Cuba exige devolução da base de Guantánamo
Mais de 50 mil habitantes da província cubana de Guantánamo condenaram a hostilidade dos EUA contra Cuba e exigiram a devolução do território ilegalmente ocupado pela base naval norte-americana na zona oriental da ilha.
Presença de imigrantes expulsos dos EUA na base militar de Guantánamo é «provocação e afronta» à soberania de Cuba
Cuba qualificou de provocação e afronta à sua soberania a presença na base naval militar norte-americana em Guantánamo de mais de 30 mil imigrantes expulsos dos EUA e para ali enviados por Washington enquanto esperam a concretização da expulsão para os seus países de origem.
A denúncia teve lugar perante mais de 50 mil pessoas reunidas na Praça da Revolução Mariana Grajales, de Guantánamo, no passado dia 26, durante uma Tribuna Aberta Anti-imperialista encabeçada pelo primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC) e presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e outras autoridades cubanas.
Nesse acto, Cuba rejeitou novamente a permanência ilegal, desde há mais de 120 anos, de tropas dos EUA numa parte do seu território, e a utilização, à margem da legalidade, da base militar como campo de concentração. Oradores e artistas da província de Guantánamo, situada a cerca de mil quilómetros a leste de Havana, pronunciaram-se sobre os efeitos do bloqueio contra Cuba imposto pelo governo dos EUA, cuja hostilidade continua a crescer depois das numerosas medidas coercivas impostas pela administração Trump contra a nação cubana.
O primeiro secretário do PCC na província, Yoel Pérez, destacou a tradição de luta da população local, que no passado derrotou o império espanhol e enfrentou com determinação a posterior ocupação norte-americana. Recordou que em terras de Guantánamo desembarcaram José Martí, Máximo Gómez e outros patriotas para reiniciar a guerra pela independência de Cuba contra o colonialismo espanhol, objectivo que ter-se-ia alcançado se não fosse a intervenção militar dos EUA.
Perez denunciou que a ilegal utilização da base militar para concentrar imigrantes, considerados por Washington «delinquentes perigosos», constitui uma provocação contra Cuba e uma afronta à sua soberania. E enfatizou que a Casa Branca será responsável pelo que acontecer no perímetro dessa base militar, a partir da qual os EUA apoiaram bandos armados contra o governo revolucionário cubano, prenderam alegados terroristas de origem árabe e, agora, detêm imigrantes latino-americanos.
Yoel Pérez exigiu o levantamento do bloqueio norte-americano imposto a Cuba, que custa um elevado preço ao seu povo e priva-o de recursos financeiros, abastecimentos, peças sobresselentes, combustíveis e alimentos imprescindíveis. «O bloqueio é um acto de genocídio que se destina a matar inocentes no afã de derrubar a Revolução Cubana, por esta defender a sua convicção de ser independente, trabalhar e viver em paz», concluiu.
Base naval dos EUA é «centro de tortura»
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, esteve na ilegal base naval norte-americana da Baía de Guantánamo, em território cubano.
O objectivo da visita, no dia 26, foi receber informação sobre as actividades no Centro de Operações para Migrantes e no Centro de Detenção da Baía de Guantánamo, este último um centro de tortura mantido pelos EUA desde 2002, amplamente condenado pelas violações contra os direitos humanos.
Com a nova admistração, Washington procura converter a base militar num centro de detenção de alegados «perigosos estrangeiros ilegais» deportados dos EUA. Foi anunciada a instalação na base de milhares de tendas para albergar 30 mil imigrantes expulsos dos EUA.