Antetítulo: Primeira volta das regionais gregas

Comunistas, os únicos a subir

A lista «Bloco Po­pular», apoiada pelo Par­tido Co­mu­nista Grego (KKE), con­quistou quase 72 mil novos votos em re­lação às elei­ções le­gis­la­tivas de 2009, su­bindo 3,3 pontos per­cen­tuais.

Co­mu­nistas sobem em votos e per­cen­tagem

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O re­sul­tado al­can­çado pelos co­mu­nistas e seus ali­ados é tanto mais sig­ni­fi­ca­tivo quanto, nesta pri­meira volta das elei­ções re­gi­o­nais e mu­ni­ci­pais, re­a­li­zada no do­mingo, foram a única força a subir tanto em per­cen­tagem como em votos (ver quadro).

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Com uma taxa de abs­tenção re­corde, na ordem dos 47,5 por cento, o KKE al­cançou 10,87 por cento dos votos, isto é mais 3,3 pontos per­cen­tuais em com­pa­ração com o re­sul­tado na­ci­onal das le­gis­la­tivas de Ou­tubro do ano pas­sado.

Em re­lação às elei­ções lo­cais de 2006, a evo­lução é ainda mais sen­sível, já que re­pre­senta um au­mento de mais de 109 mil votos e de 3,6 pontos per­cen­tuais.

In­ver­sa­mente, todos os ou­tros par­tidos do centro e da di­reita per­deram votos e per­cen­tu­al­mente nestas elei­ções.

O PASOK (so­cial-de­mo­crata), li­de­rado pelo ac­tual pri­meiro-mi­nistro, ob­teve 34,67 por cento, contra 43,92 por cento em 2009, per­dendo mais de um mi­lhão e 100 mil votos em re­lação às elei­ções do ano pas­sado.

Apesar de se manter como a força mais vo­tada, se­pa­rada por uma pe­quena margem dos con­ser­va­dores da Nova De­mo­cracia (ND), o re­sul­tado dos so­ciais-de­mo­cratas do PASOK re­pre­senta uma cla­mo­rosa der­rota deste par­tido e traduz o re­púdio po­pular pelas po­lí­ticas se­guidas no úl­timo ano.

 

A chan­tagem de Pa­pan­dreou

 

Esta der­rota é ainda acen­tuada pelas re­pe­tidas ame­aças do pri­meiro-mi­nistro, Ge­or­gios Pa­pan­dreou, de que se de­mi­tiria e con­vo­caria elei­ções an­te­ci­padas caso a sua po­lí­tica de aus­te­ri­dade fosse re­pro­vada nestas elei­ções.

«Não estou a fazer bluff», ga­rantiu no sá­bado, 6, ao jornal Ta Néa, a pro­pó­sito da sua in­tenção de se de­mitir face a uma der­rota.

Mas se Pa­pan­dreou pre­tendia de facto ple­bis­citar a sua po­lí­tica, e não apenas chan­ta­gear gros­sei­ra­mente o elei­to­rado, então agora deve re­tirar as de­vidas ila­ções da res­posta clara do povo.

To­davia, ao mesmo tempo que o par­tido go­ver­nante viu es­bo­roar-se a sua base so­cial de apoio, os res­tantes par­tidos, à ex­cepção dos co­mu­nistas, também não têm ra­zões para ce­le­brar.

A sua co­la­bo­ração e apoio, ex­plí­cito ou tá­cito, às po­lí­ticas de sal­vação do ca­pi­ta­lismo à custa do em­po­bre­ci­mento dos tra­ba­lha­dores, im­pos­si­bi­litou-lhes a ca­pi­ta­li­zação de­ma­gó­gica dos sa­cri­fí­cios im­postos no úl­timo ano. A ló­gica da «al­ter­nância de­mo­crá­tica» foi posta em causa. Ne­nhum dos prin­ci­pais par­tidos do poder saiu a ga­nhar do su­frágio.

O ND, que an­te­cedeu ao PASOK no go­verno, con­ti­nuou a perder votos (-527 mil) e per­cen­tagem (-0,8%) em re­lação ao de­sastre elei­toral so­frido em 2009.

A ex­trema-di­reita (LAOS) também re­cuou, prova de que nem sempre o po­pu­lismo xe­nó­fobo en­contra ter­reno fa­vo­rável em tempos de crise. Perdeu 167 mil votos e 1,59 pontos per­cen­tuais.

Por úl­timo, a es­querda opor­tu­nista re­pre­sen­tada pela co­li­gação Syn/​Sy­riza foi igual­mente pe­na­li­zada pelas suas po­si­ções con­ci­li­a­tó­rias com o ca­pi­ta­lismo. Perdeu mais de 72 mil votos, caindo para 4,49 por cento.

Tendo eleito cen­tenas de ve­re­a­dores mu­ni­ci­pais e re­gi­o­nais e alar­gado con­si­de­ra­vel­mente o seu elei­to­rado, o par­tido co­mu­nista, pela voz da sua se­cre­tária geral, Aleka Pa­pa­riga, con­si­derou estas elei­ções como «um sinal po­si­tivo para o KKE, mas só terão sen­tido se os co­mu­nistas as uti­li­zarem para re­forçar a luta, para con­tri­buir para re­forçar a or­ga­ni­zação dos tra­ba­lha­dores e do povo grego contra as me­didas que aí vêm».



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