Trump. Excentricidades?...
Donald Trump realizou uma conferência de imprensa no passado dia 7 de Janeiro. Entre várias questões internas, designadamente o perdão aos invasores do Capitólio, Trump dedicou parte da conferência à política externa. Enquanto o filho “visitava” a Gronelândia, Trump anunciou o objectivo de intervir sobre aquela região autónoma da Dinamarca para que se torne “parte dos EUA”. O mesmo relativamente ao Canadá. Quanto ao Canal do Panamá, e com o ex-presidente Jimmy Carter já falecido, Trump classificou o acordo de 1977 da sua devolução à soberania panamenha como “uma desgraça”, afirmando o objectivo de reaver o domínio do canal pelo EUA. Neste caso, tal como no da Gronelândia, foi equívoco quanto à possibilidade de intervenção militar. Prosseguindo, ameaçou o México e o Canadá com uma guerra comercial e anunciou tencionar mudar o nome do Golfo do México para Golfo da América. Quanto ao Médio Oriente, a frase «ou o Hamas devolve todos os reféns até à tomada de posse ou o inferno vai soltar-se» confirma que não só irá prosseguir o apoio da administração Biden à política genocida de Israel, como a vai aprofundar.
Tais declarações suscitam-nos dois comentários. O primeiro é que tudo isto não são “excentricidades” de Trump. São medidas que visam objectivos similares ao da administração Biden, mas com outra táctica. Como temos dito, os EUA tentam, por todos os meios, travar o seu declínio relativo e conter a China, o seu grande alvo. Se Biden optou pela teoria do elo mais fraco tentando enfraquecer a Federação Russa para mudar o equilíbrio de forças na Eurásia, já Trump deixa claro que quer confrontar directamente a China e pelo caminho declarar guerra à Rota da Seda. Daí o objectivo de manter em “banho-maria” a guerra na Ucrânia, forçar os aliados a suportar ainda mais a corrida armamentista e avançar no controlo do Árctico, do Médio Oriente e da Rota do Pacífico.
Para isso, os “aliados” têm de se submeter, dê por onde der. E isso leva-nos ao segundo comentário: O “cuidadinho” dos dirigentes da União Europeia e da NATO e dos “comentadores” ao seu serviço na reacção a tais anúncios. Fosse outro o protagonista e já estaríamos a assistir a sanções económicas e comerciais, retaliações diplomáticas e catarses militaristas em nome do combate ao “inimigo externo” que ameaça a “soberania europeia”. Assim não foi, e isso diz muito sobre a hipocrisia de toda essa gente.