Levantar a bandeira da solidariedade e da luta

Ricardo Costa (Membro da Comissão Política)

É o povo quem decide do seu futuro, e será também o povo a construir a paz

Findo o ano de 2024, importa olhar para a frente e para o futuro. Se é certo que em 2024 a luta dos trabalhadores e do povo em geral foi de grande significado, importa agora prosseguir essa luta com força e determinação. É tempo de novo de levantar bandeiras. É tempo de, com a coragem, a confiança e a alegria que a luta nos traz, demonstrar que não aceitaremos o que o sistema nos procura impor.

O sistema capitalista enfrenta hoje sérias dificuldades e, tendo em conta essa realidade, tem procurado diversas saídas para a sua instabilidade, desde logo a exploração e depredação de recursos, o acentuar da exploração dos trabalhadores, a ingerência e desestabilização na vida de vários países, a guerra.

É com perplexidade que olhamos para um mundo em conflito, enquanto ao mesmo tempo, nas televisões, nos jornais, na radio, no online, entre tantos comentários e comentadeiros, se apresenta a realidade em que vivemos como normal e até necessária para a estabilidade e a defesa da democracia e do mundo, quando a história já nos demonstrou por diversas vezes que assim não o é.

Como é que se pode entender que o ser humano, para viver tranquilamente a sua vida, para defender os seus direitos, para viver em paz e harmonia, precise de matar outros? Defender a ideia de que, numa relação de poder, um ser humano possa sobrepor-se a outro pelo uso da força e podendo até retirar-lhe sua vida, é e só pode ser condenável, e apenas subsiste, se alimenta e cresce numa organização de sociedade e num sistema caduco, retrógrado – e que inevitavelmente terminará.

Como é que se pode aceitar a expulsão de um povo do seu território, destruindo as suas casas, escolas, hospitais, todo o tipo de infra-estruturas, matando as suas famílias, forçando-os, perante um cenário de morte e destruição, a fugir e abandonar o que é seu? Como é que se pode entender que outros, senão os povos, procurem decidir quem é ou vai ser o futuro presidente de um país? Como é que se pode aceitar que, tendo um povo decidido o seu caminho, venham depois dizer que esse caminho “não vale” porque o seu projecto de ingerência e domínio não venceu?

Como é que se pode aceitar que um punhado de gente viva com tanto e a ampla maioria do povo viva com tão pouco? Como é que se pode aceitar que, perante tanta riqueza criada, possa haver quem ainda morra à fome? Como é que se pode aceitar que se fale em desenvolvimento tecnológico e inteligência artificial e se esqueça a inteligência humana para fazer o bem, se deixe alguém morrer sem tratamento médico adequado porque não tem dinheiro para o fazer? Como é que podemos aceitar que nos roubem qualidade de vida e que ponham em causa os nossos direitos, como o salário, a pensão e reforma, a saúde e a educação, para aumentar o orçamento da guerra?

Não aceitamos!

É por isso necessário levantar a bandeira da solidariedade e da luta – pelos salários e pelos direitos, por uma vida com dignidade, pela defesa dos serviços públicos, contra as discriminações, o racismo, a xenofobia, o ódio. É por isso necessário levantar a bandeira e a luta pela Paz, elemento aglutinador de todos aqueles que não aceitam a destruição do mundo, a fome e a miséria.

No próximo sábado, dia 18 de Janeiro, dia histórico para a classe operária portuguesa, os trabalhadores e o povo dirão uma vez mais: Paz, sim! Guerra, não!

É o povo quem decide do seu futuro, e será também o povo a construir a paz entre os seus, combatendo e destruindo o capitalismo e erguendo o mundo novo a que temos direito.



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