­pu­tados do PCP, as me­didas pre­co­ni­zadas visam impor po­lí­ticas de baixos sa­lá­rios, o au­mento da idade da re­forma, o ataque ao di­reito à con­tra­tação co­lec­tiva e a des­re­gu­lação das leis la­bo­rais.

«O “Pacto para a com­pe­ti­ti­vi­dade” pre­tende ins­ti­tu­ci­o­na­lizar e per­pe­tuar a di­ta­dura dos mer­cados e do dé­fice das contas pú­blicas, a im­po­sição do mo­delo eco­nó­mico ne­o­li­beral, a de­gra­dação do nível de vida dos tra­ba­lha­dores – no­me­a­da­mente através do au­mento dos im­postos in­di­rectos como o IVA – e um ina­cei­tável grau de in­ge­rência e con­trolo di­recto das po­lí­ticas eco­nó­micas na­ci­o­nais», sa­li­enta o do­cu­mento do PCP di­vul­gado no dia 12.

 

Ao ser­viço do grande ca­pital

 

Em con­traste com a ori­en­tação cla­ra­mente anti-so­cial e an­ti­la­boral, nas con­clu­sões da ci­meira da Zona Euro não se re­gista «nem uma única me­dida vi­sando os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros – e so­bre­tudo os seus es­can­da­losos lu­cros au­fe­ridos à custa do de­sem­prego e da po­breza de mi­lhões de eu­ro­peus».

De igual modo, os lí­deres da Zona Euro não fazem «uma única re­fe­rência à ne­ces­si­dade im­pe­riosa e ur­gente de com­bater as pro­fundas de­si­gual­dades so­ciais e de re­dis­tri­buição da ri­queza que fazem do con­ti­nente eu­ropeu um enorme campo de ins­ta­bi­li­dade, in­se­gu­rança e de­gra­dação so­cial».

A sua com­pleta su­bor­di­nação ao poder eco­nó­mico e fi­nan­ceiro está ainda pa­tente no aban­dono do dis­curso su­pos­ta­mente fa­vo­rável à «su­per­visão e re­gu­lação» e ao «fim dos offshores», o que, su­bli­nham os de­pu­tados do PCP, evi­dencia que «tal re­tó­rica não passou de uma hi­pó­crita ma­nobra de di­versão e pro­pa­ganda vi­sando es­conder a brutal ofen­siva de classe de­sen­ca­deada em nome do “com­bate à crise”».

 

 

Con­ver­gência do PS e do PSD

 

No­tando que o «Pacto para a com­pe­ti­ti­vi­dade» foi en­tu­si­as­ti­ca­mente de­fen­dido pelos lí­deres da Ale­manha, França e pelo pre­si­dente da Co­missão Eu­ro­peia, o PCP as­si­nala a coin­ci­dência de po­si­ções dos par­tidos da di­reita eu­ro­peia, onde se in­clui o PSD, com os da dita so­cial-de­mo­cracia, onde se situa o PS, con­cluindo que fica «de­mons­trada na prá­tica a con­ver­gência e iden­ti­dade de po­lí­ticas entre estas duas fa­mí­lias po­lí­ticas que, in­de­pen­den­te­mente de di­ver­gên­cias re­tó­ricas, pre­va­leceu e pre­va­lece neste de­bate».

Essa iden­ti­dade, acres­centam os dois de­pu­tados do PCP, está «bem ex­pressa no facto de o Go­verno por­tu­guês, no mesmo dia em que deu o seu acordo e apoio ao “Pacto para a Com­pe­ti­ti­vi­dade”, apre­sentar aos por­tu­gueses o PEC IV, pron­ta­mente aplau­dido e sau­dado por Merkel, pela Co­missão Eu­ro­peia e o Banco Cen­tral Eu­ropeu. Tal acon­te­ci­mento de­monstra a real na­tu­reza de classe do Go­verno PS e si­mul­ta­ne­a­mente a sua pro­funda sub­ser­vi­ência ao grande ca­pital fi­nan­ceiro eu­ropeu e ao di­rec­tório de po­tên­cias, numa la­men­tável ati­tude de ab­di­cação na­ci­onal».

Pe­rante mais este ataque aos seus di­reitos e ao seu pa­tri­mónio de con­quistas his­tó­ricas e ci­vi­li­za­ci­o­nais, os de­pu­tados do PCP ao Par­la­mento Eu­ropeu apelam aos tra­ba­lha­dores, aos jo­vens e ao povo por­tu­guês para que «não se calem». «Mais uma vez será a luta de massas, a or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores e do povo em de­fesa dos seus in­te­resses e le­gi­timas as­pi­ra­ções que po­derá travar o rolo com­pressor de di­reitos, da de­mo­cracia e da so­be­rania que re­pre­sentam estas con­clu­sões».

 

Não à in­ge­rência na Líbia

 

As de­ci­sões to­madas pelo Con­selho Eu­ropeu Ex­tra­or­di­nário sobre a Líbia, sa­li­entam os de­pu­tados do PCP, «vão ao en­contro dos in­te­resses da­queles que, numa hi­pó­crita ma­nobra de rá­pido volte-face nas re­la­ções com aquele país, apro­veitam o mo­mento para do­minar as suas ri­quezas na­tu­rais, par­ti­cu­lar­mente o seu pe­tróleo».

Na nota de im­prensa, os de­pu­tados co­mu­nistas alertam para o «pe­ri­goso e grave acu­mular de ac­ções de in­ge­rência, ameaça e in­ter­fe­rência di­recta num con­flito in­terno que, em vez de con­tri­buírem para a di­mi­nuição da tensão visam a pre­pa­ração de actos de agressão contra a Líbia, in­tro­du­zindo ao mesmo tempo sé­rios e acres­cidos fac­tores de ins­ta­bi­li­dade e con­flito no País e na re­gião».

Con­de­nando a la­men­tável re­so­lução comum do Par­la­mento Eu­ropeu, apro­vada dia 10, que ad­voga a in­ter­venção mi­litar na Líbia, os de­pu­tados do PCP ex­pressam a sua firme opo­sição a qual­quer in­ter­venção mi­litar ex­terna neste país, e re­cordam que foram os únicos de­pu­tados por­tu­gueses que se opu­seram «de forma clara e inequí­voca à pos­si­bi­li­dade de uma agressão mi­litar es­tran­geira contra o povo líbio».

Os de­pu­tados do PCP «rei­teram a de­fesa de uma so­lução pa­cí­fica e po­lí­tica do con­flito, sem in­ge­rên­cias ex­ternas, como a me­lhor forma de de­fender os in­te­resses e le­gí­timas as­pi­ra­ções do povo Líbio e de todos aqueles que na re­gião pros­se­guem a luta pelos seus di­reitos, a de­mo­cracia, a so­be­rania e a paz».



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