Comemorar a liberdade e os seus construtores
Sete centenasde militantes e simpatizantes do PCP participaram, domingo, num grande almoço no Seixal, comemorativo dos 50 anos da Revolução de Abril e dos 103 de um dos seus principais protagonistas, o Partido Comunista Português.
O Governo e os grupos económicos não têm as mãos livres
O Pavilhão Multiusos da Quinta da Marialva, em Corroios, encheu-se para o almoço do PCP, pelo qual perpassou uma atmosfera de celebração e de compromisso. Ali comemorava-se meio século sobre esse momento alto e particularmente luminoso da história de Portugal que foi a Revolução de Abril – e 103 anos da força que de forma mais constante e corajosa se bateu para que ela fosse uma realidade, para que assumisse um carácter profundamente transformador e, ao longo das últimas décadas, para defender as suas conquistas.
Intervieram naquela grande iniciativa o Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo, o primeiro candidato da CDU às eleições para o Parlamento Europeu, João Oliveira, o membro da Organização Concelhia do Seixal, José Beldroegas, e ainda Rita Faísca, do Executivo da Comissão Regional de Setúbal da JCP.
O Secretário-Geral destacou a extraordinária dimensão das comemorações populares da Revolução de Abril, que decorreram dias antes um pouco por todo o País, e convocou para as manifestações do 1.º de Maio da CGTP-IN, fundamentais para mostrar ao Governo e aos grupos económicos que não têm «mãos livres para aplicar o seu projecto». Os trabalhadores e o povo e a juventude, garantiu Paulo Raimundo, «não lhes vão dar essa possibilidade».
Depois de se referir à inauguração, na véspera, do Museu Nacional Resistência e Liberdade (ver páginas centrais), o dirigente comunista sublinhou que ali, naquele almoço, estavam os que «amam a liberdade, que amam a democracia, que deram a sua vida pela liberdade e pela democracia», os que «conhecem os cantos de Angra do Heroísmo, do Tarrafal, de Peniche, do Aljube, da PIDE no Porto, de todas e cada uma das prisões fascistas». E acrescentou: «não nos venham dar lições de liberdade, de luta pela liberdade.»
Libertar Portugal das imposições
Já o primeiro candidato da CDU às eleições para o Parlamento Europeu, João Oliveira, apelou a uma grande mobilização para o voto na coligação PCP-PEV, a força que está sempre ao lado dos trabalhadores e do povo. Por mais que haja quem queira limitar estas eleições e o debate eleitoral a questões externas às vidas de cada um, nelas decide-se também muito do presente e do futuro do País, sublinhou João Oliveira.
Com mais força à CDU, acrescentou, «os trabalhadores, o povo e o País estarão mais defendidos no Parlamento Europeu para garantir a política alternativa, as soluções que correspondem à construção desse futuro melhor e mais justo». Daí que esta batalha eleitoral tenha de ser enfrentada a partir «das opções e das políticas que estão por detrás dos problemas que marcam o nosso presente».
Para João Oliveira, se há diferença entre a CDU e as outras forças concorrentes às eleições de 9 de Junho é precisamente a denúncia que a coligação faz da política de direita e das imposições da União Europeia e do euro «como parte importante dos problemas que temos para resolver no País». Aos que recusam a ligação entre os problemas nacionais e as imposições da UE, João Oliveira exemplificou com a troika, os baixos salários e o aumento das taxas de juro.