Ministério da Saúde cancela reunião prevista com homólogo israelita
A desconvocação de uma reunião entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Israel é «uma pequena vitória» para o MPPM, que vai continuar «vigilante sobre a colaboração do Governo português, intencional ou por omissão, no genocídio em curso na Palestina».
Não à cumplicidade com o genocídio
O MPPM está atento à viagem do navio Kathrin com um pavilhão português, suspeito de transportar material militar para Israel
A revelação feita pelo Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino e Pela Paz no Médio Oriente (MPPM), de que estaria a ser preparada uma reunião entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Israel para «discutir potenciais áreas de interesse para cooperação futura entre os dois países», suscitou questões dos grupos parlamentares do PCP e do BE a que o Ministério da Saúde (MdS) português respondeu na passada semana de forma lacónica: «Comunica-se, para os devidos efeitos, que não existe qualquer reunião agendada entre os ministérios da Saúde português e israelita».
Em nota de 27 de Agosto, o MPPM congratula-se por saber que a reunião que estava a ser preparada para ocorrer no dia 2 de Setembro não vai ter lugar – pelo menos nessa data – e considera que isso se deve «à exposição pública da insensibilidade revelada por uma tal iniciativa quando o outro interlocutor é o responsável pelo massacre de dezenas de milhar de palestinos, pela destruição de dezenas de instalações hospitalares e pelo assassinato de centenas de profissionais de saúde». Para segunda-feira, 2, estava prevista uma manifestação em frente ao MdS.
Respostas evasivas
«Mas se a resposta do MdS vale pelo que diz, vale muito mais pelo que não diz», quando «não desmente que tenha estado a preparar a referida reunião», desta forma implicitamente confirmando o que o MPPM afirmava, «nem garante que não o esteja a fazer, só que sem data marcada».
«O MdS evade a questão essencial, que é a do relacionamento com o seu homólogo israelita, em particular no actual contexto, e não responde à pergunta do PCP sobre “que relações mantém o MdS e os seus organismos com instituições similares de Israel”», revela o Movimento.
O Ministério também não respondeu às perguntas do PCP e do BE sobre a sua posição e a do Governo português face à responsabilidade de Israel no massacre em curso do povo palestiniano e, em particular, sobre as ilações que retiram das deliberações do Tribunal Internacional de Justiça e das posições da Organização Mundial da Saúde e da ONU.
Navio Kathrin
Entretanto, o MPPM está atento à viagem do navio Kathrin com um pavilhão português, suspeito de transportar material militar para Israel, o que já lhe valeu ver recusada a entrada em portos da Namíbia.
A ministra da Justiça daquele país, Yvonne Dausab, em entrevista ao jornal digital New Era, citada pelo MPPM, justificou a proibição dizendo que «após uma investigação mais aprofundada» pela Força Policial da Namíbia, «foi estabelecido que o navio transportava, de facto, material explosivo destinado a Israel».
O Grupo Parlamentar do PCP entregou entretanto uma pergunta escrita em que questiona o Governo, por intermédio do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, sobre o navio com o pavilhão português, nomeadamente que medidas «tomou ou vai tomar» no sentido «da fiscalização do conteúdo da carga transportada pelo navio Kathrin (IMO 9570620, MMSI 255806285) registado no MAR – Registo Internacional de Navios da Madeira».