Sangue e dólares

Anabela Fino

Benjamin Nethanyau foi aos EUA reafirmar a sua política de genocídio do povo palestiniano. Falando no Congresso perante uma plateia de deputados bem oleados pelos milhões de dólares doados por bilionários judeus, o carniceiro de Gaza e da Cisjordânia repetiu todas as infâmias que Israel vem proferindo há mais de sete décadas para ‘justificar’ o extermínio dos ‘bárbaros’ palestinianos pelos ‘civilizados’ judeus israelitas.

Bêbados de sangue e dólares, os membros do Congresso ovacionaram Nethanyau de pé 58 vezes (!) pela sua política de extermínio, deixando claro que eventuais mudanças na Casa Branca serão sempre de forma e nunca de conteúdo.

Entretanto os media do sistema aproveitaram a visita para dar fogo à campanha de Kamala Harris, branqueando-lhe a imagem para a fazer parecer mais sensível à questão palestiniana. Dizendo sentir uma «viva inquietação» e estar «seriamente preocupada com a escala do sofrimento humano em Gaza, particularmente pela morte de demasiados civis inocentes», Harris esforça-se por lavar as mãos do sangue palestiniano reescrevendo a sua própria história. Acontece que, para além de enquanto vice-presidente ter subscrito o apoio incondicional de Biden a Israel, sem sinais de discordância, a putativa candidata à Casa Branca tem no currículo ligações ao lobby pró-Israel; opôs-se a uma inócua resolução do governo Obama que pedia (sublinhado nosso) a Israel que se abstivesse de construir mais colonatos ilegais na Cisjordânia; advogou na ONU a não ingerência na questão israelo-palestiniana; louvou pública e repetidamente as relações dos EUA com Israel; e chegou ao ponto, entre outros possíveis exemplos, de em 2016 considerar Israel um «belo lar para a democracia e para a Justiça».

Agora, com eleições no horizonte, Kamala Harris garante que ‘não ficará calada’, alarido necessário para escamotear o essencial, ou seja, que não se compromete a pôr fim ao fluxo de armas para Israel, afinal o objectivo principal da ida de Netanyahu a Washington.

É que o caminho para a Casa Branca faz-se à custa muitos milhões de dólares e entre os mais poderosos lobbys está o AIPAC (American Israel Public Affairs Committee). Não há candidato que escape ao escrutínio das suas conferências anuais em Washington, como foi o caso de Bill Clinton, Barack Obama, Joe Biden, Donald Trump, George W. Bush ou Hillary Clinton, bem como Benyamin Netanyahu e Ariel Sharon, entre outros.

O cheiro a sangue que a semana passada empestou o Congresso, invadiu a Casa Branca e pairou pelas redacções dos principais media veio lembrar, como disse há muito um medalhado militar norte-americano enojado com o sistema que fez dele um capanga do capitalismo, que a guerra é um jogo lucrativo e o único «em que os lucros são contabilizados em dólares e as perdas em vidas».



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