Brincar, brincar, brincar sempre
Este título é roubado à declaração do Secretário-Geral do PCP, saudando o Dia Mundial da Criança no ano passado. Glosando o «aprender, aprender, aprender sempre» de Lénine, Paulo Raimundo sublinhava que brincar é um dos mais esquecidos direitos das crianças.
A 25 de Março, a Assembleia Geral da ONU adoptou uma resolução estabelecendo 11 de Junho como Dia Internacional para a sensibilização do Brincar.
Pode dizer-se que há milhões de crianças no mundo para quem falta cumprir muitos outros direitos: à saúde, à educação, à alimentação, à segurança, à vida. Para quê perder tempo então a promover um direito que parece tão menor face aos outros?
Brincar de forma livre e não estruturada é um comportamento inato nas crianças, com enormes vantagens para o seu desenvolvimento integral. Quando brincam, as crianças desenvolvem competências motoras, cognitivas e sociais que não se aprendem de outra forma. Testam a sua capacidade de adaptação, de sobrevivência, de confronto com situações adversas, a regulação emocional, a linguagem e a autoconfiança. Imaginam, criam, evadem-se, suspendem o tempo e o espaço, fazem amigos. Os adultos que mantêm ao longo da vida o hábito de brincar têm enormes benefícios, sobretudo ao nível da saúde mental e dos níveis de felicidade que sentem.
A decisão da ONU é uma boa notícia. Defender e promover o direito a brincar implica olhar para a vida das crianças e criar-lhes as condições para que brinquem. Implica intervir nos horários de trabalho dos pais, que tantas vezes levam a que as crianças fiquem horas demais nas creches e nas escolas. Implica que se reflicta na educação que temos e no papel que os recreios podem ter. Implica intervir para que o espaço público e a natureza estejam verdadeiramente acessíveis às crianças e não as entregar horas a fio a ecrãs lúdicos. Implica que a sociedade respeite verdadeiramente as crianças.