Com a coragem de sempre

Vasco Cardoso

Desenganem-se os que julgaram que, passadas as eleições, baixaria o tom do ataque ao Partido, a sucessão de comentários, artigos e reportagens construídas com o único objectivo de atingir o PCP. Pelo contrário, os mais de 200 mil votos e os quatro deputados eleitos pela CDU, e sobretudo a sua capacidade de resistência face aos objectivos do capital, foram e são razão bastante para que essa operação continue.

Uma operação onde não se pode separar a descarada promoção e branqueamento das forças reaccionárias e a obtenção de uma relação de forças institucional ainda mais favorável aos interesses do grande capital, do objectivo de enfraquecer e, se possível, liquidar a força que mais consequentemente o combate. Desses três objectivos, o grande capital não conseguiu o último. E é isso que lhes dói!

Os resultados alcançados pela CDU tornam mais difícil a nossa luta. Dito de outra forma, tornam mais difícil a luta contra as injustiças, pelo aumento dos salários e das pensões, pelo direito à saúde, à habitação, por um País soberano e desenvolvido. Mas, ao mesmo tempo, perante os perigos que se colocam no horizonte, esta capacidade de resistência de uma força comprometida com os valores de Abril, que combate o capitalismo, que se afirma inequivocamente ao lado dos trabalhadores, pela ruptura com a política de direita, pela soberania e a paz, tem um valor que não pode ser subestimado.

Com a coragem de sempre, o PCP intervirá desde a primeira hora na Assembleia da República no combate à política que a AD, IL e Chega vierem a implementar. Mas sabemos, e eles também sabem, que a nossa intervenção, e sobretudo a luta dos trabalhadores e do povo, não ficará limitada nem ao parlamento, nem às eleições.

Resistir foi e é o primeiro passo para avançar. E avançaremos. Tomando a iniciativa pelos direitos dos trabalhadores, da juventude, das mulheres. Tomando a iniciativa no combate às forças e projectos reaccionários, pela convergência de democratas e patriotas em defesa dos valores de Abril, sem que tal signifique a diluição do nosso projecto, cada vez mais actual e necessário. Com a coragem de sempre, a luta continua.

 



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