O futuro não acontece, constrói-se e conquista-se

Gonçalo Oliveira (Membro da Comissão Política)

Há que tomar a iniciativa, responder às novas exigências e reforçar o Partido

As adversidades enfrentadas pelos trabalhadores, a degradação de serviços públicos e das funções sociais do Estado, o agravamento da situação económica, o acumular de desigualdades e injustiças levam a que dois milhões de portugueses estejam em risco de pobreza ou exclusão social… É este o resultado das escolhas e política de direita.

Um exemplo marcante dessa realidade está no contínuo aumento do custo de vida, que ocorre em paralelo com os lucros exorbitantes do sector bancário e dos grandes grupos económicos, tais como a Galp, a EDP, a Jerónimo Martins, entre outros.

A forma como esse facto tem sido sistematicamente subestimado pela comunicação social revela o viés editorial das notícias. A falta de medidas para mudar a situação, por parte do PS e dos restantes partidos da política de direita, mostra a natureza da agenda neoliberal. Já quanto aos abundantes comentários e artigos de opinião que tentam normalizar o assunto, dizendo, em suma, que lucros «não são pecado», esses comprovam a dimensão da contradição existente e do esforço necessário para a tentar enquadrar, num clima de opinião pública, que permita à política de direita prosseguir impunemente o saque.

A realidade, no entanto, não muda. A vida dos portugueses está a ser afectada por um sistema organizado, na sua base, em torno da exploração dos trabalhadores e é dessa desigualdade que emana a corrupção, as privatizações, o tráfico, as guerras e o imperialismo.

É por isso que aumentar salários e pensões, defender serviços públicos, mas também enfrentar os interesses dos grupos económicos e multinacionais, é a prioridade do momento. Só assim se poderá romper com a política que tem fomentado a acumulação da riqueza nas mãos de alguns, à custa da vida sofrida de muitos.

Com a coragem de sempre
Num momento em que a população portuguesa está, mais uma vez, confrontada com um desenvolvimento negativo para a vida do País, em resultado das últimas eleições, e é bombardeada por uma cacofonia de discursos fatalistas e/ou oportunistas, os trabalhadores e o povo podem contar com o PCP, com a coragem de sempre.

É neste contexto que devemos encarar as comemorações do 103.º aniversário do PCP e as reuniões e plenários em torno das conclusões da última reunião do Comité Central. Há que aprofundar a análise da situação política, ao mesmo tempo que se potencia a iniciativa, a luta e reforço das organizações do Partido. Os comícios do passado fim-de-semana (em Lisboa e na Baixa da Banheira) revelam haver no colectivo partidário determinação e capacidade de resposta bastantes para alcançar tal objectivo.

Há que continuar o trabalho de proximidade que caracterizou a mais recente batalha eleitoral, valorizar o empenho dos militantes e amigos do Partido e tomar as medidas necessárias para superar insuficiências.

Há que tomar a iniciativa, responder às novas exigências e reforçar o Partido, ligando-o à vida e indo aí ir buscar mais força, tal como afirmámos na última Conferência Nacional. E tal como dissemos há dois anos, no encerramento do comício no Campo Pequeno, não abdicaremos da luta por uma sociedade mais justa: «Sim, seguiremos em frente, porque este colectivo partidário sabe como ninguém que o futuro não acontece, constrói-se e conquista-se!»

 



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