Mali acusa Ucrânia de apoiar terrorismo

Carlos Lopes Pereira

O Mali rompeu, no dia 4, as relações diplomáticas com a Ucrânia e acusou Kiev de apoiar grupos terroristas que operam no país africano e na zona do Sahel. Um porta-voz do governo maliano disse que Bamako apresentará junto dos organismos de justiça competentes uma queixa-crime por colaboração com o terrorismo.

No mesmo dia, em Dakar, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Senegal convocou o embaixador ucraniano no país e protestou pelo seu suporte expresso a grupos terroristas que actuam no norte do Mali e que, num ataque em finais de Julho, provocaram pesadas baixas às forças malianas, assessoradas pela Rússia.

Na véspera, nove organizações sociais senegalesas emitiram uma declaração conjunta a denunciar «o apoio da Ucrânia a grupos terroristas» no norte de África. O documento surgiu depois de diplomatas e responsáveis dos serviços secretos militares ucranianos reconhecerem a ligação de Kiev a grupos extremistas que actuam no Sahel.

«Nós, organizações da sociedade civil senegalesa, denunciamos o apoio da Ucrânia aos grupos terroristas e convidamos as autoridades senegalesas a assumir as suas responsabilidades», destaca a declaração. Os subscritores referem afirmações de um responsável da inteligência ucraniana segundo as quais Kiev auxiliou os grupos islamistas afiliados na Al Qaeda que atacaram, no final do mês passado, forças do governo do Mali, na localidade de Tinzawatene. A embaixada da Ucrânia no Senegal publicou nas redes sociais um vídeo com essas declarações e as organizações civis senegalesas consideram «inapropriado que a diplomacia ucraniana em Dakar leve a cabo uma campanha de propaganda contra o Estado maliano ou qualquer Estado africano».

Deplorando a situação de segurança «alarmante» no Sahel, com ataques cometidos por «grupos terroristas financiados e treinados pelo Ocidente», as organizações senegalesas manifestaram-se solidárias com as forças armadas do Mali e com a Aliança dos Estados do Sahel, uma aliança de defesa colectiva recentemente criada e integrada por Mali, Burkina Faso e Níger, que luta contra os grupos terroristas agora ajudados pela Ucrânia.

A diplomacia senegalesa, entretanto, criticou severamente a publicação do vídeo pela embaixada da Ucrânia, considerando-a «um apoio inequívoco e sem reservas ao ataque terrorista perpetrado no norte do Mali por rebeldes tuaregues e membros do Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos contra as forças armadas do Mali». Mais: o Senegal «rejeita o terrorismo em todas as suas formas e não pode aceitar, no seu território e de que maneira for, comentários e gestos que glorifiquem o terrorismo, especialmente com o objectivo de desestabilizar um país irmão como o Mali».

De igual modo, o Burkina Faso criticou a Ucrânia e fez «um apelo à comunidade internacional para que assuma a sua responsabilidade» perante a opção de Kiev de colaborar com o terrorismo «num contexto mundial em que existe unanimidade sobre a necessidade de lutar contra este flagelo». O governo burquinense apelou «aos países africanos amantes da paz, em particular, para que condenem estas acções subversivas que ameaçam a estabilidade do continente». E pediu à Ucrânia que «se recomponha» e se abstenha de auxiliar os terroristas que «estão a massacrar, matar, violar e saquear» no norte do Mali e em toda a região.



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