Greve em unidade na Cimpor começou com excelente adesão
Desde anteontem, dia 16, até à manhã de amanhã, dia 19, os trabalhadores da Cimpor Indústria estão em greve, apoiando as posições dos sindicatos da CGTP-IN na revisão anual do Acordo de Empresa.
Uma empresa com os lucros em alta não pode ter salários em baixa
Junto à fábrica da cimenteira, em Alhandra, onde os fornos foram parados, o Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, destacou na terça-feira, de manhã, a «grande unidade dos trabalhadores, em luta por melhores condições de vida e contra a atitude prepotente da administração, que declarou encerradas as negociações».
Com os trabalhadores ali concentrados, nas primeiras horas da greve, esteve também Fátima Messias, da Comissão Executiva da CGTP-IN e coordenadora da FEVICCOM, a federação a que pertencem os sindicatos da Construção, Cimentos, Cerâmica e Vidro, com forte implantação nas fábricas da Cimpor. Aos jornalistas, assinalou que a greve começou com «uma excelente adesão dos trabalhadores da Cimpor e uma grande solidariedade de diversos trabalhadores de empresas subcontratadas».
Nesta fábrica esteve também uma delegação da Comissão Concelhia de Vila Franca de Xira do PCP, prestando solidariedade à luta.
No segundo dia, a luta voltou a ter grandes níveis de adesão, mantendo a paralisação de sectores de produção e expedições, enquanto «a administração continua a não responder aos trabalhadores», como informou a federação ontem de manhã.
Nas manhãs dos dias de greve, realizam-se concentrações de trabalhadores no exterior das fábricas, em Alhandra (Vila Franca de Xira), na Maia, em Souselas (Coimbra) e Loulé.
Lusa
Nestes mesmos dias, estão igualmente em greve os trabalhadores da Ciarga Argamassas. Hoje, dia 18, paralisam ainda os trabalhadores da Cimpor Serviços e da Sacopor.
A administração – acusou a FEVICCOM – «fugiu à negociação e decidiu avançar unilateralmente com uma actualização de 4,5 por cento, nos salários e outras matérias pecuniárias», um valor que «fica muito aquém das reivindicações». Persiste ainda na recusa de negociação da redução do horário semanal de trabalho, de melhorias nas carreiras profissionais e da aplicação do apoio na saúde a todos os trabalhadores, reformados e familiares (foi cortado em Outubro a pensionistas e reformados).
A federação salienta que a Cimpor foi adquirida recentemente pela multinacional Taiwan Cement Corporation, o terceiro maior grupo cimenteiro mundial, pelo que tem «condições económicas e financeiras bastantes para responder positivamente às propostas dos trabalhadores».
A greve – forma de luta a que os trabalhadores da Cimpor não recorriam há duas décadas – foi decidida em plenários, nos primeiros dias de Março. Os pré-avisos foram formalizados no início de Abril, depois de uma reunião de negociação em que a posição patronal se ficou por 4,1 por cento de actualização salarial. «Uma empresa com os lucros em alta não pode ter salários em baixa», como a FEVICCOM então protestou, num comunicado em que expôs as reivindicações, para valorização dos salários e direitos, lembrando ainda questões pendentes do processo negocial do ano passado.
Trabalhadores, federação e sindicatos exigem uma actualização salarial de oito por cento, com um mínimo de 200 euros, e o prosseguimento da redução do período normal de trabalho, para 37 horas semanais, a partir de 1 de Janeiro de 2025, entre outras matérias.
Na Ciarga, é reclamada também «igualdade de tratamento» relativamente às condições que vigoram na empresa-mãe, quanto a salários, subsídios de turno e de transporte e pagamento de 15.º mês.
Na Sacopor, em Alenquer (empresa do Grupo Cimpor que produz sacos de papel para cimento e argamassas), a greve de hoje é igualmente pela valorização dos salários e direitos e contra «um tratamento desigual e mais desfavorável ao nível dos salários, diuturnidades e direitos, em geral», como explicou o SITE CSRA, sindicato da FIEQUIMETAL/CGTP-IN que abrange o sector do papel de embalagem.