Enfermeiros pelo reforço do SNS persistem na luta que resulta
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses realçou os avanços conseguidos com a greve nacional de 2 de Agosto e as greves e outras acções, a nível regional, desde Julho, e apelou à greve nos dias 24 e 25.
Está nas mãos do Ministério evitar a greve nacional e a concentração
Concentração, dia 28, no IPO do Porto
Mereceram destaque, por parte do SEP/CGTP-IN, a resolução do problema das enfermeiras que, por gozo do direito de parentalidade, não haviam transitado para a categoria de especialista e o pagamento das dívidas até 31 de Janeiro de 2023, por parte das administrações regionais de Saúde, ARS (a partir dessa data, o pagamento é da responsabilidade das unidades locais de Saúde, ULS).
No final da semana passada, igualmente neste contexto de luta persistente e prolongada, foi conseguida a conversão da totalidade dos contratos COVID-19 para contratos sem termo, na ULS da Guarda. Para o sindicato, «o fim da precariedade laboral, ao abrigo da COVID-19, constitui «mais uma etapa no combate à precariedade laboral». Trata-se de «uma vitória justa, mas ainda insuficiente para o cumprimento de todos os direitos laborais», pelo que «continuamos a luta pela valorização dos enfermeiros», afirmou o SEP, numa nota de 29 de Agosto, insistindo que «urge o reforço do Serviço Nacional de Saúde como garantia do direito à saúde».
Marcada nova jornada
A forte participação na greve nacional de 2 de Agosto e nas greves, concentrações e denúncias públicas realizadas regionalmente, em Julho e durante todo o mês de Agosto, integradas no plano nacional, vieram comprovar que, como o SEP comentou, as mais recentes propostas do Ministério da Saúde «são ofensivas para os enfermeiros».
Plenário dia 29, no Hospital do Barreiro
Para dias 24 e 25 de Setembro, o SEP convocou já uma greve nacional (desde os turnos da manhã de 24, até aos turnos da tarde de 25) e uma concentração em Lisboa, junto ao Ministério da Saúde, às 11h30 de dia 25.
Com uma reunião negocial agendada para 12 de Setembro, o sindicato considera que «está nas mãos do Ministério da Saúde evitar» a concretização daquelas formas de luta, mas avisou que «não aceitaremos “retoques de cosmética” na grelha salarial» e «existem outros problemas que exigem soluções».
As propostas e exigências sindicais «são justas e determinantes para o reforço do SNS», sublinhou o SEP, a 19 de Agosto, reafirmando os principais pontos colocados ao Governo, nomeadamente: justa valorização de todas as posições remuneratórias de todas as categorias da carreira de Enfermagem; compensação do risco e da penosidade, designadamente através de condições especiais de aposentação; correcção de todas as injustiças relativas e discriminações relacionadas com a contagem de pontos para progressão (como o pagamento dos retroactivos devidos desde 2018); transição de todos os enfermeiros, detentores do título de Especialista até 31 de Maio de 2019, para a respectiva categoria; um plano de pagamento de dívidas relativas a trabalho extraordinário e a dias feriados trabalhados: regime remunerado de dedicação exclusiva ao SNS; correcção de injustiças de transição (como as “posições virtuais”); admissão de mais enfermeiros e efectivação de todos os precários.
Administrações podem!
Nas acções de âmbito regional, junto de vários hospitais e dirigidas às administrações das ULS, foram salientadas também diversas questões que estas têm capacidade para resolver.
Na ULS do Arco Ribeirinho, um plenário realizado pelo SEP, a 29 de Agosto, responsabilizou a administração pela falta de pagamento do suplemento de função (150 euros) de enfermeiros especialistas; pela não atribuição de 1,5 pontos nos anos de progressão, no período entre 2004 e 2014; pelo pagamento de todas as horas de trabalho extraordinário e pelo gozo efectivo dos descansos compensatórios acumulados.
Zoraima Prado, dirigente do SEP, explicou à agência Lusa que no serviço de cirurgia do Hospital do Barreiro há três mil horas de trabalho que não foram ainda pagas. Assinalou ainda que, ao contrário do que aconteceu nas ULS de Almada-Seixal e da Arrábida, também no distrito de Setúbal, aquela administração ainda não aceitou reunir-se com o SEP, desde a constituição destas ULS, em Novembro do ano passado.
Também não foi feita a regularização da situação de dezenas de enfermeiras do Hospital do Barreiro, que não tiveram avaliação de desempenho, por terem estado grávidas, ficando excluídas na atribuição da categoria de especialista.
No dia 28, a meio da manhã, o SEP promoveu uma concentração no exterior do Instituto Português de Oncologia do Porto, reclamando novamente respostas da administração para problemas que foram denunciados publicamente, numa iniciativa semelhante, em Maio, mas persistem e, em algumas situações, agravam-se.
Em causa estão, entre outras questões, a homologação das avaliações de desempenho de 2019-2020 e 2021-2022, com atribuição dos correspondentes pontos e mudança de posição remuneratória; a operacionalização do «acelerador» de carreiras, a atribuição de pontos por tempo de exercício; o pagamento de retroactivos desde 2018 por mudanças de posição remuneratória.
No local esteve, em solidariedade, uma delegação do PCP, integrando o deputado Alfredo Maia.
A falta de solução para estes problemas agrava o cansaço e o descontentamento dos enfermeiros, somando-se aos efeitos da política e das medidas do Governo.