O governo conservador-liberal do Reino Unido acaba de anunciar a intenção de obrigar os desempregados de longa duração a prestar trabalho gracioso em entidades públicas ou de interesse público.

Como precisou, ao Daily Telegraph (06.11), o ministro do Trabalho e das Pensões, Iain Duncan Smith, os cerca de um milhão e 400 mil desempregados de longa duração arriscam-se a perder o subsídio de sobrevivência de 65 libras (75 euros) por semana, caso recusem «jogar o jogo», isto é, efectuar pelo menos 30 horas de trabalho gratuito por semana, em benefício da comunidade.

Para justificar a medida, o governante falou na necessidade de «quebrar o ciclo da dependência» e fazer com que recuperem «o sentido do trabalho», «entrar às nove horas da manhã e sair às cinco da tarde».

A verdade, porém, é que esta medida se insere num vasto plano de redução de despesa pública, que é hoje, quinta-feira, apresentado pela coligação governativa, e visa, em última análise, retirar os magros subsídios daqueles que há muito foram excluídos do mercado de trabalho.

E dado que, nas actuais condições da economia, o número de desempregados de longa duração tenderá a aumentar, já que existem cinco candidatos para cada emprego disponível, o governo britânico pretende responsabilizá-los moral e financeiramente pela situação em que se encontram e negar-lhes qualquer apoio social.