Israel massacra em Gaza com a cumplicidade dos EUA e da UE

O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, ordenou a Israel que cesse de imediato os seus ataques militares à cidade de Rafah, mas as tropas sionistas continuam a cometer massacres nessa e noutras zonas da Faixa de Gaza, com a cumplicidade dos EUA e da UE.

Aviação israelita bombardeou campo de refugiados em Rafah e matou ou feriu dezenas de palestinianos

Forças israelitas efectuaram, no sábado, 25, um bombardeamento contra um campo de refugiados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, provocando mais de 40 mortos e dezenas de feridos.

Lusa

Cerca de 800 mil pessoas já foram obrigadas a deixar a cidade fronteiriça com o Egipto, a maior parte para oeste, para as praias de Al Mawasi, que se encontram sobrelotadas, sem serviços de saneamento nem água potável.

A resistência palestiniana apelou a «intensificar as actividades públicas de indignação e pressão para parar a agressão e a guerra genocida» levada a cabo não só na Faixa de Gaza mas também na Cisjordânia e em Jerusalém Leste.

Do seu lado, a Autoridade Nacional Palestiniana acusou «a administração norte-americana e alguns países europeus» de serem «cúmplices» do massacre perpetrado no campo de deslocados de Rafah, que teve por alvos «crianças, mulheres e anciães indefesos».

As tropas ocupantes cometeram nos últimos dias vários outros massacres na Faixa de Gaza, aumentando o número de vítimas palestinianas para mais de 36 mil mortos e de 81 mil feridos, muitos milhares crianças.

«Crueldade inaceitável»

Governos e organizações por todo o mundo condenaram e mostraram a sua indignação pelo ataque israelita contra o campo de refugiados na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) considerou o massacre «horroroso» e a ofensiva militar israelita uma prova mais de que Gaza ocupada é «um inferno na terra».

A relatora especial da ONU sobre direitos humanos nos territórios palestinianos, Francesca Albanese, qualificou o bombardeamento dos civis deslocados «um horror maior». Disse que «esta crueldade, juntamente com o flagrante desafio à lei e ao sistema internacionais, é inaceitável». E afirmou que «o genocídio em Gaza não terminará facilmente sem pressão externa».

Outro alto funcionário das Nações Unidas, o relator especial sobre o direito à habitação na Palestina falou em «atrocidade monstruosa» e defendeu «uma acção global concertada, imediata, para deter as acções de Israel».

Em Bruxelas, representantes dos governos de Espanha, Irlanda e Noruega condenaram o bombardeamento israelita em Rafah, reiteraram a sua intenção de reconhecer o Estado da Palestina – que foi concretizada na terça-feira – e pediram um cessar-fogo permanente e a concretização da solução de dois Estados.

Pôr fim ao apartheid

«A única maneira de garantir a segurança dos israelitas é pôr fim ao regime de apartheid que governa o país e parar a agressão contra a Faixa de Gaza», declarou uma organização não-governamental (ONG) israelita.

«Como primeiro passo imediato, Israel deve parar a guerra e trazer de volta todos os reféns como parte de um acordo», escreveu na rede social X o Centro de Informação Israelita para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados (B’Tselem).

A organização assinalou que a sentença do TIJ, exigindo o fim dos ataques militares israelitas contra a cidade de Rafah, indica que o conflito ultrapassou todos os limites. «O governo de Benjamin Netanyahu demonstrou nos últimos meses que a única forma como opera em Gaza implica resultados letais para os civis e a destruição das condições de vida», sublinhou. Por isso – insistiu – Israel deve imediatamente pôr fim à sua actividade militar na Faixa de Gaza.

B’Tselem denunciou «a inaceitável violência israelita que já provocou um número de mortos inconcebível e uma catástrofe humanitária massiva». «Temos que escutar o apelo claro de todo o mundo: a violência, a destruição e as matanças devem cessar agora», alertou. E mais: «É hora de compreendermos que a violência e o desprezo pela vida humana são pedras angulares do regime de apartheid israelita entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo».

 

Palestinianos exigem cumprimento das decisões do Tribunal Internacional de Justiça

O embaixador palestiniano na ONU, Riyad Mansour, exigiu a Israel que respeite as medidas anunciadas pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que ordenou o fim imediato dos ataques militares israelitas contra Rafah, na Faixa de Gaza.

«Esperamos que as resoluções do TIJ sejam implementadas sem hesitação, uma vez que são obrigatórias», declarou o diplomata. Lembrou que Israel é parte da Convenção sobre a Prevenção do Genocídio e que ela é muito clara a esse respeito: Telavive tem de obedecer às decisões do TIJ, com sede em Haia.

Mansour agradeceu à África do Sul, bem como aos países que a apoiaram na apresentação perante o tribunal máximo das Nações Unidas da denúncia da guerra genocida levada a cabo por Israel contra o povo palestiniano. Lembrou, além disso, os esforços diplomáticos dos Estados árabes e de outros países para alcançar o fim do conflito que já custou a vida de mais de 36 mil palestinianos, desde Outubro de 2023.

«Faremos todo o possível (…) para ver a implementação das resoluções do Conselho de Segurança, da Assembleia Geral das Nações Unidas e do TIJ, que exigem, entre outras coisas, que se chegue a um cessar-fogo imediato para salvar vidas e permitir que o nosso povo comece a tratar das feridas infligidas por esta agressão de Israel, em particular na Faixa de Gaza», acrescentou.

Também o secretário-geral da ONU pediu a Israel que cumpra as medidas provisórias decididas pelo TIJ, que serão levadas ao Conselho de Segurança, um procedimento estabelecido para que o órgão máximo para a paz analise o cumprimento das ordens judiciais.

A decisão do TIJ, no passado dia 24, reconheceu a deterioração das condições de vida enfrentadas pela população da região de Rafah, pelo que instou Israel a que pare os seus ataques militares, bem como qualquer outra acção nesse território, que imponha aos palestinianos na Faixa de Gaza condições de vida que possam provocar a sua destruição física total ou parcial.

Além disso, o TIJ instou a manter aberta a passagem fronteiriça de Rafah para a prestação sem obstáculos de serviços básicos e assistência humanitária que são necessários com urgência.

O TIJ insta igualmente Israel a adoptar medidas eficazes que garantam o acesso sem restrições à Faixa de Gaza dos órgãos de investigação encarregados pelas Nações Unidas de averiguar as denúncias de genocídio.

 



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