Milhares em Lisboa contra o racismo e a instrumentalização da polícia

A manifestação «Não nos encostem à parede» contou com a participação de milhares de pessoas, destacando-se muitos imigrantes, que denunciaram a instrumentalização de operações policiais como a de 19 de Dezembro.

É perigoso que o poder político instrumentalize as forças de segurança

Realizada no passado sábado, dia 11, esta acção foi convocada por mais de 130 estruturas muito diversas, entre as quais a Juventude Comunista Portuguesa, e contou com o apoio expresso de mais de 1800 pessoas, que subscreveram o apelo a defender que «todas as pessoas que vivem e trabalham em Portugal têm de ser tratadas com dignidade, como consagram as leis da democracia, nomeadamente a Constituição da República» e a rejeitar «mentiras que tentam normalizar e desculpar o indefensável».

A manifestação começou na Alameda Dom Afonso Henriques, para em seguida descer a Avenida Almirante Reis, até terminar no Martim Moniz, ao fim de mais de três horas. Aqui intervieram dirigentes de algumas das organizações promotoras e, por fim, actuaram grupos e músicos convidados e solidários.

A esta acção acorreram «aqueles que percebem que a instrumentalização das forças de segurança pelo poder político é um perigo para a população, é um perigo para os próprios agentes das forças de segurança e é um perigo para a democracia», como disse João Ferreira.

Em declarações à comunicação social, o membro da Comissão Política do Comité Central e vereador da CM de Lisboa realçou que, «quando essa instrumentalização é feita para voltar grupos da população contra outros grupos da população, mais perigoso se torna ainda», porque «hoje são uns, amanhã seremos todos» a sofrer as consequências.

João Ferreira realçou que, como «estas pessoas estão aqui também a dizer», vive-se «o momento em que devemos afirmar que a Constituição da República é mesmo para valer, todos os direitos, liberdades e garantias nela inscritos têm de ser para valer, sem exclusões nem discriminações de nenhuma espécie». A Constituição «não pode ser só letra morta , tem de ser para valer na nossa vida», insistiu.

Da delegação do PCP que participou na manifestação fizeram ainda parte Bruno Dias e João Pimenta Lopes, membros do Comité Central, e Ana Jara, vereadora na CM de Lisboa.

Um numeroso grupo de jovens marcou a presença da JCP na manifestação.

Entre outras forças políticas, também o Partido Ecologista Os Verdes se fez representar com uma delegação.

A agenda do PSD e do CDS
Na segunda-feira, após um encontro com o PEV (que noticiamos na pág. 13), o Secretário-Geral do PCP considerou que o primeiro-ministro «está a tentar desviar as atenções e a tentar sacudir a água do capote», quando se apresenta como «moderado», em oposição aos «extremos» que se manifestaram no dia 11.

Paulo Raimundo, em resposta aos jornalistas, lembrou que «quem alimentou a percepção de insegurança também foi o senhor primeiro-ministro», que «agora está a gerir os danos que está a causar». Recusando acompanhar «a teoria daqueles que afirmam que o PSD se está a deixar arrastar pela agenda do Chega», reiterou que «esta agenda é a do PSD e do CDS».

Não deixa de se assinalar a operação que esteve em curso de favorecimento de ideias reaccionárias, a partir de um falso confronto entre a segurança e tranquilidade públicas que devem ser sempre asseguradas, desde logo com a polícia de proximidade, por um lado, e a instrumentalização de forças de segurança, por outro.

 



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