Novo ano: iniciativa e luta
É preciso dar concretização às orientações aprovadas no Congresso
Inicia-se um novo ano, mas os problemas agravam-se. O início de 2025 é acompanhado pelo aumento de preços de bens e serviços essenciais. O pão, o leite e diversos produtos lácteos serão mais caros. Mas certamente não ficará por aqui, muitos outros produtos alimentares irão encarecer. O gás natural, as rendas de casa, as portagens, os preços dos bilhetes dos transportes públicos aumentam, assim como diversas operadoras de telecomunicações já comunicaram a intenção de aumentar preços.
A vida vai ficar mais cara. Apesar de haver meios e condições, comprovado pelos lucros astronómicos dos principais grupos económicos, a opção do Governo PSD/CDS, com apoio do CH e IL, viabilizada por PS, foi manter baixos salários e baixas pensões de milhões de trabalhadores e reformados.
Mas há quem entre no novo ano com ganhos recorde. Os 50 mais ricos em Portugal têm fortunas superiores a 300 milhões de euros, totalizando 46 mil milhões de euros, 17% do PIB. Só os 10 mais ricos têm património equivalente a 9% do PIB, que ronda os 24 mil milhões de euros. Isto configura um acelerado processo de concentração da riqueza nas mãos de um número reduzido de capitalistas.
Entramos no novo ano com o Governo empenhadíssimo na destruição do Serviço Nacional de Saúde e em alimentar o negócio da doença. É o favorecimento dos grupos à custa da perda de capacidade do SNS. É assim com a transferência de 800 mil utentes sem médico de família para fora do SNS, com a limitação no acesso aos serviços de urgência, com a obrigatoriedade de ligar antes para o SNS 24, que na prática corresponde à negação de cuidados de saúde e até com a facilitação do procedimento para a aquisição de equipamentos pesados (equipamentos para a realização de exames como TAC, ressonância magnética, PET, entre outros) por unidades de saúde privadas. Os elevados tempos de espera devem-se à falta de profissionais de saúde, um dos principais problemas com que o SNS está confrontado, que o Governo recusa resolver.
Terminámos o ano de 2024 com cerca de 30 mil alunos no final do primeiro período sem professor a pelo menos uma disciplina. Em 2024 aposentaram-se cerca de 4000 professores e em Janeiro de 2025 prevê-se a aposentação de 374 professores. Depois da fanfarronice do Governo fica evidente o falhanço das suas medidas.
Vivemos tempos difíceis, é certo. Tempos de aprofundamento das desigualdades e das injustiças fruto da política de direita. Tempos de promoção de forças reaccionárias, racistas e de cariz fascizante. Mas também é certo que não têm o caminho livre para prosseguir o seu intento. Apesar de confundirem desejo com realidade e de por diversas vezes terem anunciado o seu fim, cá está a acção e luta do PCP para enfrentar a política de direita, independentemente da forma que assuma, tal como está a intervenção e luta dos trabalhadores e das populações.
Foram a força, a determinação, a coragem e a confiança, que mesmo em tempos de enorme exigência estiveram presentes no XXII Congresso do Partido, de quem não se amedronta, de quem não fica à espera, de quem toma nas suas mãos a iniciativa e a luta a partir dos problemas concretos de cada local de trabalho, de cada localidade, de cada região. É preciso agora dar concretização às orientações aprovadas no Congresso para reforçar a organização do Partido e para desenvolver a luta. O contributo de cada militante é indispensável para levar o Partido mais longe, mais próximo dos trabalhadores e das populações, tomar a iniciativa e alargar a influência social e eleitoral do Partido.
É comum fazermos votos de bom Ano Novo, de solidariedade, de paz, de esperança numa vida melhor. Tornemos essa esperança um elemento de agitação e acção, de agregação de forças e transformemos em luta, em luta para derrubar a política de direita, em luta por uma política alternativa que combata as desigualdades, as injustiças e a pobreza, por uma justa distribuição da riqueza, que eleve as condições de vida dos trabalhadores, dos reformados, do povo e garanta os direitos consagrados na Constituição.
Um ano de 2025 de muita luta!