Israel ataca o Líbano e alastra a guerra no Médio Oriente
Israel continua a guerra genocida contra os palestinianos, na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Agora, intensificou os ataques e operações terroristas contra o Líbano. Isto, no momento em que a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução a exigir o fim da ocupação israelita dos territórios palestinianos.
Só na segunda-feira, 23, mais de 500 pessoas foram mortas no Líbano pelos bombardeamentos israelitas
Lusa
500 pessoas foram mortas e mais de 4000 ficaram feridas, na segunda-feira, na sequência dos bombardeamentos israelitas no Líbano, que levaram ainda muitos a abandonar as suas casas. Os ataques começaram de madrugada, em várias localidades do sul do país, e prolongaram-se ao longo do dia.
O ministro da Informação libanês, Ziad Makary, revelou que o seu ministério foi instruído por Israel a evacuar o seu edifício em Beirute, mas garantiu que não aceitaria o ultimato do que chamou de “guerra psicológica”. O detentor da pasta do Interior, Bassam Mawlawi, informou que as escolas no Sul e no Leste do país, em Beirute e em Tripoli, no Norte, passarão a funcionar como abrigos para os deslocados. Já o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, considerou, numa reunião do governo, que «a contínua agressão israelita ao Líbano é uma guerra de extermínio em todos os sentidos da palavra».
As tensões na zona aumentaram depois da operação israelita que matou dezenas de pessoas e feriu 3000, em consequência da explosão de dispositivos electrónicos como pagers e walkie-talkies, qualificada pelo líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, de «acto massivo de terrorismo e genocídio». Num discurso televisivo, Nasrallah acusou Israel de ter cruzado «todas as linhas vermelhas, pondo em perigo a vida de muitos civis no Líbano». Trata-se, acrescentou, de um «crime de guerra, um atentado terrorista em grande escala e um genocídio que conduzem à declaração de guerra».
Momentos antes das explosões dos dispositivos electrónicos, terá sido emitido um sinal sonoro que levou muitos dos seus portadores a aproximá-los dos rostos. Entre os feridos, muitos ficaram cegos e mutilados, como foi o caso do embaixador do Irão, que perdeu um dos olhos.
Solidariedade do PCP
O PCP, através da sua Secção Internacional, dirigiu na segunda-feira, 23, uma mensagem de solidariedade ao Partido Comunista Libanês, na qual condena a «criminosa escalada agressiva do regime sionista de Israel contra o Líbano» e a «bárbara acção terrorista de 17 de Setembro e dos repetidos ataques militares israelitas contra o vosso país, como foi o caso do bombardeamento hoje no sul de Beirute».
Num quadro em que Israel «procura por todos os meios generalizar as suas acções de agressão a toda a vossa região», o PCP garante que não poupará esforços para, pelos meios ao seu alcance (tanto no plano institucional como na acção de massas), «desenvolver a solidariedade com a heróica luta do povo palestiniano e dos povos que, como o povo libanês, está a ser uma vez mais vilmente agredido, e em particular para com o PCL e as forças que no Líbano expressam corajosamente o seu apoio à causa palestiniana e defendem a soberania do seu país».
O PCP condena escalada de agressão
Num comunicado divulgado no dia 24, o PCP expressa a sua firme condenação pela «escalada de guerra de Israel contra o Líbano que, visando uma vez mais o povo libanês, é inseparável do genocídio que o governo sionista israelita está a praticar contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e ameaça incendiar todo o Médio Oriente».
Para os comunistas portugueses, Israel comete diariamente os «piores crimes de guerra» e afirma «com cinismo e arrogância que não respeita resoluções da ONU e acórdãos do Tribunal Internacional de Justiça e que vai continuar por esse caminho de terror até atingir o explícito objectivo da ocupação de toda a Palestina». Para o Partido, assume a maior gravidade a «complacência e até a cumplicidade que percorre a comunicação social dominante, incluindo a comunicação pública, com um tratamento que tende a justificar a política agressiva de Israel e a banalizar a tragédia palestiniana ou a brutal agressão ao Líbano». O silêncio do Governo português perante tão dramática situação é «particularmente grave», para o PCP, que reclama a «inequívoca demarcação dos crimes que estão a ser praticados por Israel».
A questão palestiniana, sublinha ainda, é a «questão central do Médio Oriente», pelo que, a par da urgente solidariedade para com o povo libanês, «o cessar-fogo na Faixa de Gaza e o fim das agressões e opressão na Cisjordânia, com o reconhecimento do Estado Palestina de acordo com as resoluções da ONU que reconhecem os direitos do povo palestiniano, continua a ser o objectivo imediato fundamental da luta pela paz no Médio Oriente».
Ampla maioria exige na ONU fim da ocupação israelita da Palestina
A Assembleia Geral das Nações Unidas, reunida em Nova Iorque, aprovou por ampla maioria uma resolução que exige o fim da ocupação israelita dos territórios palestinianos, corroborando assim o parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) de meados deste ano. Apresentado pela Palestina, o projecto de resolução foi votado no dia 18 e recebeu 124 votos a favor, 14 contra (incluindo os EUA e Israel) e 43 abstenções.
O texto qualifica de ilegal a presença israelita nos territórios ocupados e estabelece um prazo de um ano para a saída dos ocupantes: «A Assembleia Geral exige que Israel ponha fim sem demora à sua presença ilegal no território palestiniano ocupado (…), e que o faça o mais tarde nos 12 meses depois da aprovação da presente resolução». Ao mesmo tempo, reclama o cumprimento sem demora das obrigações jurídicas de Israel de acordo com o direito internacional.
O documento exige ainda a devolução das terras, bens imóveis e activos confiscados desde o início da ocupação em 1967, assim como de todos os bens e activos culturais arrebatados aos palestinianos e suas instituições.
Em Julho deste ano, o Tribunal Internacional de Justiça pediu aos organismos e Estados membros para «tomarem medidas» contra a presença israelita nos territórios ocupados. O principal tribunal da ONU exigiu a Israel «cessar imediatamente todas as novas actividades de colonização» e recomendou aos outros Estados não reconhecer a presença ilegal israelita nos territórios palestinianos.
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) valorizaram, em comunicados, o significado da aprovação desta resolução.