EUA evidenciam cumplicidade com política criminosa de Israel

Deslocação forçada da população palestiniana e ocupaçãodo território: são estes os planos anunciados por Donald Trump para a Faixa de Gaza, revelados durante a visita aos EUA do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu.

Plano dos EUA é «uma arrogante afirmação dos sinistros projectos que unem o sionismo israelita e o imperialismo norte-americano»

Os habitantes daquele território, acrescentou, devem abandoná-lo para não voltar, desde logo para o Egipto e para a Jordânia. O presidente norte-americano referiu-se até à possibilidade de fazer daquele território palestiniano – devidamente esvaziado do seu povo – a «Riviera do Médio Oriente». Netanyahu elogiou o «plano» de Trump.

A resistência palestiniana, vários chefes de Estado e de governo e responsáveis de instituições internacionais, repudiaram a intenção norte-americana que, garantem, agravaria ainda mais a situação. Há quem fale mesmo de um «caminho para o caos». Em Portugal, o PCP, o CPPC e outras organizações reagiram prontamente às declarações de Donald Trump (ver caixa).

Uma «cimeira árabe de emergência» para debater «os últimos desenvolvimentos graves» na questão palestiniana, com o plano norte-americano para «tomar conta» da Faixa de Gaza, está a ser organizada pelo Egipto, para o próximo dia 27. A convocação da reunião ao mais alto nível surge num momento em que o governo do Cairo mobiliza apoio regional contra o plano norte-americano.

Troca de prisioneiros
Israel recebeu no sábado, 8, três israelitas e entregou 183 palestinianos, durante a quinta troca de prisioneiros com a resistência palestiniana desde o início do cessar-fogo na Faixa de Gaza, no mês passado.

Os três presos israelitas foram entregues à Cruz Vermelha na cidade de Deir al-Balah. Durante a entrega, dezenas de milicianos armados posicionaram-se na zona, numa demonstração de força por parte da resistência palestiniana, após 15 meses de bombardeamentos israelitas.

Desde o começo do cessar-fogo, foram trocados 583 palestinianos por 16 israelitas e cinco trabalhadores tailandeses, que já regressaram ao seu país.

O acordo prevê que durante seis semanas sejam libertados 25 israelitas e entregues os cadáveres de outros oito, em troca da libertação de 1904 palestinianos, dos quais 1167 foram recentemente detidos na Faixa de Gaza.

No início desta semana, a resistência palestiniana admitiu a hipótese de não libertar os três prisioneiros israelitas no próximo sábado devido às violações do cessar-fogo por parte de Israel. Em causa estão os contínuos ataques contra palestinianos e os obstáculos ao seu regresso, a proibição de entrada de ajuda humanitária no território, o desrespeito pela retirada militar israelita de certos locais e a presença contínua de drones de reconhecimento israelitas no território. A resistência palestiniana admite que o governo israelita pretenda que o cessar-fogo não prossiga.

Donald Trump, entretanto, já veio exigir a libertação de todos os prisioneiros israelitas já no sábado, passando por cima do desrespeito e violação por parte de Israel dos termos acordados no cessar-fogo. Forças sionistas, algumas que participam no governo israelita, fizeram sua esta exigência.

Agressão israelita contra a Cisjordânia
Com a agressão militar lançada desde Janeiro contra a Cisjordânia, Israel está a impulsionar a expulsão do povo palestiniano das suas casas e terras, acusaram autoridades palestinianas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros e Expatriados palestiniano alertou para a expulsão da população de cidades, aldeias e campos de refugiados na Margem Ocidental, por parte das forças israelitas. Trata-se de uma nova e flagrante violação do direito internacional, denunciam as autoridades palestinianas. Os governantes israelitas «aproveitam os planos para expulsar à força o nosso povo da Faixa de Gaza para aprofundar e ampliar ao mesmo tempo a deslocação forçada dos refugiados da Cisjordânia», realça.

 

Indignação e solidariedade

Numa nota no dia 5, o PCP condenou firmemente as graves declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, em relação à situação na Palestina e no Médio Oriente, que explicitamente proclamam a expulsão do povo palestiniano da Faixa de Gaza e a ocupação deste território pelos EUA.

Sintomaticamente proferidas no quadro da visita do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a Washington, estas declarações «constituem uma arrogante afirmação dos sinistros projectos que unem o sionismo israelita e o imperialismo norte-americano visando liquidar a causa nacional palestiniana e impor o seu domínio no Médio Oriente», assinala o PCP.

Tais declarações e os projectos que comportam «exigem do governo português uma clara e inequívoca condenação e posição em defesa dos legítimos e inalienáveis direitos nacionais do povo palestiniano, consagrados no direito internacional, incluindo em inúmeras resoluções da ONU», considera o PCP.

Os comunistas reafirmam a importância da intensificação da solidariedade para com a heróica luta do povo palestiniano pela criação do seu próprio Estado independente e soberano.

Solidariedade do CPPC com o povo palestiniano
O CPPC considera que as declarações do presidente norte-americano merecem «a mais clara e veemente condenação de todos quantos desejam a paz e defendem os direitos dos povos». Lembra que a intenção de expulsar a população da Faixa de Gaza foi abertamente declarada pela anterior administração dos EUA, que tentou que o Egipto e a Jordânia «abrissem as suas fronteiras para que Israel expulsasse pela violência o povo palestiniano das suas casas e terras ancestrais – o que há muito é pretendido pelos sionistas». Agora, Washington não só recupera este intento como declara que a Faixa de Gaza ficará sob o domínio dos EUA.

O CPPC reafirma a solidariedade ao povo palestiniano e à sua heróica luta pelos seus inalienáveis direitos nacionais, consagrados em inúmeras declarações da ONU, que Israel sempre desrespeitou com o apoio e a cumplicidade dos EUA. Só a criação de um Estado palestiniano soberano, independente e viável – nas fronteiras anteriores a Junho de 1967 e com capital em Jerusalém Oriental, conforme as resoluções da ONU – pode assegurar uma paz justa e duradoura na Palestina e no Médio Oriente.

O CPPC é uma das organizações promotoras das concentrações da próxima terça-feira, de solidariedade com a Palestina (ver página 32).

Pelo fim dos negócios com colonos israelitas
Sindicatos, movimentos de solidariedade, organizações de defesa dos direitos humanos, num total de 163 entidades, enviaram uma carta à presidente da Comissão Europeia reclamando medidas eficazes para proibir o comércio entre a União Europeia e os colonatos ilegais de Israel nos territórios palestinianos ilegalmente ocupados.

 



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