Só a verdade é revolucionária
A mentira é uma das grandes armas das forças reaccionárias
Intensificam-se as pressões sobre o povo português para impor o pensamento único neoliberal, reaccionário e antidemocrático que melhor serve os interesses do imperialismo.
O objectivo é transferir rendimentos do trabalho para o capital e das nações da periferia para o centro imperialista, num processo evidente, por muito que se procure disfarçar como sendo parte da normal busca de “competividade económica”, “modernização tecnológica”, “integração europeia” ou “promoção da democracia”.
Os meios para atingir esse fim são demasiados para enumerar, mas convergem na busca de formas de legitimar a exploração dos trabalhadores, a ingerência externa, a destabilização de países soberanos e todo o tipo de agressões e guerras.
É neste contexto que o discurso belicista desempenha um papel central, e um recente mau programa de televisão, o telejornal da RTP, deu um contributo significativo para perceber como essa ofensiva ideológica é perigosa e despudoradamente destrutiva.
A propósito das declarações de vários dirigentes de países da NATO, defendendo a utilização de mísseis de longo alcance para atacar a Rússia, e da respectiva resposta russa (que ameaça retaliação contra os profissionais e meios de comando e controlo da NATO necessários para tal ataque), o pivô de serviço presenteou os espectadores com a seguinte pérola: «Por várias vezes no passado, o Kremlin traçou linhas vermelhas e fez sucessivas ameaças, incluindo de usar armas nucleares e depois nada aconteceu! Por que razão agora há-de ser diferente?»
A pergunta está obviamente carregada com todo o tipo de considerações que não têm fundamento na realidade. As linhas vermelhas que refere, por exemplo, são da autoria dos países da NATO, que inicialmente afirmaram não estar disponíveis para fornecer este ou aquele tipo de armamento à Ucrânia, e mais tarde ignoraram o que haviam dito.
Mas é de particular interesse a forma como se normaliza o assunto. Com este enquadramento, uma possível catástrofe – a escalada do conflito – não é nada que leve uma pessoa a ficar desconfortável no seu sofá.
Ao longo da história da Humanidade, a ideia de que «sempre houve guerra e a mim nunca aconteceu nada», terá sido a última coisa a passar pela cabeça de muita boa gente. Atente-se, por exemplo, na forma como milhares de dispositivos civis – “pagers” e rádios portáteis – foram armadilhados e feitos explodir no Líbano a semana passada. Uma acção numa escala sem precedentes, que viola gravemente o direito internacional dos direitos humanos.
Os órgãos de comunicação social que de forma obscena nos explicam o mundo, normalizando uma escalada do conflito na Ucrânia e dando cobertura à intenção de Israel em alargar o conflito no Médio Oriente e continuar o genocídio do povo palestiniano, são os mesmos que promovem concepções reaccionárias e projectos fascizantes. São os mesmos que alimentam o anticomunismo, silenciam e deturpam as posições do PCP sobre as mais variadas matérias, incluindo sobre a guerra imperialista e a luta dos povos pela paz.
Nas Teses – Projecto de Resolução Política que neste dia acompanham o jornal Avante!, encontra-se referência às «crescentes ameaças de um conflito mundial de catastróficas proporções».
O PCP diz a verdade, na tradição de um partido leninista que sabe ser aí que reside a força necessária para que os trabalhadores e o povo transformem o mundo.
A verdade é revolucionária. Tal como a superação da ofensiva exploradora e agressiva do imperialismo terá de ser revolucionária.
Nunca nos esqueçamos de que a mentira é uma das grandes armas das forças reaccionárias, tendo o nosso Partido que combatê-la, incansavelmente.