Cessar-fogo na Faixa de Gaza deve ser permanente

No quadro do acordo de cessar-fogo, a população palestiniana regressa às suas terras no norte da Faixa de Gaza, deparando-se com um cenário de total destruição. Também no seu âmbito, Israel e a resistência palestiniana efectuaram no dia 25 o segundo intercâmbio de prisioneiros, em que foram libertados 200 prisioneiros palestinianos e quatro militares israelitas.

Estima-se que nos cárceres israelitas ainda estejam cerca de 10300 palestinianos

Lusa


A primeira fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, nos seus 42 dias iniciais, prevê o fim das operações militares e a retirada das forças israelitas das zonas povoadas do território, incluindo o chamado «eixo de Netzarin», que o corta em dois. Acordados foram, também, o retorno ao norte do território de centenas de milhares de deslocados, de uma população total de mais de dois milhões de habitantes, e a entrada diária de um mínimo de 600 camiões (carregados de água, alimentos, combustível, medicamentos, artigos de higiene, tendas) para minorar a severa crise humanitária e sanitária provocada por um ano e três meses de brutal e contínua agressão e bloqueio israelita.

Também no quadro deste acordo, a resistência palestiniana libertou quatro militares israelitas, todas mulheres, numa troca com 200 prisioneiros palestinianos, 70 dos quais – que cumpriam longas condenações pelos tribunais israelitas – foram enviados para o Egipto, por exigência de Israel. Ali permanecerão até encontrarem asilo num país de acolhimento, estando «proibidos» por Israel de regressar aos seus lares na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

No primeiro intercâmbio de prisioneiros, no dia 19, a resistência palestiniana soltou três mulheres israelitas em troca de 90 prisioneiros palestinianos, grupo constituído sobretudo por mulheres e menores.

Espera-se que durante esta primeira fase do acordo, que se estenderá por seis semanas, sejam libertados 33 israelitas em troca de 1904 palestinianos, 737 deles condenados a diversas penas por Israel, e 1167 detidos nos últimos 15 meses na Faixa de Gaza durante os ataques das forças israelitas. Calcula-se que, actualmente, ainda estejam presos nos cárceres israelitas cerca de 10300 palestinianos.

A segunda fase do acordo, que deverá começar a ser negociada 16 dias depois do início do cessar-fogo, com a mediação de diversos países, entre os quais o Catar e o Egipto, visa assegurar uma trégua completa e sustentável, o intercâmbio de um número adicional de prisioneiros e a retirada completa das forças israelitas da Faixa de Gaza.

Ataques israelitas na Cisjordânia
O exército israelita prossegue os ataques à volta da cidade de Jenin e do vizinho campo de refugiados palestinianos. Esta nova agressão israelita na Cisjordânia já provocou um número indeterminado de mortos e feridos.

As tropas ocupantes efectuaram diversos ataques em aldeias e povoados próximos da cidade, considerada um bastião das milícias de resistência palestinianas na Margem Ocidental. As forças sionistas invadem lares, prendem pessoas, destroem habitações, destroem infra-estruturas, cercam os principais hospitais desta cidade.

As forças sionistas aumentaram as restrições nos postos de controlo estabelecidos nas entradas de Ramallah – onde se situa a sede administrativa da Autoridade Nacional Palestiniana – e Al-Byreh, dificultando a circulação dos habitantes e de bens.

Segundo a agência noticiosa Wafa, as tropas israelitas intensificaram o cerco a cidades e povoados palestinianos e ameaçam com uma grande operação militar na Cisjordânia

Israel viola acordo com o Líbano
As autoridades libanesas informaram, no domingo, 26, que três pessoas foram assassinadas e pelo menos outras 44 ficaram feridas em ataques israelitas contra pessoas que regressavam aos seus lares, depois de esgotado o prazo para a completa retirada do exército israelita do Líbano.

Israel viola, assim, as condições do acordo assinado, segundo o qual já se deveria ter retirado totalmente das posições que ocupou no sul do Líbano. Estima-se que, em dois meses, as tropas israelitas tenham violado centenas de vezes o cessar-fogo no sul do Líbano. Foi noticiado, entretanto, que Israel e Líbano prolongaram o cessar-fogo até 18 de Fevereiro.


Mais de 250 deputados apelam à suspensão do acordo UE-Israel

Mais de 250 deputados de 17 países que integram a União Europeia (UE) apelaram à suspensão do acordo de associação entre a UE e Israel, invocando as violações da «cláusula de direitos humanos».

Em 15 meses, «as forças israelitas mataram mais de 45 mil palestinianos em Gaza (incluindo 17 mil crianças), feriram 100 mil e deslocaram quase toda a população da zona ocupada, ao mesmo tempo que negaram o acesso a alimentos, água, medicamentos e necessidades básicas de sobrevivência, conduzindo a uma situação humanitária catastrófica, à fome e à propagação de doenças», referem os signatários do apelo.

Afirmam-se particularmente preocupados com a «incapacidade de agir» da Comissão Europeia para proceder em conformidade com o parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) e do seu acórdão que declara plausível que Israel esteja a praticar actos de genocídio contra os palestinianos na Faixa de Gaza, bem como das resoluções e relatórios pertinentes da ONU.

Em Fevereiro do 2024, a Irlanda e a Espanha solicitaram formalmente à Comissão Europeia que revisse e suspendesse o acordo de associação UE-Israel, tendo em conta as violações dos direitos humanos por parte de Israel. Até à data, não houve qualquer resposta por parte desta.

Os deputados congratulam-se com as notícias sobre o cessar-fogo, mas sublinham a necessidade de continuar a exercer pressão internacional no sentido de uma paz duradoura.

O deputado do PCP no Parlamento Europeu João Oliveira e os eleitos comunistas na Assembleia da República, Paula Santos e António Filipe, integram a lista de signatários.

Em 20 de Janeiro, um grupo de 34 sindicatos europeus, incluindo grandes confederações, denunciou a inacção da Comissão Europeia na avaliação da conformidade de Israel com a «cláusula de direitos humanos» do acordo de associação.

Duas centenas de Organizações Não-Governamentais (ONG), entre as quais o Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), lançaram em Setembro de 2024 uma campanha apelando à suspensão do acordo de associação com Israel.

 



Mais artigos de: Internacional

Rejeitar a chantagem da NATO promover a paz e o desarmamento

A visita do Secretário-Geral da NATO a Lisboa, considerou Paulo Raimundo, inseriu-se num «processo de pressão e chantagem para o aumento dos gastos militares e a promoção da deriva militarista, objectivos contrários à paz e aos interesses de Portugal».

Solidariedade com Cuba! Pôr fim ao bloqueio!

«Cuba nunca devia ter sido integrada nesta ilegítima lista, tanto mais quando são os EUA que há décadas promovem uma política de cariz terrorista contra o povo cubano e a sua revolução socialista», afirma o PCP sobre a decisão da administração norte-americana presidida por Trump de voltar a incluir Cuba na arbitrária lista de países ditos «patrocinadores do terrorismo».

China e Rússia reforçam laços perante «incertezas externas»

Os chefes de Estado da China e da Rússia estiveram reunidos no dia 21, por videoconferência, e realizaram um intercâmbio sobre temas internacionais e regionais de interesse comum. O presidente chinês, Xi Jinping, instou o seu homólogo russo, Vladimir Putin, a conduzir os vínculos bilaterais a um novo nível para...

Aliança no Sahel

Os cofres do Solidarity Bank, em Bamaco, guardam hoje três toneladas de ouro apreendidas pelo governo maliano à empresa mineira canadiana Barrick, como garantia de pagamento de impostos devidos ao Estado do Mali. O diferendo agravou-se em Novembro do ano passado, quando as autoridades judiciais do país africano...