Abstenção do PS no OE revela cumplicidade mais funda
Com o voto contra garantido ao Orçamento do Estado, o PCP comentou a abstenção do PS: «nós ouvimos de facto muita conversa para no fim deixar passar um Orçamento que não dá resposta aos trabalhadores, não dá resposta ao povo, não dá resposta ao País».
O OE consagra o desvio de milhares de milhões para o grande capital
Numa declaração aos jornalistas, no dia 17, após ter sido conhecido que o Secretário-Geral do PS iria propor aos órgãos do partido a abstenção na votação do OE (posição essa confirmada na segunda-feira), Paula Santos denunciou a convergência do PS com o PSD e o CDS. Trata-se, garantiu, de uma convergência «no sentido do favorecimento dos grupos económicos, que é o que no essencial consta desta proposta de Orçamento do Estado».
Questionada sobre uma eventual “crise política” caso o OE fosse chumbado, Paula Santos denunciou a «pressão e a chantagem que têm sido colocadas em cima da mesa: ou há Orçamento ou há eleições.» Ora, garantiu, o PCP não aceita essas pressões. O que Pedro Nuno Santos, primeiro, e o PS, depois, determinaram foi, de facto, a sua disponibilidade «para o agravamento da injustiça fiscal» e para a transferência para os grupos económicos de milhares de milhões de euros do Orçamento do Estado, que deviam ser canalizados para a resolução dos problemas da saúde, da educação, da habitação.
A deputada comunista recordou a posição assumida desde o início pelo PCP relativamente à proposta de OE, «por tudo aquilo que ela representa, do que contém e daquilo que não contém». E afirmou a necessidade de uma política alternativa, «porque o País não está condenado a este caminho que nos querem impor». O PCP, garantiu, vai intervir no debate com propostas e soluções concretas, afirmando essa alternativa
Governo zelar pelos interesses dos grupos económicos
A denúncia da política do Governo e dos seus instrumentos (como o OE) estiveram em foco nas declarações proferidas por Belmiro Magalhães, da Comissão Política, no encerramento do 42.º Congresso do PSD, realizado no fim-de-semana em Braga. O dirigente comunista considerou que nesse congresso ficou patente «uma vontade muito grande de continuar a zelar pelos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros», enquanto as questões fundamentais ficaram ausentes: «Não se falou de aumento dos salários, das reformas, dos problemas da habitação, da valorização dos serviços públicos. Não se falou dos principais problemas do povo e do País.»
Sobre os anúncios ali feitos por Luís Montenegro, Belmiro Magalhães considerou ser necessário analisar cada uma das medidas, salientando que algumas delas talvez «nem sejam novas, outras estão seguramente muito longe da prioridade e preocupação das pessoas». Comentando o que o primeiro-ministro anunciou para a disciplina de Cidadania, o dirigente do PCP lembrou que «do que a escola pública precisa é de mais professores, mais auxiliares, investimento nos próprios edifícios da escola».