Guerras do digital-global
Estas “guerras” envolvem multinacionais tecnológicas do “digital global”, Meta-Facebook, Google-Youtube, Twitter-X, Tik-Tok, Telegram e outras, com quatro mil milhões de “clientes” (apesar das proibições nacionais de operadoras).
O “valor de mercado” das dez maiores tecnológicas do digital (oito sob comando USA), rondará 10 biliões de dólares. É pelos lucros do negócio que começa a guerra, mas envolve o controlo de dados e metadados, manipulação de massas, informação política, económica, social, técnico-científica, militar, de segurança, espionagem, terrorismo, e importa a interesses, governos e Estados, e em especial, pela ofensiva contra a paz e a soberania dos povos, ao imperialismo USA.
Neste contexto, esteve detido quatro dias em Paris P. Durov, magnata nascido na Rússia, cidadão de França e Emiratos, CEO da Telegram, com sede no Dubai, oitocentos milhões de utilizadores e “valor de mercado” de mais de cem mil milhões(!), no âmbito de um inquérito a que a empresa não obstaria nas suas redes à pornografia infantil, terrorismo e tráficos, crimes que, entretanto, não impediram que Durov fosse solto para continuação do processo.
A Telegram é uma empresa em que a informação russa, mediática, política, militar (apesar da censura USA/NATO) atinge projecção maior, embora suspensa por casos vários em muitos países (Ucrânia, Bielorrússia, China, Índia) tem resistido(!) à pressão para estar ao serviço da Rússia, da França, ou dos USA, para ceder à exigência do fim de encriptação de metadados e para instalar “back doors” (portas traseiras) de acesso da espionagem.
Sobre a “prisão” de Durov disse Snowden (e até Salvini!) ser um ataque à liberdade de expressão e uma chantagem para espiar e uniformizar o anti-russismo. Para os magnatas das tecnológicas, trata-se de mais um golpe dos “globalistas” de Biden e da UE para controlar todo o digital-global e especulam se o próximo alvo será Musk (próximo de Trump).
Durov não é “flor que se cheire” e o capitalismo digital-global (“de vigilância”) é o caos, a crise global, a destruição produtiva, um projecto de poder para-fascista, que é urgente travar. Importa lutar por redes digitais não monopolistas, respeitadoras da CRP, dos direitos e da democracia, por um Portugal e um planeta com futuro.