2025, resistência e confiança

Albano Nunes

O imperialismo não tem as mãos livres

Entramos o Novo Ano animados pela forte mensagem de resistência e confiança do XXII Congresso do PCP, mensagem que é necessário traduzir em acção prática enfrentando a ofensiva política e ideológica da classe dominante. Mensagem que, estando desde logo dirigida para a luta no plano nacional, envolve simultaneamente uma situação internacional que em 2024 conheceu um extraordinário agravamento com a escalada de confrontação imperialista e o crescimento do perigo de uma guerra de catastróficas proporções.

Sim, vivemos tempos de resistência que exigem muita coragem. O imperialismo dispõe de meios poderosos para contrariar o seu inexorável declínio e recuperar temporariamente posições perdidas. Das oitocentas bases militares norte-americanas espalhadas por todo o mundo ao domínio espoliador do dólar e à arbitrária política de sanções; do férreo domínio dos meios de comunicação social às “operações encobertas” da CIA e seus congéneres (Mossad, M16 britânico, etc); da corrupção segregada e espalhada pelo capitalismo às operações de “mudança de regime”; da instrumentalização do tráfico da droga à promoção de grupos de mercenários e terroristas – tudo isto e muito mais compõe a panóplia de meios de ingerência e agressão que não podem ser ignorados ao considerar, por exemplo, os recentes desenvolvimentos na Síria ou em Moçambique ou as ameaças contra a Venezuela.

Mas alertando para o perigo de subestimar a sua força é necessário sublinhar que o imperialismo não tem as mãos livres para a sua política de exploração e opressão, enfrenta a resistência e a luta dos povos e um processo de rearrumação de forças que lhe é desfavorável, debate-se com as suas próprias contradições, é um sistema historicamente moribundo. Os motivos de preocupação são grandes mas grandes são também os motivos de confiança na possibilidade de recuperar forças, obrigar o imperialismo a recuar, alcançar viragens de progresso social.

Veremos que “novidades” nos trará a tomada de posse de Trump. Algumas serão no plano táctico mudando alguma coisa para que o esencial fique na mesma. Mas não esperamos por 20 de Janeiro para ver o que significa o “make América great again” trumpista. O presidente e o estilo mudam mas não o cerne da estratégia: servir os grandes grupos económicos e o complexo militar-industrial; liderar as ambições planetárias do “Ocidente”; pressionar e submeter os próprios aliados, nomeadamente da UE; apoio às forças mais reaccionárias e aos regimes mais execráveis, de Israel à Argentina de Milei; alargar a NATO e acentuar ainda mais a militarização da região Ásia-Pacífico e a hostilidade em relação à República Popular da China.

A pressão do Capital para induzir o atentismo e a impotência nas massas populares é enorme, mas pelo nosso lado não ficaremos à espera do que congeminem os estados-maiores do imperialismo. O nosso combate pela paz e de solidariedade com os povos vitimas da agressão imperialista - nomeadamente os povos da Palestina, de Cuba e da Venezuela - não pode abrandar. É importante que a manifestação nacional unitária «Todos juntos pela paz» convocada para 18 de Janeiro em Lisboa faça soar bem alto a condenação dos fautores da guerra e os valores da paz e da amizade entre os povos.

 



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