África do Sul quer eleições «livres, justas e pacíficas»
Decorrem nesta quarta-feira, 29, eleições nacionais e provinciais na República da África do Sul. A comunicação social sul-africana prevê uma nova vitória do Congresso Nacional Africano (ANC), aliado com o Partido Comunista Sul-Africano (SACP) e o Congresso Sul-Africano de Sindicatos (COSATU), embora podendo perder a maioria absouta.
Sul-africanos vão hoje às urnas, pela sexta vez nestes 30 anos de democracia
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, convocou os sul-africanos a unir-se para celebrar mais umas eleições gerais livres, justas e pacíficas.
Salientou que a realização de eleições com tais características é um barómetro da boa saúde da democracia sul-africana. Isso será, acrescentou, uma homenagem àqueles que «sofreram pela justiça e liberdade do país, aos que trabalharam para construir e desenvolver a nação». Além disso, destacou, a integridade das eleições é testemunho do grande respeito que os sul-africanos têm pelo seu direito ao voto, conquistado com tanto esforço na luta contra o regime do apartheid.
Durante as últimas três décadas, sublinhou o presidente, os sul-africanos elegeram o caminho da paz em lugar da violência, da reconciliação em lugar do ódio e da unidade em lugar das divisões de etnia ou tribo. A estabilidade e a integridade do sistema eleitoral nacional, concluiu, são a prova disso.
Embora o dia das eleições seja esta quarta-feira, 29, na véspera e antevéspera foi antecipada a votação para todos os que tenham alguma incapacidade física ou impossibilidade de ir hoje às urnas. O subdirector da Comissão Eleitoral Independente (CEI), Masego Sheburi, revelou que cerca de 1,6 milhões dos 27,6 milhões de eleitores no país inscreveram-se para esse tipo de voto especial.
As eleições gerais de hoje são as sextas realizadas desde que a democracia foi instaurada no país, em 1994 – quando o ANC, então liderado por Nelson Mandela, ganhou pela primeira vez a votação, com ampla maioria. Nas cinco eleições entretanto efectuadas, o ANC, aliado ao Partido Comunista Sul-Africano e à COSATU, venceu, tendo governado o país ao longo destes 30 anos.
As eleições mais disputadas
Apresentam-se agora nestas eleições, que serão provavelmente as mais disputadas da história recente sul-africana, 70 partidos políticos. No total, há mais de 14.900 candidatos que concorrem a 887 assentos nos órgãos legislativos nacional e provinciais. Os eleitores podem votar em 22.600 mesas.
No sistema sul-africano, nas eleições nacionais, quinquenais, os eleitores não votam o futuro presidente mas o seu sufrágio directo e secreto elege os membros da Assembleia Nacional. Por sua vez, os parlamentares recém-eleitos elegem o novo chefe do Estado nos 30 dias seguintes às eleições.
De acordo com sondagens publicadas nos últimos meses na imprensa sul-africana, o ANC deverá vencer as eleições legislativas mas sem alcançar uma maioria absoluta.
Os principais partidos concorrentes são, além do ANC, a Aliança Democrática (DA), de direita, a segunda força política do país, os Lutadores pela Liberdade Económica (EFF), dirigido por Julius Malema, anterior líder da Juventude do ANC, e o uMkhonto weSizwe (utilização abusiva do nome do braço armado do ANC – Lança da Nação – na heróica luta contra o apartheid), dirigido por Jacob Zuma, antigo presidente da África do Sul, sendo que as duas últimas formações resultam de cisões do ANC.