Pôr fim à guerra! Cessar-fogo imediato e permanente!

Nove meses depois, prossegue a guerra genocida levada a cabo pelas forças israelitas contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza. O governo de Israel, cada vez mais contestado no plano interno, ameaça agora agredir o Líbano.

Na Cisjordânia sucedem-se os ataques de colonos israelitas contra os palestinianos

Lusa

O bombardeamento israelita contra uma habitação no campo de refugiados palestinianos de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, na terça-feira, 9, provocou sete mortos e um número indeterminado de feridos. Outras nove pessoas morreram em ataques semelhantes na cidade de Gaza, noticiou a agência Wafa.

O canal Al Jazeera, do Qatar, informou no mesmo dia que centenas de doentes e pessoal médico abandonaram os hospitais Árabe Al Ahli e da Sociedade de Amigos dos Pacientes, na cidade de Gaza, depois da ordem de evacuação dada pelas tropas ocupantes.

Por sua parte, fontes militares em Telavive reportaram combates, esta semana, entre forças israelitas e milícias palestinianas em diferentes zonas da Faixa de Gaza, sob ataque há mais de nove meses. Foram referidos combates em bairros do sul e oeste de Gaza e também em Shejaiya, na zona oriental da cidade, assim como em Rafah, na extremidade sul do território.

Desde o começo desta campanha bélica israelita na Faixa de Gaza, em Outubro de 2023, mais de 38 mil palestinianos morreram, 87 mil ficaram feridos e cerca de 10 mil estão desaparecidos. Mais de 135 mil vítimas. A revista médica The Lancet vai mais longe e estima que o número de mortos palestinianos supere já os 186 mil, o que corresponde a 8 por cento da população. O cálculo foi feito tendo em conta as milhares de pessoas ainda por retirar debaixo dos escombros e as vítimas de causas indiretas, como a falta de acesso a condições de saúde, comida, água ou abrigo.

UNRWA denuncia
As Nações Unidas pediram uma trégua e protecção para as populações na Faixa de Gaza e denunciaram mais um ataque israelita contra uma das suas escolas.

Um comunicado do comissário geral da Agência da ONU para os Refugidos Palestinianos (UNRWA) insistiu na necessidade de um cessar-fogo, que permita aos habitantes do território obter finalmente tréguas e protecção, assim como na libertação de todos os presos.

O diplomata denunciou um recente ataque das forças israelitas contra uma escola da UNRWA, localizada em Nuseirat, no centro da Faixa, onde permaneciam mais de duas mil pessoas deslocadas à força dos seus lares. E repudiou os contínuos ataques israelitas contra mais de metade das instalações da UNRWA na Faixa de Gaza – em contradição com as leis internacionais que exigem a proteção de escolas e hospitais, assim como outras estruturas civis –, considerando que os responsáveis por tais actos devem ser responsabilizados.

Outros números alarmantes da ONU estimam que cerca de 1,9 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar os seus lugares na Faixa de Gaza, em muitos casos nove ou 10 vezes.

Ataques de colonos israelitas
Em Ramalah, a Associação de Agências de Desenvolvimento Internacional (AIDA) acusou os colonos israelitas de executarem mais de mil ataques contra os palestinianos na Cisjordânia nos últimos nove meses.

Além das condenações, as instâncias internacionais devem garantir a protecção efectiva do povo palestiniano e responsabilizar Israel, o Estado ocupante, afirmou em comunicado a AIDA, um fórum de coordenação de mais de 80 organizações não-governamentais que trabalham nos territórios palestinianos ocupados.

A AIDA advertiu que nos últimos nove meses os ataques dos colonos alcançaram uma média de quatro por dia, o dobro do contabilizado no período anterior. Pelo menos 10 pessoas, incluindo menores de idade, foram assassinadas durante as agressões e 234 ficaram feridas. No mínimo 1260 palestinianos, incluindo 600 crianças, foram obrigados a fugir das suas terras face à violência dos colonos israelitas e às restrições de movimento impostas pelo exército ocupante.

A AIDA afirma que a violência dos colonos é premeditada e orquestrada por grupos organizados nos postos avançados e em colonatos conhecidos, com o apoio do governo e do exército de Israel. «Como força ocupante, esse país é obrigado pela lei humanitária internacional a proteger as comunidades palestinianas, mas em quase metade de todos os incidentes registados os militares participaram de forma directa ou indirecta», asseverou.

Também o Comité Palestiniano de Resistência ao Muro e aos Colonatos denunciou, há dias, que as forças de segurança e os colonos israelitas executaram 7681 ataques na Cisjordânia durante o primeiro semestre de 2024. Esses ataques incluíram confiscação de terras, expansão dos colonatos, deslocamento forçado, execuções sumárias e agressões física, destruição de infra-estruturas e sabotagens.

Ronda de contactos

Decorre no Cairo uma nova ronda de contactos visando alcançar um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, segundo revelou um «alto funcionário egípcio», citado pela televisão Al-Qahera.

Além de mediadores do Egipto e do Qatar, que mantêm consultas com o Hamas, participam nas conversações delegações de Israel e dos EUA. Anteriores contactos, realizados no Cairo em princípios de Maio, terminaram sem quaisquer acordos. Nestes nove meses, a única trégua conseguida ocorreu em Novembro do ano passado, quando foram trocados prisioneiros israelitas por palestinianos.

 

Tensão no Líbano

Apesar das advertências e apelos de contenção, agrava-se o conflito armado em ambos os lados da Linha Azul que separa Israel e Líbano, alerta a ONU.

«A expansão gradual do alcance e escala dos confrontos, muito além da Linha Azul, aumenta significativamente o risco de erros de cálculo e de uma maior deterioração da situação já alarmante», afirmou a Missão Provisória das Nações Unidas no Líbano (FPNUL).

Em consequência das acções bélicas, quase 97 mil pessoas foram deslocadas do sul do Líbano, até finais de Junho, tendo-se registado nesse período 434 mortos, incluindo uma centena de civis.

Para a missão da ONU, «uma saída política e diplomática é a única solução viável a longo prazo».

A resistência libanesa afirma que as suas operações militares constituem uma expressão de solidariedade com o povo palestiniano, que é vítima da guerra genocida de Israel na Faixa de Gaza e assegura que continuará as acções até que se ponha fim à guerra contra o povo palestiniano.

 



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