Pobreza para uns, regabofe para outros

Manuel Rodrigues

Segundo dados recentemente divulgados pela DECO, tem-se observado em Portugal um significativo acréscimo de famílias em dificuldades, com cada vez mais pessoas a recorrerem ao crédito para pagar a renda e até a prestação da casa, cenário que tem contribuído para um crescente endividamento de milhares de famílias.

Ora, sabendo-se que a maior parte destas famílias estão a trabalhar, este é mais um indicador a comprovar que os baixos salários (e também as baixas pensões) têm uma relação directa com o aumento do número dos que empobrecem a trabalhar, confirmando assim o quanto é justa e necessária a luta dos trabalhadores pelo aumento geral e significativo dos salários. E como é importante a acção nacional que o PCP desenvolve: «aumentar salários e pensões. Para uma vida melhor».

Em contraponto com esta situação de alastramento da pobreza, também este mês um jornal diário dava nota que a Lone Star poderia atribuir num só ano dividendos no valor de cerca de 1,3 mil milhões de euros a distribuir pelos accionistas do Novo Banco. Um valor superior ao valor pelo qual foi adquirido este banco em 2017 por esses mesmos accionistas.

Ora, todos estamos bem lembrados que o PCP se opôs firmemente à privatização do Novo Banco, que considerou mais um crime contra a nossa economia.

Aí estão, pois, duas faces da mesma moeda. As dificuldades de uns (a imensa maioria dos portugueses) são o regabofe do capital monopolista que acumula estes lucros brutais, com os favores e protecção dos governos que têm vindo a protagonizar esta política (do PSD, PS e CDS) e dos partidos que a apoiam (Chega e IL).

Mas também aí está o PCP a apontar o caminho da luta como decisivo para alterar estas injustiças. Pela ruptura com esta política, por uma alternativa patriótica e de esquerda. Por Abril, pela democracia e o socialismo.

Questão essencial para que o novo ano seja melhor.

 



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