«Carrossel louco» no topo exige resgate da GALP
Para a Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal, o Grupo Amorim, na administração da empresa e do Grupo GALP Energia, e os governos são os responsáveis pela situação de indefinição quanto ao futuro.
Comprova-se que o fecho da refinaria foi uma decisão calamitosa
«Para fazer o anúncio da expiração do prazo de mais um presidente da Comissão Executiva» (PCE), a presidente do Conselho de Administração (PCA), Paula Amorim, interrompeu mais uma vez «o seu estado de completa ausência, no que à empresa diz respeito», observou a CCT, no dia 8.
Num comunicado em que declarou a sua «moção de censura» ao Grupo Amorim, a estrutura representativa dos trabalhadores reagiu à recente substituição do PCE (CEO, na sigla em inglês). Admitindo a gravidade de «um eventual incumprimento do Código de Ética», nota que «tudo poderia ter sido resolvido no remanso dos gabinetes, como é normal», mas «surgiu na comunicação social uma precisa e pouco usual fuga de informação».
«Montou-se assim um golpe de teatro, que meteu romance e drama, temperados com uma boa dose de hipocrisia», criando «um caso, com a exposição pública na dose certa para atingir o efeito pretendido, a saída de Filipe Silva».
Considerando «tudo dito» sobre este caso, a CCT salientou que a posição de PCE se tornou um «carrossel louco», desde que Gomes da Silva se demitiu, ao fim de seis anos, a 12 de Janeiro de 2021, «simbolicamente, no dia em que os trabalhadores contestavam na rua o encerramento da Refinaria do Porto». Seguiram-se Andy Brown, que «desenhou o actual Plano Estratégico», e Filipe Silva, que «pegou nesse plano e jogou-o no lixo».
«Precisamente com o encerramento da Refinaria do Porto» começou «uma deriva» no rumo da empresa e do grupo, e isso deveria levar até a que, «entre outros», se demitisse a PCA. Mas, para a CCT, «não se coloca» esta demissão, antes se exige «o resgate da empresa/grupo para o interesse público, para o sector empresarial do Estado, interrompendo o caminho de destruição».
Página negra
O fecho da refinaria em Matosinhos, «episódio negro na história da empresa e do País», assentou na «ideia, cozinhada pelo Governo PS/Costa, de que Portugal seria a lebre de uma suposta transição energética acelerada na União Europeia». Tratou-se, afirma a CCT, de «uma opção política de fundo, sem racionalidade económica, alinhada com o Governo» e «levada a cabo por um grupo privado», com Paula Amorim como «a protagonista».
Há quatro anos, a administração encerrou «uma instalação comprovadamente crucial para a empresa e correu atrás de uma ideia, cuja sustentabilidade estava por demonstrar e que, agora, já podemos comprovar como calamitosa».
A CCT assinala que os resultados recorde alcançados desde então «foram suportados pelas áreas supostamente tradicionais» (exploração, produção e refinação), factos que ficam «cada vez mais distantes do discurso oficial de aposta nas renováveis. Tal aposta apresenta «resultados pouco mais que pífios», culminando na «morte» do projecto Aurora (que prometia uma refinaria de lítio em Setúbal).
Entretanto, prossegue a CCT, «continua a ignorar-se a centralidade dos terrenos da Refinaria do Porto para o fomento industrial da empresa e do País, nomeadamente e também para um novo projecto das baterias». A razão para tal, sugere-se no comunicado, pode estar ligada «aos interesses imobiliários do Grupo Amorim a Norte e, porventura, na urbanização daqueles terrenos, não para habitação social ou destinada à moribunda classe média, mas para o luxo, tão querido a Paula Amorim».