Unidade e firmeza na luta resultam em conquistas
Os trabalhadores da Veolia na Super Bock preparavam-se para iniciar uma greve de três dias, quando a administração fez uma nova proposta, permitindo um acordo com aumentos salariais substanciais.
As posições patronais acabam por mudar, face à perspectiva de greves fortes
Pela segunda vez, a marcação de uma greve fez com que a administração alterasse a sua posição perante o caderno reivindicativo que foi aprovado pelos trabalhadores, organizados no SINTAB.
Em Janeiro, perante uma greve de 24 horas, marcada para dia 6, os patrões abandonaram a recusa de reuniões com o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos e declararam abertura para negociar melhorias salariais. Isto não se concretizou, embora tenha havido avanços quanto à organização dos horários de trabalho, como o sindicato da FESAHT/CGTP-IN então assinalou.
Perante a recusa de negociar aumentos salariais, foi decidido, em plenário, a 30 de Janeiro, retomar a luta. A greve foi convocada para 10 a 12 de Fevereiro.
Na manhã de sábado, dia 8, representantes do SINTAV e da Veolia firmaram um acordo que, como depois revelou o sindicato, «garante a todos os trabalhadores um aumento de 270 a 295 euros, nos salários-base, assim como o pagamento mensal de um subsídio de laboração contínua de 100 euros, a todos os que operam nesse regime».
«Estão, assim, aproximados os salários destes trabalhadores aos mínimos do sector de actividade, bem como equiparados aos mínimos das tabelas salariais da Super Bock para aquele enquadramento funcional», congratulou-se o sindicato, considerando que «este foi mais um exemplo do potencial da capacidade reivindicativa dos trabalhadores, quando unidos e organizados».
A partir de agora, há «tempo e espaço para a normal progressão de carreira de todos os trabalhadores», que garantem a operação das centrais de energia e da ETAR, na Super Bock Bebidas, em Matosinhos, bem como a manutenção dos edifícios. Como o sindicato realçou, trabalham em regime de turnos rotativos e laboração contínua, em funções de elevada exigência técnica e de responsabilidades acrescidas, mas auferiam salários insuficientes, em vários casos próximos da remuneração mínima interna, pouco acima de 900 euros.
Santa Princesa já cumpre
No navio Santa Princesa, «os salários e recibos foram rectificados, estando a ser cumprido o Acordo de Empresa» assinado a 24 de Outubro, informou o Sindicato dos Trabalhadores da Pesca do Norte, no dia 8, quando os pescadores «voltaram para o mar, após três dias no porto, para reparação de uma avaria». Passaram-se «semanas de luta», com a tripulação a ameaçar, várias vezes, que paravam a laboração, se a empresa não rectificava os seus salários e recibos.
Falta rectificar os valores de 2024, e hoje, dia 13, «será um momento importante, pois a empresa assumiu reunir-se com o sindicato para resolver a situação».
Highpoint pagou
A Highpoint, concessionária do serviço de limpeza nos comboios da CP, pagou a horas os salários, levando assim a que não se realizasse a greve marcada para 31 de Janeiro e 1 de Fevereiro. Para o STAD/CGTP-IN, trata-se de «uma grande vitória» dos trabalhadores e da sua «força, união e disposição para lutar».
«Para não permitir que a Highpoint volte a atrasar-se no pagamento dos salários» de Fevereiro, o sindicato adiantou que a forma de luta se vai repetir, no final do mês.
Os salários de Dezembro e subsídios de Natal foram pagos a poucos dias de uma greve, marcada para 24 de Janeiro. Os atrasos têm sido constantes, como recentemente denunciou o PCP, que insistiu na exigência de integração destes trabalhadores no quadro da CP.
CTT na Baixa da Banheira
«Depois da mobilização e luta dos trabalhadores, os responsáveis da empresa vieram a assumir compromissos de resolução dos problemas», informou a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, ao revelar que, a 23 de Janeiro, o seu sindicato SNTCT, «depois de discussão com os trabalhadores, suspendeu a greve nos CTT da Baixa da Banheira, marcada para os dias 27 e 28».
Como noutros serviços dos Correios, a greve teve por principal motivo a falta de pessoal e a sobrecarga laboral, com prejuízos para os trabalhadores e para os utentes.
«São os trabalhadores que, com as suas lutas, defendem o serviço postal público, universal e ao serviço das populações», comentou a FECTRANS/CGTP-IN.
A federação voltou a acusar que «o serviço público, a que as populações têm direito», é «sistematicamente posto em causa pelas opções dos administradores», que o pretendem transformar em negócio lucrativo para os accionistas.