Lei deve compensar na reforma desgaste rápido nas indústrias
Uma jornada de luta de âmbito nacional marcou a entrega na AR, pela FIEQUIMETAL e os seus sindicatos, de uma petição com mais de 13200 assinaturas, sobre o risco profissional de desgaste rápido.
Tarefas repetitivas, ritmos elevados e ambiente perigoso destroem corpo e mente
Vindos de diversos distritos, mais de 300 trabalhadores, dirigentes e activistas sindicais começaram por se reunir, ao final da manhã de quinta-feira, dia 19, na Praça Luís de Camões. Em manifestação, desfilaram até junto da Assembleia da República.
Do palco móvel, instalado no fundo da escadaria, Helder Pires, dirigente da FIEQUIMETAL (Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas) falou sobre a necessidade de debater este tema no Parlamento, com a consequente aprovação de legislação específica, tomando em consideração as propostas e as justas reivindicações dos trabalhadores.
Defende-se que sejam reconhecidas, como profissões de desgaste rápido, aquelas que implicam o desempenho de tarefas associadas a trabalho monótono, repetitivo, com elevada cadência, com exposição a agentes químicos perigosos. Aqui se inscreve também a prestação do trabalho em horário por turnos, horário nocturno ou laboração contínua.
Deve ser criado um regime especial de acesso às pensões, por parte dos trabalhadores nestas condições, prevendo, nomeadamente, o acesso à pensão de velhice a partir dos 55 anos de idade, com 20 anos de descontos.
Ao sublinhar a justeza das reivindicações, o coordenador da FIEQUIMETAL, Rogério Silva, assinalou que a recolha de assinaturas foi inserida numa campanha de informação e sensibilização, no quadro da acção sindical mais geral, para exigir a valorização do trabalho e dos trabalhadores.
Foram ouvidos depoimentos de Nuno Santos (da Volkswagen Autoeuropa), Fábio Roxo (da Exide), Mário Rocha (da Amcor) e Isabel Oliveira (da Bluepharma), sobre a realidade vivida nos seus locais de trabalho e os riscos permanentes de desgaste rápido da saúde. Estes trabalhadores fizeram parte da delegação que formalizou a entrega da petição a um dos vice-presidentes da AR.
A federação anunciou que vai solicitar audiências aos grupos parlamentares, a anteceder o debate no plenário parlamentar, para expor esta grave situação e as justas reivindicações dos trabalhadores.
O Secretário-Geral do PCP saudou a chegada da manifestação às imediações da AR. Aos jornalistas, Paulo Raimundo declarou o apoio do Partido às reivindicações que motivaram esta jornada, sublinhando que «é preciso valorizar quem trabalha». Isso faz-se «nos salários, nos direitos, e também num acesso à reforma mais cedo», porque o trabalho nestas condições «destrói o corpo, destrói a mente».