Retomar o caminho de Abril para concretizar sonhos e direitos

«Abril é a vida justa e a felicidade a que temos direito», afirmou no Parlamento o Secretário-geral do PCP, defendendo que é esse caminho de Abril que é «necessário retomar, pondo fim ao ciclo da política de direita que tem conduzido o País a crescentes desigualdades».

Abril é a Constituição da República na vida de todos e todos os dias

Esse é mesmo o «grande desafio que está colocado aos democratas e patriotas, aos trabalhadores, ao povo, a todos os que cá vivem e trabalham», sustentou Paulo Raimundo, que falava, na manhã de dia 25, na sessão solene com que a Assembleia da República celebrou a Revolução de Abril.

Para o líder comunista trata-se até - e «acima de tudo» - de uma «tarefa da juventude, dos que nasceram e cresceram depois da Revolução, dos filhos da madrugada: a tarefa de tomarem nas suas mãos a concretização desse Abril dos direitos, sonhos e realização».

Da tribuna, realçada pelo vermelho vivo dos cravos, perante altas individualidades do Estado e convidados presentes no hemiciclo e nas galerias, incluindo Capitães de Abril, foi precisamente à «coragem e determinação dos jovens capitães de Abril» que o Secretário-Geral comunista deu ênfase na fase inicial da sua intervenção, destacando em seguida o «longo caminho de luta e resistência», no decurso do qual o PCP «esteve sempre na primeira linha de combate».

Sintetizando o significado profundo e a amplitude das transformações operadas com o 25 de Abril, lembrou que a Revolução «consagrou liberdades concretas e abriu as portas à democracia política, social, económica e cultural; consagrou direitos políticos, sociais, laborais e civilizacionais; redistribuiu a riqueza de forma mais justa; impôs a justiça social; a igualdade; a terra a quem a trabalha; libertou o País do domínio monopolista; construiu o Poder Local e a autonomia regional; consagrou na lei a igualdade entre homens e mulheres; pôs fim à guerra colonial».

«Revolução que optou por uma sociedade ao serviço da maioria em confronto com os interesses de uma minoria», recordou o dirigente comunista, realçando ser essa minoria «que tudo fez e faz para destruir conquistas e recuperar o poder perdido, que tudo fez e faz para falsificar e reescrever a história».

Lutas que são exigências de Abril

E porque a «Revolução foi sonho, realização e construção, foi valores e esperança numa vida melhor que a contra-revolução e a política de direita procuram negar», Paulo Raimundo observou que «Abril não é a maioria dos jovens ganharem menos de mil euros de salário».

Bem pelo contrário, «Abril é a juventude ter condições de viver, trabalhar e fazer a sua vida no seu próprio País». Mas Abril é muito mais, frisou, exemplificando com o direito à saúde (garantido pelo SNS) e à Escola Pública, o direito à habitação, à cultura e à defesa da natureza e do ambiente, ao desenvolvimento científico e tecnológico e a pôr o País a produzir, a rejeição de discriminações, do racismo e da xenofobia, o combate à promiscuidade entre o poder económico e o poder político, a paz, cooperação e solidariedade, a Constituição da República e todos os direitos nela consagrados «na vida de todos e todos os dias».

E por isso o Secretário-Geral comunista não esqueceu as lutas que marcam o quotidiano dos trabalhadores «por melhores salários, carreiras e respeito», das mulheres pelos seus direitos, dos jovens por «condições para viver no seu país», dos reformados «por uma vida digna», as lutas de quem «ambiciona ter casa», dos pais que «querem ter tempo para os seus filhos», pelos direitos das crianças, dos imigrantes por «direitos políticos e sociais».

«Lutas que são também exigências desse Abril que, como afirmava Álvaro Cunhal, “não é um mero acontecimento passado que lembremos, mas um grande feito histórico que mantém marcas profundas na vida presente e contém experiências e valores indispensáveis para o futuro de Portugal”», afirmou Paulo Raimundo.

E citando versos da música Canção sem Final, de A Garota Não – «Podem decretar o fim da arte/É como decretar o fim da chuva» - , Paulo Raimundo, sublinhou, a finalizar, que «podem decretar o fim de Abril que isso é como decretar o fim da Esperança e é essa Esperança nesse Abril que é preciso retomar, tal como a música: uma canção sem final, uma canção que se toca e canta, afinada em diferentes formas, tons e por esse povo que é quem mais ordena».

 



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