O «problema» é a mensagem ou o mensageiro?

Falemos daqueles que são apontados como os grandes obstáculos à eficácia mediática da mensagem do PCP: é difícil de entender, diz pouco à maioria e está, geralmente, desligada dos temas que dominam a agenda dos órgãos de comunicação social. Em resumo, segundo esta tese, o PCP, quando fala, é chato, diz coisas incompreensíveis para quase toda a gente e, quando o mundo inteiro fala de alhos, vem falar de bugalhos.

Quarta-feira, dia 19, o Jornal de Notícias fez manchete com o escândalo que representa o preço do gás de botija em Portugal: «Preço da botija de gás já subiu 28% e custa mais do dobro que em Espanha.» O tema foi tratado, durante o dia, por praticamente todos os órgãos de comunicação social – televisões, rádios e edições online. O Secretário-Geral do PCP fez uma declaração ao início da tarde a denunciar o duplo escândalo, o da notícia e o dos lucros da GALP (em torno dos mil milhões de euros em 2023 e 2024). Uma declaração que cumpre o critério de relevância mediática e que diz muito aos milhões de portugueses que dependem de gás engarrafado para cozinhar, ter água quente ou aquecer a casa.

Sobra, portanto, aquele critério subjectivo: terá sido a declaração de Paulo Raimundo chata e desinteressante? Terá sido essa a razão que levou a que nenhuma estação de televisão a tenha utilizado nos seus principais noticiários (apesar de terem tratado a notícia que lhe esteve na origem)? Foi por isso que nas redacções da RTP e da CNN/TVI se decidiu ignorar em absoluto a declaração? Utilizemos então um indicador, decerto discutível, mas plenamente objectivo, para tentar perceber como a declaração foi recebido por aqueles a quem esta chegou: o número de visualizações que o vídeo teve numa das principais redes sociais em que a SIC Notícias (o único canal que a emitiu) a publicou. Foi, tão só, o vídeo mais visto do dia.

Se o problema não está no conteúdo, no forma e na oportunidade da declaração, a explicação que sobra reside numa opção editorial de excluir o PCP. No dia seguinte, o ex-director do Público explicava que «quem controla a narrativa, controla a História, como se costuma dizer», num texto em que classifica a moção de censura que dominou o noticiário político durante toda a semana como uma «cilada urdida inteligentemente por André Ventura, apoiada por Pedro Nuno Santos e alimentada por comentadores, jornalistas, televisões e jornais apenas com um propósito: reconhecer uma vez mais que a agenda política do país está a ser cada vez mais manipulada pelo populismo, pela demagogia e pelas teorias da conspiração».

Diz, com candura, quem sabe do que fala, depois de reconhecer que «este texto é a confirmação do mal que pretende denunciar e combater; este texto é em si mesmo um sinal de uma derrota cívica que pretende evitar; este texto, em síntese, não devia ter sido escrito». Mas foi, na edição de 20 de Fevereiro do Público, em que a denúncia do PCP no dia anterior não teve espaço.

 



Mais artigos de: PCP

PCP evoca 500 anos de Camões

«Camões, poeta do povo num mundo em mudança» é o lema das comemorações do V centenário de Luís Vaz de Camões, promovidas pelo PCP, no âmbito das quais se realizaram já algumas iniciativas.

Bairro da Penajóia, o outro lado da especulação

No bairro da Penajóia, em Almada, vivem 500 famílias em condições deploráveis, sem água nem electricidade. Os moradores organizados exigem a intervenção das autoridades e têm contado sempre com a solidariedade do PCP e da CDU, que visitaram o bairro na segunda-feira.

SNS e trabalhadores são foco de acções no Minho

O Secretário-Geral do PCP participou, na terça-feira, em acções de contacto no Hospital de Braga e na empresa Somelos, Guimarães, no âmbito da acção Aumentar Salários e Pensões, para uma vida melhor.