Trump toma posse nos EUA: incertezas e ameaças

Após prestar juramento como 47.º presidente dos EUA, na segunda-feira, 20, em Washington, Donald Trump pronunciou um discurso em que, entre outros aspectos, reafirmou que porá os interesses norte-americanos acima de tudo e proclamou que o declínio dos EUA acabou.

Donald Trump determina a reinclusão de Cuba na arbitrária lista dos EUA de ditos «países patrocinadores do Terrorismo»

Lusa


Trump assinou vários decretos no dia da sua tomada de posse, entre os quais a reinclusão de Cuba na arbitrária lista dos EUA de ditos «países patrocinadores do Terrorismo», anulando a decisão que a administração Biden tomou no fim dos seus quatro anos de mandato (ver página 21).

Outra das medidas assumidas logo após a sua chegada à Casa Branca foi a declaração do «estado de emergência» no sul dos EUA, para onde serão enviadas tropas visando responder ao que chamou de «crise nas fronteiras», em referência à entrada de imigrantes. Retomar a construção do muro entre os EUA e o México, suspender o acolhimento de refugiados por, pelo menos, quatro meses e acabar com a concessão automática de nacionalidade aos filhos do imigrantes ou requerentes de asilo já nascidos no país, foram algumas das outras medidas que o novo presidente norte-americano adoptou.

Trump criticou a alocação de recursos, segundo ele, para a defesa de fronteiras estrangeiras, enquanto se desguarnecem as fronteiras nacionais. Citou a situação na Carolina do Norte e em Los Angeles como exemplo de uma gestão inadequada de situações de emergência. E voltou a falar em tomar o controlo do Canal do Panamá e em mudar o nome do Golfo do México para «Golfo da América».

Trump garantiu que vai declarar os cartéis de droga como organizações terroristas, o que poderá constituir um pretexto para intervenções militares futuras. O México foi especificamente referido como país de origem desses cartéis.

Ameaçando com a imposição do aumento de taxas às importações oriundas da UE, caso esta não aumente a compra de petróleo e gás norte-americano, assim como aos países que integram o BRICS, caso estes diminuam a utilização do dólar nas suas transações comerciais, Trump decidiu aumentar as taxas às importações provenientes do México e do Canadá, a serem pagas pelos importadores já a partir de Fevereiro.

Outras medidas postas em marcha com a assinatura das «ordens executivas», incluem, a declaração de «emergência energética» – os EUA, garante Trump, voltarão a ser «um país de produção de petróleo e gás» e exportarão energia para todo o mundo – e a retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, assim como da Organização Mundial de Saúde.

Entre outras medidas, Trump decidiu ainda o fim das sanções a colonos israelitas responsáveis por crimes contra a população palestiniana na Cisjordânia.

Rússia e China reagem
Poucas horas antes da tomada de posse de Donald Trump como presidente dos EUA, a Rússia anunciou a disponibilidade para dialogar e procurar uma solução política para o conflito na Ucrânia. O presidente Vladimir Putin declarou abertura para dialogar sobre um possível acordo que estabeleça a paz por um longo prazo em toda a região. «O mais importante aqui é eliminar as causas fundamentais da crise», precisou o chefe do Estado russo, destacando que qualquer acordo será construído sobre uma base de igualdade e mútuo respeito.

A China garante estar pronta para cooperar com os EUA em questões comerciais, depois das diversas ameaças de imposição de elevadas taxas alfandegárias sobre produtos chineses feitas durante a campanha eleitoral e não consumadas, pelo menos para já. Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês admitiu a existência de diferenças e, até, de fricções entre os dois países, mas apontou também as «imensas» possibilidades de cooperação.

As autoridades chinesas valorizaram aOMS, cujo papel, sublinham, «deve ser reforçado e não enfraquecido». A China comprometeu-se a continuar a apoiar a OMS e a aprofundar a cooperação internacional no domínio da saúde pública.

 



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